sábado, 31 de março de 2007

Soteropolitano é grego!

Quando na escola a aula era de História não gostava, já que naquele período eram os militares, juntamente com uma tal de USAID (United States Agency for International Development) que diziam o que deveríamos aprender e como, então era decorar nomes, datas, fatos cujo sentido não via ou não entendia, vejo que minha professora sequer entendia, nunca em tempo algum ela falara sobre o golpe, mesmo que en passant, posso, passados tantos anos, estar sendo injusto para com ela, aqueles eram tempos de medo, acho que ela pensava como aquele professor do filme Sociedade dos Poetas Mortos que dizia que o currículo dava conta dos seus objetivos e perguntava: para que meninos entenderem mais que o essencial?

A aula de história era o lugar que eu nunca queria estar! O Brasil fora descoberto, nunca invadido; os índios eram os selvagens, nunca os donos das terras; linear e sem sentido, vivíamos acreditando na História contada pelo vencedor, os índios não foram dizimados pela forma como se deu a colonização, o eufemismo era ridículo, eles não se adaptaram ao trabalho, coisa que os negros se adaptaram e muito bem! Tanto que dos famosos "decorebas", muito pouco ficou, como era de se prever, não sei por que, mas não esqueci da data de fundação de Salvador, nem aquela coisa de que Cabral nos descobriu se firmou, tanto que ainda hoje, é meio risível, não tenho certeza se foi 21 ou 22 de abril a tal descoberta! Porém a data de fundação de Salvador jamais esqueci, 29 de março de 1549, embora não soubesse, a partir do dado solto, qual a sua utilidade na minha aprendizagem!
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Se perguntarmos à maioria da população de Salvador o que quer dizer soteropolitano tenho certeza que não sabe o que quer dizer, o que é um bom exemplo para se perceber o quanto as aulas de História ainda hoje devem ficar no "meio do caminho", por conta do idioma que origina a palavra, se nem sequer há qualquer indicação nos currículos sobre o latim, língua da qual o português se originou, imagina o grego! Pois é, a palavra soteropolitano vem do grego sotérion, que significa salvação, e pólis que significa cidade, logo, usando de um silogismo aristotélico, soteropolitano, seria ao pé da letra, morador da cidade da Salvação!

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No blog Filmes do Chico, seu autor, ao comentar o filme ó paí, ó, afirma que mora em Salvador desde 2003 e que só veio entender a Bahia 8 meses depois; pensei cá comigo, eu cidadão soteropolitano, há mais de 40 anos, não consigo entendê-la e Chico Fireman já conseguiu essa proeza em tão pouco tempo! Sim, porque entender a Bahia não é fácil, nem tampouco Salvador, a cidade mais negra do Brasil e extremamente preconceituosa, isso quer dizer que preto em pleno dia andando ou correndo, tanto faz, um policial negro desconfiará da sua idoneidade! É fácil entender isso? Chico diz mais! Que odiou o axé por toda a adolescência, mas ao ver de perto o carnaval se encantou com aquela manifestação! Rapaz, o carnaval de Salvador é igual todos os anos, nada de novo, nada de original, (para não achar que sou ranzinza, pegue duas fitas de anos diferentes e compare, vai perceber o que estou dizendo) que talvez só mude as cores dos abadás dos blocos, as "músicas" maltratam durante os dias da folia "a última flor do lácio" impiedosamente, sem querer fazer nenhum estudo antropológico, o mais importante é vender abadás que já começa no dia seguinte ao fim da festa, cujo chamariz, quase sempre subreptício, é muito beijo na boca, carnaval é comércio, na verdade, muitos dos seus filhos não brincam, puxam corda! É fácil entender isso?
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Contudo é uma cidade linda! Quem quiser se deslumbrar basta olhar para a Baía de Todos os Santos ali do Campo Grande; entrar no Passeio Público e observar o mar daquele lugar é divino e maravilhoso! Suas ladeiras, muito semelhantes às de Cuba, a Feira de São Joaquim, visitar o subúrbio ferroviário, nadar em Ilha de Maré, comer uma mariscada na Pedra Furada, observar o desenho das ondas no Humaitá, ver o mar à noite no Bairro do Santo Antonio, não tem igual, é a felicidade elevada ao infinito! Essa senhora fez 458 anos no último dia 29 de março, meu desejo natalino é que algum dia ela deixe de ser vilependiada, que seus filhos possam usufruir de suas belezas, das suas riquezas, que possam brincar o carnaval, não como cordeiros, mas como SOTEROPOLITANOS, espero que para isso não tenhamos que falar grego...

