sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Ciência x Religião...

Shakespeare tinha razão: "existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia". Em não sendo assim, como explicar certas coisas que nos acontecem e não conseguimos dizer qual o motivo? Sei que tem sido recorrente falar do acidente vascular cerebral. Isso tem me causado alguns "transtornos"! Tenho uma amiga que basta apenas insinuar que ela corta a conversa, não quer ouvir falar, embora seja enfermeira! Mas como fui eu o "contemplado" com o personagem principal desse drama "shakespeareano", é difícil fugir das lembranças, e elas vêm quase sem querer, poderia até dizer que é um ato falho! A compreensão da questão me diz que por ser materialista, a intensidade com que me reporto ao AVCH tem uma relação direta com algo não resolvido! Vivemos em um mundo dividido em dois "blocos" bem definidos, neste sentido, as explicações ou são científicas ou religiosas! Quando se deseja que as pessoas acreditem naquilo que está sendo dito, basta dizer que é científico e pronto! Por outro lado, quando não se pode ter os instrumento da ciência, a religião entra em cena e explica a partir da sua lógica: "foi Deus quem quis assim". Outras tonalidades ficam obstruídas! São essas as convergências mais comuns nestes anos de século XXI. Quiçá pudéssemos sinalizar para uma "terceira via", colocando os agnósticos no debate, se é que posso fazer essa afirmação, mas da forma como estabelecemos as relações, ficamos meio que neste "beco sem saídas" !
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Tudo isso porque conversava informalmente com um professor e, nem era tema da conversa, inopinadamente, terminamos chegando ao AVCH. Fora assunto de debate em sala, dissera. Na discussão, alguns estudantes argumentaram sobre as possíveis seqüelas e quase sem querer, fui citado, por uma questão muito óbvia: o acidente vascular cerebral hemorrágico não tinha deixado nenhuma seqüela, pelo menos "aparentemente", em mim! O fato é que, por mais que tente, sempre fico meio sem graça quando o assunto é ter passado incólume pelo AVCH, sim, porque as explicações caminham ou para a mais pura racionalidade, e aí a ciência vai explicar as causas e razões de ter sido o "escolhido" e porque consegui sobreviver entre os quinze milhões de casos que a estatística anuncia a cada ano no mundo! Já disse aqui, desses, cinco milhões morrem, outros cinco sofrem danos, às vezes, irreversíveis e o restante escapa ileso! Estar entre os que escaparam, sem seqüela alguma, leva as pessoas a entender como um milagre, aí deixamos de lado os parâmetros científicos e entramos no terreno metafísico!
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Na realidade, houve elementos que permitiram todas as conclusões possíveis! A ciência não conseguiu afirmar com todas as letras a razão da cura, porque algumas coisas não se encaixavam, isso deixou "brechas" para outras interpretações devido à gravidade da situação! Quem me conhece sabe o que penso sobre essas coisas, embora fosse mais convicto antes de ter passado pelo que passei e não serei cínico agora que posso digitar essas linhas, longe do que sofri, e dizer peremptoriamente que fui salvo por isso ou por aquilo, porém tem uma coisa que até hoje não consegui explicar, a ciência explica: ter ficado por seis dias na mais completa escuridão para mim, mas para os outros, não! Soube depois que era um falante, conversava com as pessoas, queria saber o que tinha havido comigo! A realidade nua e crua era que eu estava em "lugar nenhum" e não sabia disso! Nada sentia, nada ouvia. O que explica isso? A ciência diz que como a dor é/era insuportável, há um bloqueio, o cérebro manda um "comando" e "desligamos". Na realidade, o bloqueio é tão grande que não percebemos nem a vida! Essas coisas todas "vividas" alteraram, substancialmente, a minha percepção da morte! Há momentos que me pergunto onde estava a minha consciência naqueles dias e fico tentando entender qual a relação daquilo tudo com a minha existência. Há duas direções para o raciocínio. Neste momento, voltamos à questão do shakespeare, posta lá no início: não é possível encontrar todas as respostas para as perguntas que a vida vai nos formulando, temos que nos contentar com algumas lacunas, embora isso nos provoque uma angústia incomensurável...

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Palavras...

