quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Feliz Novo Ano...

Bem, não há mais remédio, todos são incisivos em dizer que, ainda que eu não quisesse ouvir, o ANO que era NOVO acabou! Para alguns, como eu, que pena que isso aconteceu, não pude fazer tudo o que deveria, o fato é que ando às voltas com uma tese que não me larga um só instante, às vezes, nem me deixa dormir! Para outros, no entanto, já foi tarde, pois com isso, chegou, enfim, o momento de se livrarem do fardo quente e pesado desses trezentos e sessenta e cinco dias! Para esses, o Velho Ano Novo não vai deixar saudade! Será que o dream is over outra vez?! Eles dizem: não há como deter o trem da vida, SONHOS SEMPRE MORREM para que outros NASÇAM! Como sói acontecer, este é o momento de fazer planos, enviar mensagens, pedir desculpas, juntar os caquinhos, fazer promessas, "perdoar a quem nos tenha ofendido, amém!"
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Saiba que, definitivamente, não há futuro, ou já não se lembra mais que há 365 dias atrás 2010 era o/um futuro? O passado é o já vivido, óbvio, não podemos dizer que não o vimos quando passou vagarosamente; quanto ao futuro, não passa de um desejo que vai sendo consumido dia após dia! Ontem hoje era o futuro, hoje ele está sendo experimentado. Pare de se preparar para aquilo que está por vir, que não passa de desejo, deixe tudo isso de lado e devore, viva intensamente, pois, cada segundo desse futuro-presente, que pode se resumir em um segundo, um minuto, um ano, quem sabe quantos segundos mais? O tempo é inexorável! Há cinco anos MORRI vivendo o FUTURO! Tente não se "tornar menos faminto(a) e curioso(a)", saiba que viver continua valendo à pena, porém se, ao saber de tudo isso, as lágrimas insistirem em rolar por seu rosto, tenha certeza que I am here to dry your eyes, bem-vinda(o) ao FUTURO...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

É para sua Mãe...

Enquanto isso, Eduardo Dusek, em fins do século passado, brincava com o refrão ambíguo de sua canção rock da cachorra*. Naquela oportunidade, assim como hoje, com a intensa humanização dos bichos, "sua mãe", uma cadela de estimação, era a pessoa a ser homenageada! Muitos amigos, "liberais" por natureza, odiavam o refrão e o trocadilho que ele trazia. Era fato que muitos usavam o duplo sentido para sacanear ad aeternum a mãe dos que estavam por perto! Convenhamos que uma cachorra chamada sua mãe, se tivermos o pavio curto, é briga na certa, como acontecia em muitos momentos! Na verdade, Dusek chamava a atenção para a situação privilegiada que os bichos vinham adquirindo em detrimento de muitos humanos que andam por aí! Não é raro ouvir dos donos desses animaizinhos um rosário de coisas que são capazes de fazer, são características e sentimentos tipicamente dos homo sapiens! Quem já não ouviu expressões do tipo: "meu cachorro é muito inteligente, só falta falar, porque sensibilidade e outros atributos não lhe faltam."Veja só, ele está com ciúmes de você"! Isso é muito comum, É NATURAL! O que deixou de ser comum, ou melhor, o que se tornou ousadia na sua mais completa acepção são os humanos, com o intuito de desqualificar a situação de alguém, afirmar que está vivendo como se fora cachorro!  Na realidade, falar que se está levando uma vida de cachorro é uma AFRONTA a nós, diriam uns caninos do alto do seu status de GENTE, o que não deixa de ser a mais pura verdade! Alto lá, repetiria outra cachorra, na escala hierárquica, vocês, os humanos, estão muito abaixo de nós!
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Resolvi não mais brigar com essa tolice! Por que me indignar com o rol de apetrechos que povoam o universo dos bichos? Se no apagar das luzes do século passado isso já era uma realidade, qual a razão de passados tantos anos alguém em sã consciência, pelo menos é o que ele pensa, afirma meu alter ego, ainda fica a blasfemar contra a boa vida dos bichinhos? Oh, insensato coração! O fato é que no meu tempo cachorro era cachorro e era chamado xolinho, não raro, rex ou valente, nada além disso! Hoje têm nomes robustos e distintos: Glória Maria, Ivana, Marley... Contudo pensando em deixar a rabugice de lado, aceitei o presente de natal que um amigo me ofereceu sem saber dessa minha bira com os pobres caninos e caninas! Tal foi a minha surpresa ao abrir aquela caixa marron! Com os olhinhos tentando se acostumar com a claridade, lá estava ela, com o rostinho branco e marron e o focinho preto e úmido, oh, que gracinha! Uma sensação inexplicável se apoderou de mim e logo comecei a me sentir como proprietário de uma cachorra! A sensação não era de toda ruim, na verdade, estava gostando! Eu era dono de um bicho de estimação, enfim! Agora só faltava escolher o nome que daria à bichinha. Pensei em alguns bem maneiros! Nada daqueles de outrora, tipo sapeca ou peluda! Porém, contudo, todavia, enquanto me via refletindo sobre essa grande questão humana, qual nome darei a minha cachorra,  lembrei-me que no período em que não gostava, entre aspas, desses bichos, uma ex-amiga colocou  o nome da cachorra justamente o da minha avó, que, por sinal, também era minha madrinha! Eu não gostava nem um pouco de saber que o prenome de minha avózinha agora acompanhava uma cachorra! Ficava possesso, irascível mesmo, mas ela me dizia que não via nada de mais em chamar a cadela de Antonia! Usando da mesma prerrogativa, resolvi prestar uma homenagem a sua mãe, não, não é a sua querida/o leitor/a, mas a da minha ex-amiga! Atenção, por favor. Minha cara ex-amiga, se em algum momento de sua vida, passar por aqui e vir esta postagem, saiba que  essa foi a maneira que encontrei de homenageá-la, carinhosamente, viu? Xô, Marli, não me morda, sua cadela... 
"Uauuu, Uauuu, Uauuu... Ahhh*...
Uauuu, Uauuu, Uauuu... Uhhh...