quinta-feira, 29 de março de 2007

Um Presente "Arcaico"

Conversava eu com uma querida amiga sobre a beleza, o brilho, na verdade, não encontrava palavras para descrever o impacto que o livro Lavoura Arcaica tinha me causado. É muito lindo! Delicioso! Cheguei a dizer que presente como esse deve ser dado a todas as crianças que estão descobrindo o prazer da leitura, caía no exagero de insinuar que deveria ser obrigatória a leitura! É prosa que se confunde com poesia, não se sabe quando uma termina e começa a outra, cuja substância é puro deleite! Foi, eu disse a ela, um dos melhores presentes que ganhei, e olha que o meu natal ainda não chegou! Já tinha me emocionado com o filme e geralmente tenho certo prurido de ver antes de ler, pois entendo que as imagens interferem de forma muito intensa na minha interpretação, mas aqui no caso, tem sido bom, com isso termino quebrando um mito que deve-se primeiro ler, sei lá, com essa obra ter visto o filme e a leitura do livro ao invés de me provocar um sentimento de "perda" entre um formato e outro, tem acontecido o inverso, tenho me sentido estimulado a ir e vir nos espaços do poema em prosa, "bebendo" gota a gota as lavras que saem das páginas desse livro que emociona a cada linha, a cada verso, a cada página, é muito, mais que isso, é sublime, um dos mais inquietantes romances que li e estou relendo!
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Gosto do livro inteiro, mas como queria, e muito, trazer um fragmento que fosse para inseri-lo aqui, mesmo correndo o risco de blasfemar, optei por um que é dos mais provocativos e mágicos, e com isso compartilhar da emoção provocada...
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"Sudanesa (ou Schuda) era assim: farta; debaixo de uma cobertura de duas águas, de sapé grosso e dourado, ela vivia dentro de um quadro de estacas bem plantadas, uma ao lado da outra, que eu nos primeiros tempos mal ousava espiar através das frinchas; era numa cama bem fenada, cheirosa e fofa, que ela deitava o corpo e descansava a cabeça quando o sol lá fora já estava a pino; tinha um cocho sempre limpo com milho granado de debulho e um capim verde bem apanhado onde eu esfregava a salsa para apurar-lhe o apetite; a primeira vez que vi Sudanesa com meus olhos enfermiços foi num fim de tarde em que eu a trouxe para fora, ali entre os arbustos floridos que circundavam seu quarto agreste de cortesã: eu a conduzi com cuidados de amante extremoso, ela que me seguia dócil pisando sua patas de salto, jogando e gingando o corpo ancho suspenso nas colunas bem delineadas das pernas (...) adolescente tímido, dei os primeiros passos fora do meu recolhimento: saí da minha vadiagem e, sacrílego, me nomeei seu pastor lírico: aprimorei suas formas, dei brilho ao pêlo, dei-lhe colares de flores, enrolei no seu pescoço longos metros de cipó-de-são-caetano, com seus frutos berrantes e pendentes como se fossem sinos; Schuda, paciente, mais generosa, quano uma haste mais túmida, misteriosa e lúbrica, buscava no intercurso o concurso do seu corpo"
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A palavra que posso usar para descrever é: Inefável...!
Ah, não poderia deixar de dizer, Obrigado, Lusimary de Gouvêa,
por me dar um presente tão lindo como suas mãos e seus olhos...
imitando Fernando Sabino, eu também!

terça-feira, 27 de março de 2007

"Ensaio" sobre a tolerância


O dilema dos porcos-espinhos

Numa gélida manhã de inverno, dois porcos-espinhos, morrendo de frio, encolheram-se um bem juntinho do outro, para aquecerem-se mutuamente. Mas logo sentiram que os espinhos de um feriam o outro.