Existem palavras que ficam em nossas cabeças rodando e rodando e rodando e no fundo no fundo, não sabemos bem o porquê, mas elas ficam! Essas aí na tela, são bem representativas do que estou dizendo pela força emblemática para a América Latina, Cuba luta contra um bloqueio, comandado pelos EUA, que dura mais de 45 anos, uma indecência apoiada por muitos países ditos democráticos! Mas apesar de tudo isso a pequena Ilha resiste: Educação? vai bem obrigada! Saúde? Anda "exportando" médicos mundo afora! Não há crianças nos semáforos cubanos. Mas voltemos às palavras. Existem aquelas que são como diamantes, são únicas, além de belas e sonoras, ajustam-se como uma luva ao que representam, enquanto outras não têm nada a ver, quem as criou não estava muito inspirado no dia. Aquele que pensou e deu nome a pano, por exemplo, que é tecido e fazenda ao mesmo tempo, embora seja fazenda de outro tipo, mas não fica só nisso, ainda serve de analogia ao levar o pano para a pele. Não há dúvida, aquele que pensou em PANO, não estava muito inspirado no dia, mas, em contrapartida, temos a palavra mel; fala sinceramente, poderia ser outra? Algo mais doce do que isso, ou então, será que teríamos uma palavra mais sonora para a produtora do mel que abelha? Elas se casam, já pensou a produtora do mel se chamar égua?! E sal? Vem daí o nosso salário, se assim não fosse como poderíamos pagar as contas?! Sapato poderia ser outra coisa, além de calçado? Que outro nome poderia ter? Foi pensando nestas coisas e tendo palavras circulando no juízo que resolvi fazer uma seleção delas, as mais sonoras, as que mais me provocam na língua portuguesa! Agora mesmo lembrei de duas que nós crianças não tínhamos permissão de pronunciar: miséria e desgraça! Ah, essas duas palavrinhas, ainda hoje muito pensam, como os mais velhos pensavam, que atraem coisas ruins pronunciá-las!
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Conversando com Mary Maria, a garota de floripa, sobre a beleza de algumas palavras, às vezes, provocativas, outras vezes "indecentes", e como não estávamos fazendo nada mesmo, resolvemos jogar, seguimos a ordem do abc, que é como se fala do abecedário na minha terra, por isso, começamos do começo, o primeiro, é óbvio, foi o A: de alegria, o fato é que depois das últimas chuvas, o carioca nem quer ouvir falar sobre isso, nem os gringos da Califórnia! A outra foi amabilidade, eis aí uma palavra elegante; chegamos ao B: de balbucio, dita bem lentamente para não mexer no silêncio; bunda é linda, não tem como não olhar quando ela passa chamando atenção; vieram bela que são a lua e as estrelas e brilhante como o pôr do sol de Salvador! Partimos para o C: de criança, acho que encaixa como uma luva na molecada, na gurizada, não poderia ser outra e por estranho que pareça, sempre lembro de Manuela Cássia, mesmo essa criança já tendo quase 24 anos! O que dizer da palavra corsário? Rapaz, remete quase que imediatamente aos piratas, mas não aqueles que todos compramos na esquina! D: de dedos, lembrei da Cássia Eller, cantando aquela canção do Brown "Mapa do meu nada", no disco "com você... meu mundo ficaria completo". Uma delícia! Outra que fala sozinha é: desejo. E: de escola, que é o lugar da aprendizagem, das descobertas! Uma que anuncia que somos de outro lugar: estrangeiro, longe do berço, longe de casa; F: de filha, é muito bom ser pai, dar outro significado ao existir, feliz, é aquele que consegue entender isso e se torna pãe! G: de guerra, que alimenta os senhores das armas, mas tem o gozo, que nos multiplica por milhões, infelizes daqueles que nunca gozaram! Rapidinho, não em relação ao gozo e sim ao H: de hoje, que nos honra por ter pessoas ao nosso lado que são honoráveis, mas também iguais às palavras da próxima letra; I: de imbecil, idiota, que equivalência mais que perfeita, mas além de tudo, eles nos enchem a paciência, não é verdade?! J: de jóia, que não tem nada a ver com jornada, a não ser pela letra inicial! L: da Legião Urbana, "o que tens é só teu"; luz, perfeita, idéia de claridade! No L também temos Luiz Melodia que canta muito! Luminosidade é o que nos oferece as pessoas brilhantes iguais a ele; também gosto de lampejo, que sugere um montão de idéias; M: de mãos, não poderia ser outra, elas falam, acariciam, excitam e com sua palma resolve o "problema" do número! E não é que esquecemos de MÃE! Que injustiça! O que será que Dona Nena vai dizer! N: de nirvana, que além de ser uma banda de rock que acabou no suicídio, também é o lugar onde não sentimos nada! Fechamos com um NÃO bem grande; O: de otário, que é aquele sujeito que pensa que é esperto! Ósculo e orgasmo se abraçam e se fecham no entrelaçar do ritual do amor, mas como esquecer dos olhos, sob eles "vemos" o mundo e o blog, ora; P: de pai, "você foi meu herói, meu bandido", pai tem que está "perto"! Proficiência, que é uma exigência da pós-graduação!; Q: de quero, "tudo, o céu e a terra, quero muito, eu quero é mais" e quociente, que tem um irmão "gêmeo" chamado cociente, que é o número que indica quantas vezes o divisor se contém no dividendo; R: de rato, que é aquele sujeito que primeiro abandona o barco, ao menor sinal de perigo! Tem também rua, lugar onde se mora e também se passa, para ver a namorada! S: de sim, que é advérbio, mas socrático é o adjetivo de sócrates, substantivo que bebeu cicuta! T:de tédio, que me lembra o Poeta Russo e sua canção 'com um T bem grande para você'; temporal, que alaga tudo e leva a casa dos pobres e miseráveis; testículo que é quem garante o tesão, já diziam os eunucos; U: de uva, que deixa a língua toda roxa! Umbigo, que é bom de ver o das meninas; V: de vida, que é um sopro e que teimamos em não aproveitá-lo! Viajante, que diz que conhece o mundo e às vezes, não conhece nem a própria casa; X: de xícara, que quase todo mundo pensa que é com ch! Z: de zoada, que é aquilo que aqueles caras que pensam que cantam fazem e não nos deixam dormir, a partir de quinta-feira, aqui onde moro! Bem, aqui, em tese, chegamos ao fim com os "cantores" desafinados do bairro, mas a garota de floripa lembrou que aquelas três que foram suprimidas, voltaram. Não lembrei nenhuma palavra em português começada por Y ou por W! Afora, é lógico, os nomes de pessoas, aí não vale, mas com K temos kilograma, que pesa tudo que compramos no mercado e afins e a balança quase sempre pesa contra! Faz o seguinte, caso você consiga lembrar as palavras com Y e W que complete a relação, avisa, e caso não concorde com a lista, diga qual é a sua...

