domingo, 8 de junho de 2008

Invasões "Bárbaras"...

Quando éramos criança, num período em que a escola estava a serviço das forças obscurantistas (quem pensa que há um certo "maquiavelismo" nessa assertiva, basta estudar a obra "A Usaid e a Educação Brasileira" de José Oliveira Arapiraca e tirar suas conclusões), aprendemos que foi um português, de prenome Pedro, que aportou acidentalmente por essas cercanias, com uma dúvida atroz, no que se refere ao nome que teria o novo lugar. De ilha inicial evoluímos para algo maior a que deram o nome de Brasil, segundo dizem, por causa de uma madeira cor de brasa! Mitificações à parte, o fato é que esse "acidente" de percurso, que a história que estudamos nos contou, traz uma série indagações, porque se refletirmos ainda que superficialmente, veremos que esse é um jeito idealizado de nos apresentar o fato histórico! Imagina o investimento feito por uma potência marítima, como era Portugal, tendo uma Escola Náutica avançadíssima para a época, sair singrando mar afora em busca de uma rota alternativa para as ìndias e, além de não chegar, descobrir uma "ilha" no meio do nada! Custa-nos acreditar que tal peripécia tenha sido por obra e graça do acaso! Não é preciso ir muito longe, basta dar uma olhada "sem" compromisso no Tratado de Tordesilhas para verificar como foram delimitadas milimetricamente as distâncias que pertenciam a Portugal e Espanha! Na verdade, essa aventura nada mais era do que uma tomada de posse das terras que cabiam ao latifúndio português, delegadas pelas autoridades da época!
.
A invasão portuguesa(essa sim bárbara) de uma violência assombrosa, assim como todas as invasões, tinha como objetivo ocupar as terras do além mar, como também tornar cristãos os habitantes dos lugares "descobertos", já que não passavam de "bárbaros"! A história nos mostra quem eram os bárbaros! Há um livro que deveria ter sua leitura recomendada nas escolas que nos mostra a face cruel dessas invasões, chama-se: "As veias abertas da América Latina" de Eduardo Galeano. Costumo dizer que para ver isso em profundidade, não há necessidade de ir muito longe, basta dar uma olhada pela janela de nossas casas e contar quantos índios são perceptíveis a olho nu! Os "descobertos" há 508 anos, eram milhões, hoje não passa de alguns milhares, o que prova o quão foi brutal e avassalador o extermínio dos habitantes originais da "Ilha de Santa Cruz"! Se fizermos um trocadilho sórdido, diríamos que a descoberta foi uma verdadeira cruz para os ilhéus da Santa!
.
A grande ironia dessa história é que no primeiro momento ninguém queria vir para cá, todo mundo sabe que fomos "colonizados" inicialmente por degredados, ladrões e prostitutas, no segundo momento, muitos portugueses descobriram que aqui poderiam fazer seu "pé de meia". Este poderia ser o lugar para se fazer fortuna, por isso, vieram aos bandos, em quantidade surpreendente, se levarmos em consideração o que as condições iniciais apontavam! Não foi por acaso que todas as padarias pertenciam aos "portugas". Existe melhor negócio do que aquele em que todo dia há clientes? Sem contar que as condições de Portugal não era das melhores! Eis que outros ventos começaram a soprar e o movimento dos portugueses passou a ser inverso. Chegara o momento da volta. Há uma mudança para melhor na economia portuguesa, suscitando para os brazurcas a descoberta do lugar que poderiam fazer o seu pé de meia, irônico, não? Estamos "invadindo" de todas as formas o país lusitano. Óbvio que isso provoca atritos, haja vista que a ocupação do mercado de trabalho pelo "estrangeiro" cria um desequilíbrio entre os locais, embora muitos dos espaços ocupados não haja interesse por parte dos filhos da terra! Tem brasileiro que de forma cínica se diz luso-brasileiro, uma "identidade" no mínimo forçada! Na realidade, nada mais do que a forma encontrada para garantir presença no país de Camões! Portugal foi um dos principais exploradores das riquezas brasileiras. Sabe-se que grande parte do ouro produzido por aqui, acabou nos cofres lusitanos, sem contar o peso das suas botas e a força das suas armas contra os habitantes primevos!
.
Hoje o técnico da seleção portuguesa é o brasileiro Luíz Felipe Scolari. Nesta função pode "torcer" contra seu país, que não será considerado "traidor". Esses torneios entre seleções "induzem" a disputa entre nações. Tudo não passa de uma grande hipocrisia! Querem nos fazer acreditar que esses jogos não são um negócio como outro qualquer! Observa-se cada vez mais a naturalização de atletas para reforçar outros países. A seleção de Futsal da Espanha é um bom exemplo, grande parte dos seus jogadores era Brasileira! Há até jogador brasileiro jogando pela Polônia! Como sabemos a quantidade é maior do que a necessidade! Curiosos são os debates em torno da questão da naturalização desses atletas. Vejo no futuro uma extinção dessa exigência, bastará o jogador/trabalhador dizer que quer defender essa ou aquela seleção e só! Neste momento, busca-se uma saída alternativa, que vai desde a origem do sujeito até o período em que ele tem residindo no pais, vale-tudo para que determinado jogador possa defender outro país que não seja o seu! No escrete português que está disputando a Eurocopa 2008, 18% dos jogadores são "brasileiros", que não teriam talvez nenhuma chance na seleção "estrangeira" do Brasil, mas que são considerados essenciais para os nossos "descobridores"! Deco e Pepe fazem parte de uma legião de brasileiros que invadem continuamente Portugal na busca de um lugarzinho ao sol, pelo menos essa INVASÃO não dilapida os bens culturais, não rouba as suas riquezas e nem extermina seus habitantes, como fizeram os nossos "irmãos" lusitanos com os índios brasileiros...

Nenhum comentário: