quarta-feira, 11 de junho de 2008

"A língua é minha pátria"...

Acordei sobressaltado, no meio de uma noite chuvosa, tremendo de frio. Será que tem coisa pior que isso em noite instável? Porém aquele pesadelo foi por demais assustador, embora todos eles sejam! Costumo brincar com aquelas pessoas que, por hábito, hiper valorizam a língua estrangeira. Às vezes, são tão esnobes que acrescentam uma palavra de outra língua a cada três que falam. Em lugar de dizer não tenha medo, falam never fear! "Quem não fala inglês, neste mundo globalizado, está fora", é o que dizem sempre. Coloquei um apelido que acho que cai como uma luva macia numa tarde fria: neocolonizados! Valorizam à exaustão a língua dos outros em detrimento da sua!
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Se existe uma pessoa que sofreu com isso, ela tem nome, chama-se Luís Inácio Lula da Silva. Muitos se perguntavam, de forma preconceituosa, como poderia um presidente da república, além de não dominar o vernáculo pátrio, não falar a língua de George Bush, o idioma do mundo? Éramos atrasados e isso era sinônimo de subdesenvolvimento, coisa que só poderia acontecer no Brasil, vociferavam os "intelectuais"! Bonito era ouvir o presidente anterior falando, diziam eles, aquele sim, era um indivíduo culto, falava em pé de igualdade com os outros chefes de Estado. Falava o inglês tal e qual os donos da língua! No sentido de mostrar o quão são importantes, alguns ainda exigem qual deve ser o país do inglês falado! Que seja aquele falado nos EUA e, de preferência, com o sotaque de Chicago! Essa opressão linguística faz com que pessoas espalhadas pelo país, por não dominarem outra língua, quando conseguem dominar a sua, sintam-se a mosca do cocô do cavalo do bandido! São tão incompetentes que sequer conseguem se expressar no seu próprio vernáculo!
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Não tenho certeza, mas talvez tenha sido essa a razão do meu pesadelo/sonho! Ainda bem que o sono não se prolongou. No Pesadelo/Sonho, via na televisão um jovem dirigindo um automóvel por belas paisagens e estradas tão perfeitas que pareciam surreais. Além de tudo isso, havia outro elemento nessa visão idílica que era o fundo musical! Uma cantora, em inglês, embalava o motorista no seu prazer de dirigir! Lembro que troquei de canal diversas vezes e em todos a cena se repetia. Mudava a marca do automóvel, o valor, a cor, mas o fundo musical estava sempre referenciado no mesmo idioma! Foi aí que acordei desse pesadelo/sonho linguístico! Como moro no Brasil, percebi que um país com uma população na casa dos milhões, uma área territorial imensa, não permitiria que sua própria língua fosse relegada a segundo plano e, nessa negação, excluísse a maior parte da população da compreensão do que estava sendo dito em uma concessão pública. Não se pode justificar que por ela não ter dinheiro suficiente para comprar tal "iguaria", a mensagem possa ser incompreensível! Se fosse lá na França, absurdos como esses aconteceriam, mas aqui no Brasil, que dos filhos deste solo és mãe, isso jamais seria permitido, não é?...

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