sábado, 20 de outubro de 2007

Carta aberta aos camaradas...

Vocês devem lembrar, mas vou repetir, muito mais por uma necessidade da argumentação do que por diletantismo! O ano era 1998 - é, faz quase 10 anos! - quando aportei em Jequié, acreditando que poderia construir um caminho novo, reconheço que ainda cheio de sonhos e querendo ver coisas que não existiam. Havia uma frase que repetia muito em sala de aula e que depois foi muito repetida, com uma certa ironia por todos nós, depois da queda dos sonhos, era: "eu vejo seus olhos brilhando". O que na verdade se queria dizer é que havia uma enorme desejo de aprender e a metáfora traduzia com certa beleza aquilo! Passado o tempo, percebo que vemos, sempre, aquilo que queremos ver! Como essa é uma carta aberta, achei necessário dizer qual era o espírito da época, como me sentia com relação às coisas e fazendo a "mea culpa", que muito do desejo era meu, talvez o ego, a vaidade estivesse à flor da pele! Na verdade, mesmo que estivesse enganado com o brilho dos olhos de vocês, foi possível, naquelas condições, em que o curso não tinha quase nada, que vivíamos muito mais pelo desejo, "juntar" um grupo de pessoas com vontade e que acreditaram no "brilho dos meus olhos". Para se ter uma idéia do sonho, certa feita uma das pessoas, de forma jocosa, perguntou-me: "Mano, qual é o melhor curso de Educação Física do Brasil" e eu, mais que rapidamente, respondi: "o nosso, eu estou aqui"! Como o momento era de "cimento, areia e água", havia uma outra frase que passou a ser uma espécie de aforismo daqueles que estavam próximos: "bem-vindo ao mundo dos que podem transformá-lo"!
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Éramos felizes e não sabíamos! Não tínhamos "responsabilidade" com ninguém, estávamos experimentando, o que na linguagem popular quer dizer: "o que vier é lucro"! Fizemos coisas no interior da Bahia, e naquelas condições, muito interessantes e, o que é mais importante, sem fazer pactos, sem abrir mão daquilo que acreditávamos! Lembro com saudade, sim, tenho saudade daquela ingenuidade boa, quando as nossas conversas varavam a madrugada, fazíamos planos e mais planos. Fizemos um projeto de extensão que a primeira "versão" mostrei com giz na mesa da cantina! Naquela oportunidade, podíamos tudo. A Legião "escreve" certo por linhas tortas e neste momento de recordação me vem à memória, sem nenhuma intenção de rima, "Andrea Doria" e é nela que o Poeta Russo traduz, de forma impecável, aqueles tempos vividos por nós outros como se fizesse parte também do sonho, diz ele: às vezes parecia que, de tanto acreditar em tudo que achávamos tão certo, teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais: faríamos floresta do deserto e diamantes de pedaços de vidro. Mas percebo agora que o teu sorriso vem diferente, quase parecendo te ferir...às vezes parecia que era só improvisar e o mundo então seria um livro aberto, até chegar o dia em que tentamos ter demais, vendendo fácil o que não tinha preço..."
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Bem, quase dez anos depois, olho para trás, meus camaradas, e vejo que o aprendizado talvez só não aconteça com as pedras, mas disso não tenho certeza, o que é uma grande ironia para um materialista convicto, nestes tempos de UESB, fui feliz e infeliz numa velocidade vertiginosa, acreditei em coisas que só as crianças acreditam, não por serem ingênuas, mas por ainda não pensarem na lógica dos adultos, que estão contaminados pela lógica da formação social em que estão imersos, estes já temem perguntar por que?, por que?, por que?, pergunta tão comum entre as crianças! Machuquei, mas também fui machucado, embora isso não queira dizer que o "jogo" está zero a zero ou um a um, as feridas podem ser "eternas", as cicatrizes podem não apagar tudo aquilo que a ferida causou, todas as dores! Disse uma vez a um desses camaradas que "passaram" pela minha história que quando voltasse a confiar nele, poderíamos retomar o caminho sem hipocrisias ou ressentimentos! Já estou cheio desses acordos pequeno-burgueses que são estabelecidos onde a lógica é fingir que está tudo bem para que os outros não digam que nós não conseguimos pactuar com ninguém, ou seja, que brigamos com todo mundo, mas não é pior não brigar e ficar igual a esses casais que não se suportam, todo mundo sabe, mas eles para manter as aparências continuam juntos e muito infelizes? Conheço um bando deles, essas relações acontecem bem perto de nós, ficamos juntos só para manter as aparências, para que as pessoas não digam, embora elas digam, que o nosso casamento fracassou!
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Hoje, militando em um grupo de estudos criado por antigos estudantes, alguns nem tão antigos assim, que resolveram pensar o seu fazer cotidiano, buscar alternativas, construir um coletivo, espere aí, o grupo ainda não disse de forma clara qual é a estratégia, ainda não disse o que pretende efetivamente, mas tem uma coisa que o grupo já definiu e isso parece que todos concordam, é que é o GRUPO quem vai decidir, quem vai produzir seus próprios caminhos! Onde vamos chegar, não faço a menor idéia, mas uma coisa tenho certeza, não vejo mais seus olhos brilhando. Há uma espécie de "dor" contida em cada olhar, que não é possível traduzir por palavras, estamos mais "duros", mais frios. Aprendemos a criticar e muito bem, até os mais "novinhos", mas percebo que continuamos "ressentidos" com as críticas! Quando aquele "grupo" quebrou, não nos perguntamos, ao longo do caminho, em nenhum momento, o que cada uma daquelas pessoas queriam, na realidade, pensava-se que todos queriam a mesma coisa e o que aconteceu todos sabemos. E hoje, o que queremos mesmo? Estamos apontando para a social democracia européia que caiu de podre ou para a ruptura? Vou ali beber mais um copo d'água...

