sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A teoria na prática é outra?...

Olhar o horizonte e observar, pelo contar das horas, que o "pôr do sol" se aproxima é tão natural e óbvio que nos deixa tranquilos e à vontade, no fundo, no fundo, dizemos convictos das nossas certezas: "tudo está no seu lugar, graças a Deus". Eis como o aparente nos desafia, será que é isso mesmo que vejo ou apenas ilusão? Na realidade, quando consideramos essa "verdade absoluta" como óbvia, estamos vivendo a realidade do século II. Cláudio Ptolomeu, um egípcio que era grego, afirmara que a terra era o centro do universo, a igreja tornou isso um dogma; ora, para ele a terra era estática, enquanto o sol girava ao seu redor, contemplando sua nudez deliciosamente avassaladora, não, isso ele não disse, quem disse fui eu! A cosmovisão de Ptolomeu perdurou por quase 14 séculos, foi Copérnico quem disse não ao geocentrismo, estático era o sol, corroborado por Galileu e, posteriormente, Kepler acrescentou que os planetas não giram em círculos, e sim em elipses. Se convidássemos alguém para ver o "pôr da terra" seriamos tachados de loucos, mas  loucos são vocês que continuam enxergando com os olhos de Ptolomeu!
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Tudo isso para dizer que é preciso mais do que aquilo que os os olhos veem para que possamos enxergar, o simples olhar não nos permite ir além da aparência, claro está que, se a mera aparência fosse suficiente para desvelar a realidade, a ciência não teria nenhuma utilidade. Somos enganados e a grandiosidade do acontecimento, na maior parte das vezes, nos cega, quem há de negar o quão é encantadora aquela tonalidade áurea no cair na da tarde no Porto da Barra, na terra de Jorge Amado? Acho que um evento como esse faz com que as pessoas afirmem que a teoria na prática é outra, mas será isso possível? E a empiria, que papel representa quando se fala em teoria e prática? Realmente teoria e prática estão desassociadas como querem nos fazer crer alguns pesquisadores? Existe mesmo entre elas a conjunção aditiva e?
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Ouvir alguém, que supostamente conhece os meandros da pesquisa, dizer: "a teoria na prática é outra", não deveria, mas me deixa constrangido, justamente porque os discípulos dessa pessoa vão perpetuar essa dicotomia ad nauseam, ad aeternum. Ora, se você que está constantemente tentando sair do terreno das aparências, já dispõe de uma série de ferramentas que põem em xeque as certezas que o olhar quer demonstrar, ao fazer dessa afirmação uma profissão de fé nega tudo aquilo que você produziu. Vejamos. Tenho um filho e estudo a Educação Infantil e, sem levar em consideração tudo que já foi produzido a respeito, digo que a teoria na prática é outra, não só estou desrespeitando aqueles que se debruçaram na constituição desse objeto, mas negando tudo aquilo que eu mesmo produzi, neste caso, inapelavelmente, transito no terreno do senso comum, sim, para que Wallon tivesse nomeado de impulsivo-emocional a primeira parte da vida da criança, que vai de zero a um ano, mais ou menos, ele não se baseou apenas naquilo que os olhos dele viam, foi preciso todo um arcabouço, que é teórico/prático, todo um estudo longitudinal, se isso não ocorrer, se não fiz uma análise rigorosa do fenômeno, sem perder de vista que existo porque penso, então vou terminar afirmando que a teoria na prática é outra; são irmãs siamesas, porque para que uma exista a outra tem que estar presente, senão não estamos falando nem de uma nem de outra, se a teoria na prática é outra, meu estudo, minha tese, o que quer que elabore, não passou pelo rigor exigido para tal, portanto, digno de ser rechaçado por quem quer que seja, aliás, se isso ocorrer, não tenho uma tese, tenho um simulacro, porque a teoria não pode ser outra na prática... 
 

sábado, 10 de outubro de 2015

A culpa das crises do "sistema" é de quem?...

