sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Esperando o futuro...


"Depois da chuva" viver da forma mais intensa cada segundo, valorizar cada momento da minha existência! Há uma questão que de forma recorrente "flutua" na minha cabeça: por que estamos sempre nos preparando para um tempo que só existe nas nossas cabeças, o futuro? Estamos sempre voltados para o amanhã!
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Hoje já encurtamos o tempo e a distância, queremos chegar naquele lugar que não sabemos bem onde; apressados, vivemos o cotidiano com ferramentas à mão que vibram, tocam; vivemos uma vida monitorada! O celular é o companheiro no bolso, na pasta, na blusa, em todos os lugares possíveis, até na "hora" de fazer amor esse senhor clama por atenção! Recentemente em um programa de TV, vi a força que esse aparelhinho tem quando tocou no ar e o entrevistado atendeu...em outro momento, ambos, entrevistado e entrevistador não conseguiam lembrar o nome de um grupo de teatro argentino, de novo ele foi usado no ar para "lembrar"!
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Elaborei a "teoria" do pernilongo, nesta usei a "perspectiva" do inseto para dizer que nada faz além de cumprir a sentença que a natureza lhe impôs, qual seja, sugar o sangue nada mais do que isso, enquanto nós, seres pensantes, nos armamos de penduricalhos e estabelecemos sentido para a vida, que é viver, tal e qual o inseto, sem grande pretensões, contudo cada um de nós, envolvido em seu sonho, vai vivendo para o futuro, vai se preparando para algo que está lá na curva daquela colina...a criança vai aprender a ler, depois vem o vestibular, vai cursar a faculdade, se isso for possível, por fim, diploma-se, quiçá arranjar um bom emprego, ganhar dinheiro, ganhar dinheiro, ganhar dinheiro...acumular! Para que no futuro tenha uma velhice digna, longe, bem longe, das filas do SUS!
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E o hoje como é que fica? Estamos sempre nos preparando para o tempo que está lá na frente. Quando vamos pensar no agora? Saborear as imagens do cotidiano; estamos engolindo o café da manhã, quando paramos para isso; não temos hora para o almoço, engolimos qualquer coisa; o jantar também não é diferente dessa roda viva, não sentimos o gosto das coisas; fazemos amor: acelerado! Neste momento, a "teoria" se materializa, o que temos? O inseto, mesmo escravo do instinto, segue sua sina bebendo gota a gota do nosso sangue, sem a preocupação de guardá-lo para ocasião vindoura, "o futuro", diz o inseto, "já chegou!" Mas nós respondemos: "Não!" No futuro vou estar fazendo aquilo que quero...vivemos nos preparando para um futuro, sempre futuro que desembocará na casa da felicidade suprema! Perdemos o controle, o piloto sumiu e lá na frente, bem lá na frente, o futuro nos acena sorrindo!