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Medo...

Em tempos de "tropa de elite", em que vemos o apresentador Luciano Huck perder seu rolex e gritar por uma providência do Capitão Nascimento, tenho medo! Tempos em que vemos no jornal da TV traficantes sendo abatidos frente aos nossos olhos, tenho mais medo ainda, estou assustado! Tempos em que o "líder" da maior nação do planeta diz que se deixar o Irã deflagra a 3ª guerra mundial, ah, camaradas, tenho medo ao extremo. Sei que essa conversa pode estar te causando um certo enfado, estou correndo esse risco, mas saiba que é calculado! Parece que perdemos as rédeas das coisas, não estamos mais no controle, se é que o tivemos algum dia, "aceleraram" o tempo e não nos avisaram! Feitos baratas tontas estamos sendo levados a não pensar em nada. Uma onda de dimensões incalculáveis nos atropelou. O trem que nos transporta não nos permite olhar para os lados, não nos deixa admirar as paisagens. Está totalmente desgovernado, neste caso, como vivemos na mais completa tensão, o estresse chegou ao limite máximo, estamos todos doentes!
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No filme A Rosa Púrpura do Cairo, de Woody Allen, o personagem principal sai da tela e ganha a vida! Tropa de Elite é ficção ou estamos vivendo a ficção e não nos disseram? Se o filme é realmente fascista, como disseram alguns críticos, Luciano Huck é o quê? Apenas um bom moço que perdeu um relógio de marca presenteado pela esposa? Vamos sair matando pelas ruas como o faz na ficção o Capitão Nascimento para garantir a segurança da burguesia temerária? Tenho medo que o errado passe a ser o certo, tenho um medo danado que a vida passe a imitar a arte a todo momento, a todo instante! Ver o secretário de segurança pública do Rio de Janeiro falar da operação como se fosse algo "natural" deixa-me em estado de pânico! O que vimos? Um helicóptero atirando nos "marginais" e tudo sendo gravado "ao vivo"! Não, meus camaradas, não era um filme, era uma ação policial numa grande capital brasileira! O piloto abandonou completamente o avião, ou como diriam os baianos: "abriu o gás" e nós não sabemos bem onde o avião vai se chocar, não será nas torres gêmeas, estas Bin Laden já destruiu! Então, é para ficar com medo ou fingir que não é com a gente?
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Todos vimos que a invasão do Iraque começou com insinuações de que havia armas de destruição em massa escondidas, quem falou isso foi o Pinóquio Bush, que até hoje não se confirmaram, mas o que vem sendo feito no país está bem visível aos olhos que querem ver, uma nação totalmente destruída, vilipendiada com uma guerra civil sem precedentes, embora isso não seja dito às claras, os EUA transformaram o Iraque numa praça de guerra, sim eu sei que com Sadam era muito ruim, um ditador sanguinário, claro, mas, digam-me aí, o que melhorou com a entrada dos "aliados"? Não estou dizendo que devemos ressuscitar Sadam! Vemos mortes e mais mortes todos os dias e o cidadão chamado Pinóquio W. Bush buscando outra frente para fazer mais uma guerra para deleite dos vendedores de armas! Tenho um medo danado de ver outra vez esse filme, tenho medo de ver as pessoas torcendo para a invasão do Irã acreditando que vão evitar uma terceira guerra mundial e entrarmos todos na mesma lógica do Luciano Huck, qual seja? Vamos matar esses caras antes que roubem o meu ROLEX...

domingo, 14 de outubro de 2007

"trabalhador" voluntário...