Separaram-se, então, mas, assim, voltaram a sentir frio. Não desistiram: um pouquinho mais pra lá, um pouquinho mais pra cá, e acabaram cuidadosamente por descobrir aquela justa distância que lhes permitiam trocarem um pouco de calor, sem no entanto ferirem-se demasiadamente


Arthur Schopenhauer - Filósofo alemão (1788-1860)


sábado, 24 de março de 2007

Por que "House" me incomoda?


Tenho estado meio que inquieto porque, em determinada hora do dia, eu, que critico tanto a forma como as pessoas se relacionam com os meios de comunicação, com a programação televisiva, que sinalizo como estupifidicante, fico colado no aparelho acompanhando o desenrolar das ações realizadas pelo Dr. Gregory House e sua equipe, logo eu que "detesto" este formato! Na verdade, a descoberta da série foi acidental. Resolvi assistir à entrega do Globo de Ouro, já que gosto muito de cinema, e vi que entre as séries concorrentes, além do House, entre outras, havia aquela indefectível chamada 24 horas; pensei, dificilmente ela perde, já que é assumidamente americana, ou seja, mostra como o americano comum se vê, mas, para minha surpresa, quem ganhou foi justamente a que, isso descobri depois, não segue o padrão! Entretanto o que mais me chamou a atenção foi justamente o que o ganhador, Hugh Laurie, falou, sem afetação ou tentando a já famosa falsa modéstia, disse ele, mais ou menos isso: "eu não esperava!" Fiquei curioso e resolvi que assistiria para saber por que a série fora novamente a vencedora, óbvio que levando em consideração tudo o que rodeia esse tipo de premiação! Na realidade, o que temos na série, em linhas gerais, é o cotidiano de um grande hospital, médicos apresentados como pessoas comuns, com suas carências, defeitos e vícios, a medicina, na ótica de House, sendo apresentada sem a apologia que toma conta dos pais que desejam que seus filhos sejam médicos logo que eles nascem! O que vemos é um médico que, a princípio, não se preocupa com as comichões que assola a tal da ética médica, em alguns momentos chega a ser cruel nos seus diagnósticos, sendo um verdadeiro tirano com sua equipe, trata-a, às vezes, de forma "desrespeitosa", Contudo é uma verdadeira aula o processo de descoberta da doença, quando isso acontece, a prescrição dos medicamentos etc. Tem uma "ferramenta" que chamo de infográfico que mostra por dentro o quadro da anomalia que está acometendo o sujeito. Se eu fosse médico, seria parecido com ele! Por que, então, a série me incomoda tanto se me faz pensar e põe meus neurônios em ação? Na verdade, a razão deve estar situada no meu pré-conceito em relação ao "produto" enlatado americano. Veja bem, não temos nenhuma possibilidade de ver outros formatos feitos em outros lugares, haja vista o monopólio do audiovisual no mundo. Será que não tem algo tão interessante no Irã? Quem viu a Cor do Paraíso deve saber que estou dizendo, ou seja, se o cinema iraniano é capaz, perdoem-me a aleivosia, de fazer algo tão belo, sensível e inteligente, não teríamos um "médico" iraniano na tv? Poderia estar falando de outros lugares também. Todo "mundo" sabe que o melhor filme do ano, os infiltrados, foi "copiado" de um filme (Conflitos Internos) asiático! Então, o meu pré-conceito vai nessa linha, fico incomodado de admitir que eles são capazes de fazer algo interessante na televisão, que intencionalmente ou não, impõe modelos, atitudes, desejos, sem contar que me obriga a rever algumas coisas que tinha como certas, por exemplo, todas as séries americanas são uma porcaria, assim como todas as novelas da globo não devem ser vistas, embora não esteja dizendo que devam! Será que quando me sento às 19:00, impreterivelmente, frente à tv para assistir House, posso dizer que, por ser professor universitário, estou fazendo diferente do que dona Nena, dona de casa, lá no Paraná, faz ao sentar-se para ver sua novela preferida? Estou tentando dizer o quão sou pretensioso ao qualificar de excelente sob a minha ótica, esquecendo-me que ela está eivada de preconceito. Entretanto, uma dúvida atroz me azucrina, estou afirmando tudo isso, uma espécie de "mea culpa", só porque gosto desse "enlatado" americano? Estou refém por causa dessa atitude televisiva atual? Sei que existe muita coisa ruim na televisão e acho que, enquanto uma concessão, um bem público, ela tem por obrigação ir para além do mero entretenimento, da "imbecilização" das pessoas, mas, questiono-me, será isso possível num país de "diversos" idiomas", tão multifacetado como o Brasil?