Baptuba, uap baptuba
Baptuba, uap baptuba
Baptuba, uau uau uau uau uau

Baptuba, uap baptuba
Baptuba, uap baptuba
Baptuba, uau uau uau uau uau

Troque seu cachorro por uma criança pobre (Baptuba, uap baptuba)
Sem parente, sem carinho, sem ramo, sem cobre (Baptuba, uap baptuba)
Deixe na história de sua vida uma notícia nobre

Troque seu cachorro (uauuu)
Troque seu cachorro (uauuu)
Troque seu cachorro (uauuu)
Troque seu cachorro (uauuu)
Troque seu cachorro por uma criança pobre

Tem muita gente por aí que está querendo levar uma vida de cão
Eu conheço um garotinho que queria ter nascido pastor-alemão
Esse é o rock de despedida pra minha cachorrinha chamada "sua-mãe"

É pra Sua-mãe (é pra Sua-mãe)
É pra Sua-mãe (é pra Sua-mãe)
É pra Sua-mãe (é pra Sua-mãe)
É pra Sua-mãe

Esse é o rock de despedida pra cachorra "Sua-mãe)

Seja mais humano, seja menos canino
Dê güarita pro cachorro, mas também dê pro menino
Se não um dia desse você vai amanhecer latindo, uau, uau, uau

Troque seu cachorro por uma criança pobre (Baptuba, uap baptuba)
Sem parente, sem carinho, sem ramo, sem cobre (Baptuba, uap baptuba)
Deixe na história de sua vida uma notícia nobre

Troque seu cachorro por uma criança pobre (Baptuba, uap baptuba)
Sem parente, sem carinho, sem ramo, sem cobre (Baptuba, uap baptuba)
Deixe na história de sua vida uma notícia nobre

Baptuba, uap baptuba
Baptuba, uap baptuba
Baptuba, uau uau uau uau uau

Baptuba, uap baptuba
Baptuba, uap baptuba
Baptuba, uau uau uau uau uau"...

domingo, 5 de dezembro de 2010

Explicando a porra toda...