Vivemos imersos em incomensuráveis contrastes. Temos abundância de um lado e ali bem perto a mais dura escassez. Basta um breve passear de olhos sobre o modo de produção que "guia" as nossas vidas e perceberemos que suas contradições só se avolumam! Estamos sob a égide da exploração do trabalho, isso quer dizer que temos que nos "prostituir" para sobreviver, ou seja, temos que vender nossa força de trabalho, logo, nossos corpos, para ganhar o dinheiro nosso de cada dia que nos garantirá a compra das coisas que precisamos e também daquelas que não precisamos! Afinal, neste projeto histórico, para sua continuidade, faz-se necessário o lucro para reprodução do capital, sem isso, é óbvio, a empresa capitalista quebra! Até aqui, nada de novo foi dito, apenas o que todos já sabem! Contudo, o mais assombroso é que sabendo de tudo isso, ainda aparecem alguns sujeitos, cheios de boas intenções, propondo ações voluntárias, trabalho gratuito! Mexem com a sensibilidade dos outros para que trabalhem de graça, usando como argumento a solidariedade, o que convenhamos é de um cinismo sem par! Ora, bolas, dirão alguns, mas que sujeito mais insensível! Por que não podemos ajudar às pessoas em momentos que não estamos fazendo nada? Podemos chamar a essa atitude de Ingenuidade? Ser voluntário não é ser altruísta? Ser assim não seria uma negação do individualismo tão ao gosto do capitalismo? Na verdade, é aí que está o grande engodo que induz as pessoas a trabalhar de graça com o manto do altruísmo, mas que na verdade não passa de exploração muito bem disfarçada!
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Quase sempre, nestas situações, entram em cena as ONG's (organizações não-governamentais) para atrair àqueles que querem ser voluntários, mas não sabem qual é o caminho. Tais organizações "fazem" aquilo que o Estado e suas políticas públicas deveriam fazer, mas não fazem! Elas focam os problemas mais imediatos; ações do tipo: ensinar donas de casa a ganhar um dinheirinho extra bordando para exportação; auxiliando pescadores a construir uma cooperativa, ajudando a molecada a sair das drogas e buscar uma ocupação; preparando futuros craques nas periferias das grandes e pequenas cidades e por aí afora! É um pequeno curativo em uma ferida de grandes dimensões! As ONG's fazem a diferença, são uma alternativa para solucionar problemas dentro das comunidades! Temos um caso muito conhecido, o Jornal O Globo deu destaque para o fato, o de Bruna, 20 anos, carioca. Ela criou uma ONG em numa comunidade do Rio, para ajudar às pessoas a aprender alguns ofícios, mostrando que as possibilidade existem, basta que as pessoas estejam predispostas a se doarem. A ONG da Bruna não tem um funcionário sequer, todo mundo trabalha de GRAÇA! Todos os "FUNCIONÁRIOS" são voluntários! Tirando a boa vontade e os ganhos para aqueles que conseguem aprender algo e, quiçá, se insiram no mercado de trabalho, é perverso, numa formação social em que a exploração é o sustentáculo, estimular o voluntariado! O voluntário é ingênuo ao pensar que resolve o problema, não passa de um beija-flor numa floresta em chamas! Além de se submeter a uma jornada de trabalho para ganhar, às vezes, apenas para sobreviver, ainda arranja tempo para ser "solidário", para resolver problemas que deveriam ser resolvidos por outras instâncias, afinal é para isso que existem os impostos!
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Em relação ao que está sendo dito, há um portal que recebe cerca de um milhão de acessos por mês (http://www.portaldovoluntario.org.br) cujo objetivo fulcral é atrair pessoas para as ações voluntárias, tendo, inclusive, um grande aliado na sua promoção, o jornalista André Trigueiro, da Globo News. Um verdadeiro apologista do portal e suas contribuições. Ao falar sobre o voluntário, chega as raias da emoção, ele diz: " faça a diferença, ajude ao próximo, use suas horas de folga em projetos voluntários", e conclui, cheio de orgulho: "isso faz um bem danado!" Ser voluntário, trabalhar de graça, sob as condições em que vivemos é mais que alienar, é idiotizar as pessoas! A metáfora mais apropriada talvez fosse: as ovelhas alimentando as raposas. Trabalho sob o modo de produção capitalista é exploração, portanto deve ser remunerado sempre, seja ele qual for! Não existe empresário bonzinho, quando há doações das grandes e pequenas empresas, exemplo disso o tal do criança esperança, deduzem do imposto de renda, fazem boas ações com o dinheiro do Estado! Existe também aquele "voluntário" escolar, o famigerado "amigo da escola", que por "estranha" ironia, também é patrocinado pela mesma organização que emprega o André Trigueiro! Diferente dos outros voluntários que vão fazer o que sabem de graça, o "amigo da escola" exerce funções que na realidade não tem competência: atua no espaço do professor, sendo médico, advogado, ex-atleta, bombeiro, pedreiro, ou seja, o voluntário está no espaço que deveria estar sendo ocupado por outros trabalhadores; com isso, quase sem querer, por desejar ser solidário, retira postos de trabalho, sua ação acaba "sugerindo" que não há necessidade de contratação de pessoal remunerado, exerce a função, como voluntário, de forma satisfatória e, o que é melhor para o "sistema", sem cobrar um centavo sequer por isso...