quarta-feira, 21 de março de 2007

Conversa de Baiano













Uma paulista desembarca em Salvador (Mary, este é para você, viu?) primeira experiência, tadinha! Mas como não queria "pagar mico", estudou quais eram os princípios básicos que trilharia para não ser confundida com o turista típico! Estabeleceu como estratégia que iria para um lugar com grande concentração de baiano e assim perceber mais facilmente o linguajar da terra de Gregório de Matos, dito e feito! Pensou, lá com os botões dela, que talvez o Mercado Modelo fosse o local ideal para a apreensão do "idioma"! Tomou um humilhante, turista que se preza se mistura com os nativos, claro depois de consultar seu "guia" de viagem! Saltou na porta do Elevador Lacerda, seguiu em direção ao mercado. Diversas barracas chamaram-lhe a atenção, mas percebeu logo que ali não conseguiria o que queria, aquilo ali era uma verdadeira Babel, cuja quantidade de "sutaques" superava o mito bíblico, claro que nenhum baiano, já que nós não temos! Começou a pensar e chegou a conclusão, após verificar seu "guia", que onde se encontrava bastava pegar uma condução que poderia aportar na Feira de São Joaquim, foi o que ela fez, compreendeu, de saída, que agora fizera a escolha certa, ali havia um formigueiro, era dia de sexta-feira! Logo na entrada ouviu: "lá na casa da porra", virou-se e recebeu essa: "o cara está embucetado" e mais estas: "sabia que era ele pelo 'desaparta-puta'", "é ninhua", "deixe a segunda para mim". Vixe Maria! Ficou atônita! Contudo deu sorte, pois perto dali, dois sujeitos conversavam, imediatamente ligou o gravador e foi exatamente isso que ela ouviu: *"Certa feita, saí cedinho de casa pra um falapau na casa do meu primo carnal Muriçoca, lá no fim de linha do Pau Miúdo. Tava o maior auê no ponto de ônibus. Gente como a porra, uma renca de menino oferecendo geladinho, um esmolér cheio do pau abusando todo mundo, vendendor de rolete gritando feito a porra e os garotos vendendo menorzinho no quente-frio colorido. De junto de mim, um cabo-verde todo enfatiotado passava a patapata na cabeça, enquanto defronte, a filha da baiana do acarajé, uma menina cheia de pano branco, mastigava um pão donzelo. Eu já tava ficando retado, porque já fazia uma hora de relógio que a zorra do humilhante não passava. Aí a arabaca chegou cheia como quê. tive que entrar a pulso, mas pra tomar uma eu faço qualquer coisa, e na paleta é que não ia". A paulista dos tempos que estava confusa, fizera tudo certo, mas parecia que estava em outro país! "Virado na porra", quirica, traseirar, tampa de binga, tá de boi, sair de casa, rumar, romper o ano, rame-rame, ôxe, mabaça, fique, viu? Nossa! Porém como tudo no final acaba bem...foi salva pois encontrou em uma banca de revista o Nivaldo Lariú e aí comeu com coentro! É, o Brasil é o lugar dos lugares, o único lugar que "falamos" igual é no jornal da tv, que faz da Rosana Jatobá pessoa de lugar nenhum, que porra é essa?



*retirado do Dicionário de Baianês, de Nivaldo Lariú que autografou os exemplares de quem vos falou e da "heroína" dessa história!

