quinta-feira, 5 de junho de 2008

Sinal Fechado...

Certas coisas são meio que premonitórias! Claro está que um materialista dizer isso causa uma certa estranheza! Mas a percepção aguçada de algumas pessoas deve ser levada em consideração. Há fatos que nos atormentam, mesmo que aparentemente não tenham nada a ver com nada, os oníricos são um bom exemplo! Um que não esqueço está relacionado a quando tive o acidente vascular cerebral. Algumas semanas antes, tinha sonhado que numa rinha, galos brigavam, trucidavam-se num balé de morte! Cabeças rolavam naquela arena de sangue! Isso, para mim, foi assustador! Ter tido o AVC me fez repensar minha vida a partir de então, tornou-me menos cético para acontecimentos sem uma explicação aparente. Estaria eu fazendo uma digressão, antes mesmo de entrar no assunto?
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Estava vendo TV e comecei a trocar os canais, em um deles, eis que de repente, algumas imagens em preto e branco, dos antigos festivais de música, fizeram-me largar o controle remoto e concentrar a minha atenção. Eram imagens que podem ser consideradas verdadeiras pérolas! O primeiro lugar já fora anunciado e o público, em ovação, não permitia que o vencedor cantasse! Uma multidão em êxtase aplaudia e, ao mesmo tempo, queria cantar junto! Façamos um parêntese. Como estamos vivendo nos "tempos dos homens rápidos", tempos em que o que toca no rádio, e nos aparelhos congêneres, não são mais as músicas! Se alguém que esteja lendo essas linhas, tenha nascido depois que todas as imagens na tv são coloridas, que não teve acesso à tv em preto e branco, é bem provável que não consiga se sensibilizar com o que estou dizendo. TV em preto e branco? Imagens em que o grande cantor e compositor popular, Paulinho da Viola, em uma canção antecipatória, emociona, sem o barulho dos amplificadores, jovens de todas as idades, a música, neste tempo, tocava no rádio e nas pessoas, a canção era Sinal Fechado!
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Dois indivíduos que não se vêem há muito tempo, velhos amigos de infância, cruzam-se num semáforo de uma grande avenida de uma grande cidade. É, qualquer uma dessas que temos hoje em dia, cheias de cimento, ferro e concreto! A princípio se entreolham! Muito tempo se passou desde a última vez em que se viram! Não acreditam no que vêem! Será que é ele mesmo? O tempo passou tão de repente que sequer perceberam! Tantas foram as mudanças que aquele que está do outro lado do vidro pode muito bem não ser quem aparenta ser! Contudo o tempo que dispõem para terem a certeza de quem são, está se esvaindo! Como entabular qualquer assunto se os segundos insistem em seguir seu caminho vertiginoso a caminho da morte?
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- Olá! Como vai?
Eu vou indo. E você, tudo bem?
Tudo bem! Eu vou indo, correndo para pegar meu lugar no futuro... E você?
Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo...Quem sabe?
Quanto tempo!
Pois é, quanto tempo!
Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
Qual, não tem de quê! Eu também ando a cem!
Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por !
Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
Quanto tempo!
Pois é...quanto tempo!
Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das
ruas...
Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa, rapidamente...
Pra semana...
O sinal...
Eu procuro você...
Vai abrir, vai abrir...
Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
Por favor, não esqueça, não esqueça...
Adeus!
Adeus!– Adeus!
Esse "encontro", tão contemporâneo, aconteceu num dia qualquer de 1969...

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