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Tropa de Elite...

No meu tempo de menino, quando uma coisa estava "bombando", dizíamos que era a "coqueluche" do momento! Nós, brasileiros, somos um povo que costuma rir de si mesmo, rir das suas próprias mazelas! A "coqueluche" do momento é o filme "Tropa de Elite", inspirado no livro Elite da Tropa, do antropólogo Luiz Eduardo Soares e os ex-capitães do BOPE André Batista e Rodrigo Pimentel. Na realidade, com uma popularidade sem precedentes, é o primeiro filme em que a tão odiada pirataria transformou em sucesso, muito antes do seu lançamento! Podemos dizer que já é um fenômeno e, por isso, tem provocado todo tipo de reação, que vai desde a ovação até a desqualificação mais "cinzenta"! Uma psicanalista, do alto da sua sapiência, disse que o filme é uma droga! Marcelo Janot, DJ e crítico de cinema, entende que entorpece e não permite que o espectador reflita, um outro crítico, Ricardo Cota, fala em ambiguidade do discurso. O que se percebe é que devido ao impacto que as imagens vêm causando, cada um de per si saiu, a partir dos seus referenciais, à cata dos seus próprios "fantasmas", tentando mostrar o quanto o filme pode ser, ou é, e isso não vem ao caso agora, fascista pela sua estética, pelo seu discurso, pela sua mensagem e estereótipos. O filme é mesmo uma droga como afirma a psicanalista Dinara Guimarães? Não abre possibilidade para que as pessoas reflitam, por isso mesmo, bestifica e embriaga mostrando uma violência obtusa? Realmente entorpece como nos quer fazer crer o Marcelo Janot ou traz um discurso ambíguo como salienta Ricardo Cota?
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Permitam-me uma pequena digressão, antes de me aventurar a responder a esses "ilustres interlocutores". Mudemos o foco. Vamos passear pelo "surrealismo"! Imaginemos que está em evidência um filme que se passa num país longínquo. O título do filme é: "O senhor do senado". Não posso deixar de dizer que como obra de ficção, há um exagero em alguns fatos, coisa que a obra de arte nos permite! Mas repetimos, tudo não passa da mais pura ficção! O senhor do senado conta a história de um político, nada brilhante, mas muito astucioso que a partir de conchavos consegue chegar à presidência do senado! Com essa tática o malandro chega ao topo da carreira política! Mas esse senador medíocre, não contente com o poder alcançado, resolve fazer o que muitos outros senadores fazem, mas, geralmente, não são descobertos, tem uma relação extra-conjugal e, infelizmente para ele, o caso se torna público "abalando" a república! Nesta película baseada em Salvador Dali, "sugere" a um amigo lobista que pague a pensão de uma filha, resultado do "caso do senador". É claro que o pagamento é feito com o dinheiro da venda de gado do finório político, embora ninguém acredite nisso, nem ele mesmo! Este escândalo, somado aos outros, paraliza quase que por completo o senado. Mas o velho e ladino senador, escapa ileso! Outros escândalos vêm, como usar laranjas para comprar meios de comunicação em seu estado natal, contudo, por seu poder inabalável, um só homem, eu disse, um só homem consegue além de permanecer no cargo, manter toda uma casa legislativa parada! Quando parecia que já tinha acontecido tudo, a musa jornalista do velho cacique, para ganhar uns trocados, mostra a xereca em revista masculina causando o maior frisson entre seus pares, todos queriam ver o que só o presidente viu! Antes de continuar, gostaria de reafirmar que tudo o que foi dito, sobre o filme O senhor do senado, não passa de ficção e está sendo usado apenas para um melhor entendimento do universo ficcional do filme Tropa de Elite!
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Um alto dirigente da força policial da cidade do Rio de Janeiro disse, em cadeia nacional, que é comum a extorsão na atividade policial! Neste caso, já não estamos falando de ficção, essa é a dura realidade, a instituição militar, minada por suas próprias contradições, esfacelou-se, apodreceu por dentro. Policiais mal pagos, risco de vida contínuo e cotidiano e perspectivas de mudanças igual a zero, fazem dos policiais presa fácil para todo tipo de falcatrua! A Corregedoria da Polícia Militar do Rio realizou operação e prendeu 47 policiais acusados de envolvimento com o tráfico de drogas, formação de quadrilha e de corrupção. Não, meus amigos, não estamos falando de ficção, essa é a mais dura realidade! O filme Tropa de Elite navega neste universo, mas o mais espantoso é que se aproxima demasiadamente daquela máxima que diz: a vida imita a arte! Retomemos a conversa com os nossos "ilustres interlocutores"! Percebemos que seus argumentos estão carregados de preconceitos! Quando dizem que o espectador não consegue refletir devido à lógica do filme, se consideram acima da média já que eles, sim, são capazes de perceber todas as nuances que os pobres mortais do lado de cá, não! Pretensiosos, poderíamos chamá-los, por acreditarem que só eles são capazes de decodificar os signos e metáforas que o filme apresenta, enquanto a grande maioria serão bestificados pela violência obtusa! Segundo suas palavras, o cidadão comum pode ser levado a achar que todo universitário de classe média-alta é maconheiro e que faz trabalho comunitário única e exclusivamente para se associar ao tráfico! Teria uma obra de ficção tamanha força sobre as consciências? Quem já esqueceu quem incorpora aqueles personagens violentos no final de Laranja Mecânica de Stanley Kubrick? Pois é, a polícia os absorve! Sabemos que grandes parcelas da população não têm acesso às salas de cinemas, elas são caríssimas, e muitos sequer têm "DVD" ou qualquer outro meio que lhes permitam assistir ao filme! Marcelo Janot afirma que "depois de Tropa de Elite, qualquer pessoa do bem que trabalhe em ONGs em favelas passará a ser vista com desconfiança", já a psicanalista Dinara Guimarães sentencia: "Tropa de Elite é uma droga: bestifica e embriaga de uma violência obtusa." Não estariam esses "iluminados" encharcados de uma lógica aristotélica?
Tropa de Elite mostra com tintas fortes o colapso de uma instituição chamada polícia, que tem dentro de suas vísceras uma unidade como o BOPE. Sim, o BOPE é uma unidade fascista, nascido das entranhas da sociedade em que estamos vivendo e que ninguém consegue explicar, estamos todos assombrados! Afirmar que o filme estimula esse sentimento é acreditar que é possível acabar com fenômeno como esse apenas com o desejo, pois usando a lógica formal dos nossos "iluminados", filmes como Tropa de Elite são capazes de fazer as pessoas mudarem de atitude, mudarem suas consciências. Espero, ainda dentro da lógica anunciada por Marcelo Janot, Ricardo Cota e Dinara Guimarães, que o Presidente do senado Renan Calheiros não assista ao filme "O senhor do senado", que apresentamos linhas atrás, pois dessa forma seria contaminado pelo personagem principal e sairia por aí comendo as Monicas Veloso da vida etc. O único fato lamentável é que muito provavelmente Tropa de Elite vire série Global sublimando dessa forma toda a sua virulência, todo seu impacto...