quarta-feira, 14 de março de 2007

Tempos Sôfregos



A velocidade das coisas têm nos deixado estupidificados! Sem a inserção de um "chip" em nossas cabeças, não somos capazes de acompanhar a sofreguidão temporal a que estamos imersos, inaptos para a exatidão e rapidez das pequenas calculadoras! Com o perigo de me tornar repetitivo, volto a dizer que o "tempo dos homens rápidos" criou para nós uma grande armadilha. São tantos os estímulos e como não podemos dar conta de tudo, ficamos como um macaco louco pulando de um galho para o outro, na tentativa de estarmos "linkados" com tudo o que nos é oferecido. No que se refere às produções culturais também é verdadeira a recíproca! Neste sentido, algumas delas, como: a música, o teatro, o cinema e tantas outras que gravitam em nossas vidas podem/poderiam ter um papel importante na superação dessa armadilha ou é só reafirmar o que todos já sabemos? Um grande jornal durante a semana vende cerca de 200 mil exemplares ao dia! É muito "papel"! No final de semana esse número pode chegar a 500 mil exemplares! Quem são esses milhões de leitores que "consomem" essa mídia? O que buscam com essa leitura? No tempo da velocidade, muitas coisas nos são oferecidas com o intuito de aplacar o vazio que nos consome cotidianamente. Para onde ir? Quem está no jornal, no cinema, na literatura, no teatro, nas artes plásticas deve pensar essas manifestações a partir de quê? No final deve prevalecer a busca por uma estética de superação ou fazer o comezinho, o óbvio, o fácil de ser consumido, para que possa ser compreendido? Devemos buscar um sentido para o que fazemos ou devemos seguir a rotina dos dias? Caímos indissoluvelmente numa tautologia ou pode-se esperar que alguém se arrisque e algo novo e sofisticado apareça? A questão é: vale à pena arriscar? O exemplo serve para qualquer manifestação cultural. Encontra-se um modelo e repete, repete ad nauseam, neste mundo, onde já se disse, que "toda revolução estética é verba", sem dinheiro não há como experimentar e consequentemente sair do lugar comum!, "os precursores 'dançam'!"Você tem que diminuir sua expectativa enquanto criador em relação a quem você se dirige, isso levando em consideração que existe o objetivo de agradar a um número imenso pessoas! É triste ouvir que a busca por algo que ultrapasse o lugar-comum, que seja sofisticado vai perder sempre...

domingo, 11 de março de 2007

Crianças em desenvolvimento...







É muito comum pais serem surpreendidos pela extraordinária capacidade dos seus filhos em resolver problemas, em aprender coisas! Aliás, suas crias geralmente são muito mais inteligentes do que qualquer outra que eles conhecem, os exemplos são os mais variados possíveis. Foi o primeiro a falar no bairro, aprendeu a ler rapidamente, aquela que primeiro aprendeu a montar bicicleta no prédio e por aí vai! Um fato bastante curioso, e comum, acontece quando a criança está no período da lalação, que nada mais é que a emissão de sons cuja significação fica a cargo dos "corujas". Se a criança emite um "pá", que bem pode ser um "bá", o pai, emocionado, traduz como um "papai"!O significado fica a cargo da emoção! Agora, fala a verdade: você não já viu esse filme? Essas reações, na realidade, são inofensivas, elas até que estimulam o desenvolvimento da linguagem da criança. Contudo há um período da vida da criança pequena que tenho particular interesse e que geralmente não é muito bem compreendido pelos pais, estou-me referindo ao egocentrismo infantil. Autores como Vigotski e Piaget têm um entendimento diferente a respeito do egocentrismo, mas concordam que toda criança o vivenciará! Certa feita, conversando com um amigo dentista, percebi que independe da classe social. Contou-me que o filho de quatro anos fazia determinadas coisas e que ele o colocava de "castigo", mas quase imediatamente lá estava ele fazendo de novo, parecia que esquecia o que ele tinha dito, pois voltava a fazer tudo aquilo que ele tinha dito para não fazer! As coisas que falava indicava que o egocentrismo "reinava". Às vezes, nesta fase, ou os pais fazem todas as vontades ou punem com castigos que podem causar seqüelas no futuro. O bom senso tem que prevalecer! O importante é que os "corujas" entendam que é um período passageiro e que a compreensão dos pais e o carinho são essenciais nesta fase do desenvolvimento. Deve-se mostrar aos filhos que eles não são o centro do mundo, porém sem punições ou ameaças, isso ajudará a que no futuro ela não venha a se tornar uma pessoa egoísta, ah, e não esqueça de dizer que os ama todos os dias, hummm, isso faz um bem danado!

quarta-feira, 7 de março de 2007

Os Estados Unidos "invadem" o Brasil!