Verdade seja dita, nem todos os que lêem as linhas que escrevo são da Bahia ou têm o dicionário de baianês de Nivaldo Lariú à mão, o que não deixa de ser uma pena. Além disso, após receber o pedido de um site sobre educação(scholarships for hispanics), através de e-mail, que reproduzo entre parênteses (Hey can I quote some of the content found in this post if I reference you with a link back to your site?)senti-me na obrigação de "traduzir" a última parte da postagem "Que porra é essa?"(Quer ler?), coisa que faço excepcionalmente, acima de tudo, por causa da sua peculiaridade e pelo simples desejo de que aqueles que não são aqui da terrinha possam "entender" a porra toda!  Achei interessante trazer o texto para cá e ir alinhavando o significado em negrito (os que defendem as cotas nas universidades vão pedir a morte por eu colocar esse NEGRITO aí!). Mãos à obra, então?
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Por causa disso, só nos resta perguntar: que porra é essa - (O que é isso? O que está acontecendo?), seu prefeito? Como pode Vossa Excelência censurar essa idéia legal para porra(muito legal, muito boa) de Tomate? Eta, porra!(puxa vida!) O cara faz uma música da porra(muito legal) e o senhor quer estragar a porra toda?(Tudo) Porra, velho,(espera aí) olhe essa porra aí,(cuidado com isso) Tomate também é pai de família e com a censura da sua música talvez fique fora do circuito e só possa cantar na casa da porra!(longe para cacete - muito longe) O senhor sabe que fazendo isso lá vem a porra!(lá vem confusão). Vai que Tomate e seus fãs resolvem picala a porra(bater, jogar) no senhor e as porra?(etcéteras) Ói, sinha porra(dando bronca em alguém) (senhor prefeito), acabe logo com essa porra,(termine logo com isso) antes que os soteropolitanos da gema digam em alto e bom som, prefeito, vá pra porra!(vá à merda, me deixe)... Bem, se depois de tudo isso, ainda assim não deu para entender, me deixe!...

sábado, 4 de dezembro de 2010

Que porra é essa?...

Está cada vez mais difícil andar pelas passarelas, estações de transbordo e afins na cidade da Bahia, tudo isso por causa do número excessivo de mercadorias, de todos os tipos, à venda sem critério algum. Encontramos de tudo o que se possa imaginar, em muitos momentos, torna-se perigoso transitar nos espaços citados sem o risco de um acidente grave, eu, que por acaso sou um desastrado contumaz, por pouco, saindo da passarela que liga o Iguatemi à rodoviaria, não esbarrei numa "churrasqueira" e seu dono, que sem cerimônia alguma vendia seus "petiscos" em plena estação de transbordo! Na verdade, a forma de a prefeitura de Salvador administrar o espaço dos ambulantes beira ao CAOS, o tal do governo popular é tão populista quanto Getúlio Vargas! Tudo é permitido e os incomodados que se mudem. Somado a tudo isso, tem a sujeira que campeia em todos os lugares, incluindo aí aqueles em que os alimentos são vendidos! É possível fazer uma analogia com o que aconteceu com os donos de barracas nas praias. Houve um tremendo estardalhaço com a retirada, uma desumanidade cuja comoção extrapolou os muros da cidade, o que ninguém comentou é que esses mesmos "trabalhadores" tratavam/tratam o espaço público como se lhes pertencesse, quem nunca ficou "emparedado" entre as cadeiras das barracas e uma minúscula faixa de areia por não desejar consumir nada nesta ou naquela barraca? Preconceituoso, eu? Então, observe se a prefeitura não utiliza dois pesos e duas medidas!
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Quem conhece a Bahia sabe que, por aqui, PORRA é tudo, menos porra! Usamos indiscriminadamente a palavra para tudo ou quase! Acho que sequer percebemos, nas nossas conversações, que essa palavrinha (ou PALAVRÃO?) dependendo das circunstâncias, pode ser substantivo, adjetivo, advérbio, interjeição, vírgula e ponto de exclamação, é só consultar o nosso dicionário de baianês, escrito por Nivaldo Lariú, que está tudo ali! O fato é que desde o dia 26/11/2010, um certo cantor(?) de nome pitoresco (Tomate) espalhou outdoors pela cidade! Que porra é essa, doido? Estamos na Bahia, porra, qualé outdoors? Tudo bem! O maluco, digo, o cantor, espalhou cartazes em pontos estratégicos da cidade conclamando os amantes da sua música a ouvir sua mais nova canção, Eu te amo porra. Por mais estranho e absurdo que possa parecer, ainda que por aqui absurdo tenha precedente, a danada da palavrinha causou estranhamento(?) em alguns doutos moralistas e/ou hipócritas da cidade! Não deu outra, a prefeitura (aquela mesma que permite a venda de alimentos sem nenhuma vigilância a céu aberto) a partir da SUCOM - Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município, censurou os cartazes! Para não perder a grande sacada, os responsáveis cobriram a PORRA do cartaz, (não o cartaz, e sim a palavra) e por fim colocaram reticências onde antes figurava a expressão mais baiana de todas! Por causa disso, só nos resta perguntar: que porra é essa, seu prefeito? Como pode Vossa Excelência censurar essa idéia legal para porra de Tomate? Eta, porra! O cara faz uma música da porra e o senhor quer estragar a porra toda? Porra, velho, olhe essa porra aí, Tomate também é pai de família e com a censura da sua música talvez fique fora do circuito e só possa cantar na casa da porra! O senhor sabe que fazendo isso lá vem a porra! Vai que Tomate e seus fãs resolvem picala a porra no senhor e as porra? Ói, sinha porra (senhor prefeito), acabe logo com essa porra, antes que os soteropolitanos da gema digam em alto e bom som, prefeito, vá pra porra!...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Zeca Baleiro e os "ouvidos moucos"...