Muitos não sabem, justamente, porque quem poderia lhes ensinar, não tem nenhuma vontade de fazê-lo, para esses é muito mais interessante que aqueles levem "vida de gado", o fato é que entre uma crise e outra, sob o modo de produção em que vivemos, há um ciclo econômico com quatro fases bem demarcadas: a crise, a depressão, a retomada e o auge. Quando a fase em evidência é a crise, "caminhando" para a depressão (ou recessão, que é considerada uma depressão menos destrutiva), somos bombardeados diariamente com explicações de toda a ordem, os arautos tentam nos fazer crer que se fosse seguida determinada fórmula, muito claramente não estaríamos em situação tão grave. O interessante, nestes momentos, é que alguns dos que têm a solução perfeita para a saída da crise já foram até ministros e, quando estiveram frente ao problema, não fizeram nada daquilo que agora estão apregoando, dirão esses sábios enganadores: "mas a situação agora é diferente!" Os oportunistas de plantão aproveitam que o desemprego, a alta dos preços, a inflação estão batendo às portas para sugerir medidas paliativas, que lhes favoreçam, direcionando a opinião pública na caça ao culpado ou culpados! Estamos nessa situação, explicam, por erro do governo na condução da economia! Não dizem, ou fingem não saber, que esse é um fenômeno inerente ao modo de produção capitalista. Assinalam que se fossem tomadas medidas antecipatórias a crise não se materializaria, ou, em última instância, seria muito mais branda, "uma marola"! Em momento como esse, há uma atenção desvairada às estatísticas, onde são comparados tempos e espaços diferentes, na tentativa de justificar certas soluções mirabolantes, porém, é preciso que se diga, "a crise é constitutiva do capitalismo: "não existiu, não existe e não existirá capitalismo sem crise", confirmam José Paulo Netto e Marcelo Braz.
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Já não voto há muito tempo, prefiro pagar multa ao TRE, assim sendo, jamais em tempo algum daria ouvidos às sandices de quaisquer dos políticos que posam de salvadores da pátria, entre eles, Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso e seguidores, na realidade, estamos envolto em uma crise porque escolhemos errado, se eles estivessem à frente do governo, podem ter certeza, é o que dizem os seus discursos, estaríamos navegando em mar de almirante, isso também pode ser dito sobre os "neo" salvadores, incluam aí a senhora Marina Silva e sua "rede"! Sim, todos eles e ela prometem soluções dentro de algo sem solução. Cabe para esses caçadores de culpados a paráfrase do axioma do personagem House, daquela antiga série de TV. Todos mentem quando dizem que, se eleitos fossem, o país estaria assim e não assado, como o faz reiteradamente o ainda "tucano" derrotado por vocês! Falo em "ainda tucano" em função da sua cartada desesperada para ser o candidato do seu partido o PSDB nas eleições presidenciais de 2018, para isso, vem tentando convencer os incautos que todos os problemas do mundo, inclusive, permitam-me a ironia, a insolvência da Grécia, o desemprego na Espanha e em Portugal, a fuga dos imigrantes em direção à Itália, Inglaterra e Alemanha..., tudo é de responsabilidade de Dilma! Caso o tiro saia pela culatra, ou seja, o escolhido do partido seja Geraldo Alckmin ou qualquer outro, é bem provável que esse "salvador da pátria" deixe de ser "tucano" e busque um partido que acredite em sua "popularidade" e força nas urnas, quiçá, o DEM!
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Quando digo que mentem todos, não é sem razão. Observem que não explicam em momento algum os mecanismos que regem esse modo de produção que sobrevive da exploração do trabalho e do lucro. Eles sabem, Marina, Aécio ou qualquer outro que, caso fossem "o gerente do Estado", não seria muito diferente do quadro que temos hoje, suponho que Aécio Neves, se eleito fosse, isso é muito do seu estilo, "jogar para torcida", diria que a crise fora ocasionada pela administração nefasta de Dilma, usaria como exemplo, o "mar de tranquilidade" que Lula navegou depois do governo de FHC! Afirmo que jamais diria a verdade, como todos os políticos fazem. Não explicam as verdadeiras razões, não detalham as questões econômicas para que todos compreendam, por exemplo, o que é mesmo um  ciclo econômico? Como se engendram os mecanismos que sustentam o sistema? Por que as crises são recorrentes? Caso Aécio e seus seguidores conseguissem o impeachment quem assumiria? Ele? E se isso ocorresse, falando em democracia burguesa, poderíamos chamar de golpe? E em sendo golpe, poderíamos ter de volta os militares ao poder? O que querem aqueles que chamo de oportunistas? Verdadeiramente, desejam que a atual administração seja retirada lá do Palácio do Planalto com um plano para assumir o governo ou já estão em campanha para as próximas eleições e quanto mais fumaça conseguirem levantar melhor será para as suas pretensões presidenciais? Desde sua primeira crise em 1825, que esteve restrita à Inglaterra, passando pela de 1929, que foi catastrófica para todos, e a de 2008 que por muito pouco não quebrou o sistema financeiro internacional, até a que estamos vivendo agora, sem contar as "marolinhas", nenhum economista que se respeite ousou afirmar que modo de produção capitalista e crise não são duas faces da mesma moeda, se assim o fizesse estaria mentindo descaradamente, neste caso, não seria mais um economista sério e sim mais um político em campanha...