Em entrevista à rede CNN, no dia 07 de março de 2007, o presidente dos EUA disse que tem uma preocupação com os pobres do mundo e tem interesse na prosperidade dos povos. Fiquei sensibilizado com tal declaração. Sim, porque se os donos dos dólares escolheram os menos favorecidos significa que teremos uma redução, quem sabe o extermínio da pobreza! Está bem, deixemos as ironias de lado, mas não pude resistir. O indivíduo que anda poluindo de forma vergonhosa o planeta, que se recusa a assinar o protocolo de Quioto, o sujeito que até hoje não encontrou as armas químicas no Iraque, embora tenha invadido e lá permanecido até hoje, mesmo depois de sua mentira ter sido desvendada, dizer isso é no mínimo risível! Diplomacia dirão aqueles que defendem outros interesses! Há uma música da Legião Urbana que para mim não tem nada de maniqueísta, o poeta pergunta com todas as letras: "E você de que lado está?" Não se pode fechar os olhos para isso, sob o risco de sermos cúmplices de atos como os cometidos no Iraque, no Afeganistão, em Abu Ghraib, em Guatánamo. OS EUA estão preocupados com o sofrimento dos latinos americanos, que coisa linda! Sei, pode-se dizer que há uma preocupação com o nível de poluição por isso o acordo sobre o etanol, vai acontecer um aumento de divisas, afinal temos um combustível alternativo que nos coloca em destaque aos olhos do mundo! Sabemos, ou fingimos não saber, que esse intercâmbio com o Brasil tem também o objetivo de colocar Hugo Chavez "acuado", já que muito do petróleo consumido pelos estudinenses sai da Venezuela. Por outro lado, não podemos esquecer que a colheita da cana lança gases tóxicos ao meio ambiente. A ampliação da áreas para o seu plantio provoca a destruição da fauna e flora de regiões inteiras. Lembro quando queriam discutir a questão da Amazônia com o argumento que poderíamos destruir a floresta! Como dialogar com alguém que se recusa a assinar um acordo que se propõe a redução da emissão de gases tóxicos na atmosfera? Como acreditar em um país que, mesmo contra a decisão da ONU, invade o Iraque em busca de armas de destruição em massa e não as encontrando continua no país? O que esperar de uma nação que mantém há mais de 40 anos um bloqueio indecente e imoral contra Cuba? O que esperar de um dirigente que fala em solidariedade entre os povos, mas que está construindo um muro na fronteira com o México? Quando aterrissar no Brasil no dia 08 de março teremos entre nós um invasor sanguinário que, como as águias, sempre ataca pelas costas, será que corremos risco de uma invasão? O Iraque foi invadido por causa do Petróleo, e nós seríamos pelo Etanol?

sábado, 3 de março de 2007

Jazz...


A melodia que se irradiava pela casa,(imaginem um concerto tendo John Coltrane e Eric Dolphi "duelando" em Copenhagen?) muito bem acompanhada pelo cheiro de incenso de mirra, mostrava a beleza e a combinação dos sons daquilo que conhecemos como Jazz e como é bom! Fiquei pensando no que foi necessário para que algo tão embriagador, doce e belo fosse criado! Não nos esqueçamos que, por estranha ironia, é a diáspora negra que vai possibilitar que essa manifestação cultural se constitua. Não estou aqui defendendo que para se criar o belo, o sublime é necessário verter "rios" de sangue,mas é a dor e o sofrimento ocasionados pelo arrancar de muitos da sua terra natal que vai-nos possiblitar a estruturação do Jazz e acredito que não é possível ouvir sem que pelo menos se gire a cabeça tentando descobrir de que lugar estão "brotando" aquelas notas ou aquela voz! Neste sentido, a arte da improvisação, criada em Nova Orleans e que se espalhou pelo mundo, é uma prova de que somos capazes de fazer perólas tendo apenas pedra, mas também, e unicamente, tornar humanos, semelhantes nossos, em escravos, que contraditório que somos, não? Mas por que não terminar esse papo falando de "boniteza"? Lizz Wright (en)canta, ouvi-la é perceber do que é capaz a voz humana,a menina mostra porque o "salt" tempera e é preciso estar "dreaming wide aware", experimentem!