Ter frequentado um barzinho que há em Florianópolis, muito interessante por sinal, pode ter sido a causa do meu problema. A casa de dois andares em que o bar funciona, sem recorrer de forma mais incisiva ao concreto e aço, não tem estrutura acústica para o tipo de música que fui "obrigado" a ouvir quando lá estive. Talvez um "voz e violão" caísse como uma luva naquele ambiente, mas tocar rock'n'roll é, sem sombra de dúvida, um atentado aos desavisados tímpanos que "passeiam" por lá! Falando em bom português, o que se pode dizer é que é uma "zoeira", ainda que o repertório seja de primeira qualidade! São muitos decibéis além do fisicamente suportável. O fato é que como esses efeitos são cumulativos, é provável que muitos daqueles que ficam "em cima" das bandas, que por lá vicejam, sejam vítimas de uma diminuição da suas acuidades auditivas progressivamente, mas que só vão perceber quanto estiverem "atravessando" o cabo da boa esperança, oxalá não seja tarde demais!
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Por ironia da história, passado um tempo de minhas "visitas" ao barzinho, comecei a perceber uns "sons" esquisitos no meu ouvido esquerdo. Era como se fosse uma repetição, um eco de tudo o que ouvia, só que meio "embaçado"! A sensação era insuportável quando passava perto de veículos com música "nas alturas"! Como temos por hábito a cultura da automedicação, não me fiz de rogado, comecei a usar Cerumin® achando que uma solução otológica resolveria o problema que já começava a me preocupar. Não resolveu, precisei de um especialista, no caso, só um otorrinolaringologista solucionaria o problema. Não havia dúvidas, o tamanho da especialidade do médico era proporcional ao tamanho do problema. Ele foi taxativo: "o tímpano direito está perfurado!" Repeti assombrado: "Perfurado, como assim? Mas não era o ouvido esquerdo que parecia com problemas?!" É que a sensação é invertida, se o problema fosse no esquerdo, seria no direito que sentiria o incômodo! A causa, ele disse, poderia ser desde a exposição a decibéis superiores à capacidade suportável, até o vício de "todos nós", isto é, coçar o ouvido com todo tipo de apetrecho: palito de fósforos, bocal de caneta! Vai me dizer que você nunca fez isso para resolver aquela conceirinha gostosa?!
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Depois de algumas dores impostas pelo especialista, vi-me completamente curado da minha "surdez" repentina, resolvi, então, testar meus "ouvidos moucos" com uma suave e tranquila noitada de MPB da melhor qualidade! Fui ver o "showzão" de Zeca Baleiro na bela e "calorosa" Curitiba. De saída, percebi que fiz uma escolha infeliz entre a opções oferecidas para assistir ao espetáculo: a pista, não, não foi uma boa escolha. Esqueci que os "gigantes", quando pulam, ficam mais altos ainda, impossibilitando os mais baixos, como eu,  ter uma visão razoável do palco! Porém esse não foi o problema principal, afinal, o mais importante era ouvir o artista, vê-lo podia ser algo secundarizado. Como dizia, não foi esse o grande problema. Para quem não sabe, desde o primeiro disco "Por onde andará Stephen Fry", Zeca Baleiro já sinalizava sua veia roqueira, quem há de esquecer da faixa Heavy Metal do Senhor daquele disco? Pois é, a sabedoria popular já dizia que "quem avisa amigo é."
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Lá estava eu "quente que estava abafando", como diria minha avó, quando ouço os primeiros acordes, para ser mais exato: "três pobres acordes" cuja descendência não apontavam para a MBP que fora procurar!? Como poderia um recém "operado" do ouvido mouco se jogar numa insanidade daquela? E se estourasse o tímpano de novo? Será que os dois suportariam mais de duas horas intensas de rock'n'roll? O som crescia na progressão geométrica do meu receio! Será que meus tímpanos iriam aguentar à exposição roqueira zecabaleiriana? Minha avó sempre dizia: "quem não ouve sossega, ouve coitado"! Se eu disser que o show foi ruim ou qualquer coisa que o valha, estarei sendo leviano. Foi sensacional! Uma noite e tanto! Não tinha sido a primeira vez que fora ver Zeca Baleiro, mas esta foi a primeira vez que percebi que, apesar das diversas fusões que há em sua música, o cara é roqueiro da ponta do pé até os últimos fios de cabelo da cabeça! Naquela noite, já amanhecendo, ao deitar para dormir, não tinha a menor idéia como se encontravam os meus tímpanos, o que percebia eram uns zumbidos  que me atanazavam o juízo acompanhados pela canção profissão de fé que ecoava dentro de minha cabeça: "fiz essa canção só para você, mas para quê? Se você só gosta de MPB e eu SOU PURO ROCK'N'ROLL", não se pode dizer que foi um ato falho, não é?...