terça-feira, 9 de outubro de 2007

40 anos sem o "Che"...

Na sua edição do dia 3 de outubro, Veja, o semanário mais parcial sob o equador, trouxe na sua matéria de capa uma espécie de "revisão" do percurso de Ernesto Guevara Lynch de La Serna. A forma da escrita é muito parecida com a de ninguém menos que Diogo Mainardi, o maior reacionário brasileiro vivo, um ícone da revista! Por "estranho" acaso, um dos jornalistas (sic) que assinam a matéria é um tal de Diogo Schelp. O que se percebe logo no início é que há uma clara tentativa de desqualificar a trajetória de um dos maiores líderes revolucionários da América Latina, sem nenhum pudor ou dado que comprove o que é dito, tudo o que está escrito é na base de que alguém disse, alguém falou, e o mais curioso é que sua fonte de dados, na sua grande maioria, está entre os "dissidentes" que vivem em Miami! Quando a revista saiu, alguém me disse: "olha, já leu o que a revista Veja publicou sobre o Che, parece que o mito caiu". No que retruquei imediatamente, "mas quem acredita em Veja são as pessoas que vêem nela um órgão de informação de credibilidade ou são de direita", e esse alguém me respondeu: "grande parte da população"! É verdade, grande parte dos que lêem a famígera revista acreditam em tudo o que está escrito, o que é uma pena. E ainda dizem por aí que a mídia informa sem partidarizar, será mesmo?!
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O texto da revista é de uma penúria sem igual, faltam elementos para todas as informações, há um claro abandono aos fatos mais simples, desde o período em que o "Che" foi ministro até a sua participação na guerrilha e libertação de Cuba. Há um trecho em que se coloca alguns dos membros da milícia de Fulgêncio Batista como aliados do guerrilheiro! Não, essa não é uma revista que diz a verdade! "Não disparem. Sou o Che. Valho mais vivo do que morto", essa frase é atribuída a Guevara, numa clara insinuação de que o "Che" tremeu frente o perigo de morte. Diz a revista que foi tirada da mesma fonte de outra frase também famosa que é: "Você vai matar um homem". Afirma que a segunda só se firmou por causa da máquina de propaganda marxista!? Nega-lhe a capacidade enquanto dirigente do Banco Central e do Ministério da Indústria em Cuba, insinuando que a culpa do estado em que se encontra a economia cubana, fora causada por administração equivocada e não por conta do bloqueio brutal imposto à ilha pela maioria dos países do mundo, comandados cinicamente pelos EUA!
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Em meio a esse serviço de desinformação do semanário da Abril, há uma notícia alvissareira, a TVE-Rj começou apresentar um documentário a partir do dia 08/10/2007, em 10 capítulos, contando a saga dos "diários de motocicleta" vivida por "Che" Guevara juntamente com Alberto Granado, feita contemporaneamente por dois estudantes latinos americanos, chamado "Os caminhos do Che: um diário de motocicleta". Uma bela e justa homenagem de uma emissora educativa que consegue caminhar na lógica da informação. O documentário esclarece e informa. Não há dúvida que vale à pena ser visto e comparado, se for o caso, com o que traz a abominável revista! Que se aproveita dos 40 anos de morte de "Che" para, de forma indecente, causar impacto e, ao mesmo tempo, nestes tempos de vacas magras, aumentar as vendas da revista. Seria interessante que as pessoas fossem estimuladas a buscar outras fontes, se é que podemos falar em Veja como fonte de alguma coisa. Contudo a nossa crítica também é ideológica, não seremos cínicos a tal ponto, somos, sim, partidários do projeto histórico defendido por Che Guevara, basta olhar ao redor para ver, por isso mesmo, sugerimos a consulta a outras fontes, que outras fontes sejam consultadas e que essas fontes não resvalem na pequinez que a revista apresenta. Não sei porque quando terminei de ler a matéria lembrei de Hugo Chávez e a RCTV, e me fiz a seguinte pergunta: que papel deve representar os meios de comunicação na sociedade? Embora perceba muito claramente que numa sociedade dividida em classes antagônicas como a que vivemos, exigir isenção é o mesmo que pedir para que o Estado seja imparcial, o Estado é da classe dominante, como também são os meios de comunicação, é só ver quem são os donos da redes de jornais e revistas, por tudo isso, não "veja", Viva Che Guevara...

sábado, 6 de outubro de 2007

Coisas de urubu...

Ufa! Depois de longo e tenebroso inverno, conseguimos passar pela tormenta, já temos uma moradia! Estávamos como um náufrago, totalmente à deriva num mar sem fim! Mudar de endereço, procurar casa para morar provoca os maiores contratempos, os maiores desabores! Não esquecerei tão cedo o mês de setembro! O fato é que parecia que nada dava certo. Tivemos os aborrecimentos comuns às mudanças e que nos levam quase ao desespero. É aquele livro que não encontramos ou aquela camisa que não se sabe bem em qual das caixas enfiamos! Só para se ter uma idéia do que aconteceu, tivemos que cancelar dois telefones, já que nenhum deles permitiam acesso à banda larga! É verdade que nos foi sugerido o acesso discado para resolver a situação, mas quem aprende a pilotar uma Ferrari, jamais volta a se acostumar com um Fusca! Há uma canção da Legião Urbana que diz: "quando tudo está perdido, sempre existe uma luz". E olha que esta apareceu da forma mais atenciosa possível, quando pensávamos que nada mais daria certo! Estava pensando o quanto estamos dependentes dos artefatos tecnológicos! Ironicamente, foi o próprio funcionário da Cia Telefónica que apresentou a saída, disse-me ele: "tente se conectar através de uma 'Lan House'!
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O problema foi resolvido, não por um amigo ou conhecido, muito pelo contrário! Quem deu a solução para o inconveniente foi uma estranha. Coisa esquisita essa dependência de afetividade, não? Esse negócio de construir amizades não passa de um sonho egoísta e utópico, estamos todos sós em nossos mundinhos cor de rosa e nos ajudamos quando isso nos é conveniente, inconsciente ou conscientemente. Geralmente quando podemos tirar algum proveito da situação, porque o que queremos, no fundo no fundo, é a gratidão do outro, nada mais que isso; pensar diferente é acreditar nas histórias dos Irmãos Grimm! Estamos todos solitários como galhos em dias de chuva no meio da enxurrada, como estes nos embarramos em outros galhos que vão passando à nossa volta, nada mais que isso! Mas não é ruim que seja assim, muito pelo contrário, Isso é muito bom, assim as decepções ou traições deixam de existir, elas não acontecem! Tenhamos em mente que as pessoas se aproximam de nós quando querem alguma coisa, quando esperam obter algum ganho, algum lucro (que pode ser amor, afeição, respeito ou dinheiro mesmo!) é como se as relações do modo de produção capitalista estivessem no "sangue" de cada um! Quem melhor definiu isso foi o filósofo alemão Nietzsche, disse ele que a vida não tinha sentido algum, fazendo uma analogia grosseira, diríamos que as amizades se resumem a isso, uma coisa sem sentido algum; o negócio é deixar de ser urubu e se transformar em João de Barro: a propriedade privada é o que rege as nossas vidas, todo o resto não passa de hipocrisia...