sábado, 6 de novembro de 2010

Na Bahia, faz oito dias hoje...

Manuel Bandeira, poeta pernambucano, afirmou, certa feita, que a Bahia era mais bonita que Tarsila do Amaral!  A Bahia é linda e, sem falsa modéstia, dizer isso não deixa de ser redundante, porém como todas as mulheres, indecifrável! Na verdade, eu ia dizer um bicho estranho! No caso da Bahia, bota estranho nisso! Calma, feminista, Rita Lee falou que mulher é bicho esquisito! Pois fique sabendo que esse belo lugar exporta coisas que até os orixás duvidam! Diga-me, aí, quem compraria uma CAMINHÃO TODO FANTASIADO com um bando de gente em cima fazendo um barulho (axé) ensurdecedor? Pois é, demos a isso o nome de Trio Elétrico e conseguimos exportar para tudo quanto é lugar! Além disso, por mais estranho/esquisito que pareça, vai todo mundo atrás, do lado, na frente, pulando que nem pipoca, o que fez com que Caetano Veloso dissesse: "atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu!" Como é baiano e tem cabeça grande, igual a Rui Barbosa, todo mundo acreditou!!
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Faz oito dias, andando, à noite, pela cidade de Salvador, deparo-me com um bicho estranho difícil de SER traduzido, para alguns lugares do país. Não, não posso dizer que aquilo que vi era um bar, ou, quem sabe, um boteco de beira de esquina, mas muito do que é consumido nestes estabelecimentos  havia no "lugar"! O fato é que seguia minha cúmplice de todas as horas, Manuela Cassia, quando esta fez um movimento repentino para a esquerda, o que para mim pareceu desnecessário, afinal, o melhor movimento, o menor caminho, era seguir em frente! Essa pequena falta de atenção quase me fez desabar em cima da "mesa" do...qual é mesmo o nome daquele "negócio"? Vou tentar explicar, se é que isso é possível! Acontece que alguns pontos de ônibus de Salvador viraram espaço comercial. Neste suposto passeio público, misturam-se gente, "churrasco", cerveja, monóxido de carbono, gato, cachorro, papagaio e o que mais vier! Tem lugar para tudo, até para sentar! Higiene? Calma, muita calma nessa hora, saiba que não ouvi ninguém reclamando ou qualquer coisa que o valha! Imagina uma cacetada de pessoas aglomeradas em torno de um grande isopor, fogareiro aceso, cebola cortada, grelha aquecida e enfumaçada, com uns "espetinhos" chiando na chapa quente, gente circulando aos montes, e teremos o quadro perfeito do que vi, naquela sexta-feira, à noite! Pensei cá com os meus botões: "será que estamos preparando mais um novo produto de exportação?" Quem sabe poderíamos batizá-lo de bar do ponto ou ponto do bar? Talvez, um ponto com um bar no meio ou um bar no meio de um ponto? Neste momento, já estou pensando em PATENTEAR a coisa esquisita, caro leitor, o que você acha? Vai que essa porra fica tão famosa quanto o trio elétrico, estou armado, é ou não é? 
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Esse pequeno dilema mostra como as coisas na  Bahia são um tanto quanto estranhas, haja vista que nossa semana tem oito dias. Não, leitor amigo, não estou ou sou maluco! Você, querido leitor de outras plagas, jamais, em tempo algum, ouvirá um baiano dizer, faz uma semana que nos vimos! Receberá pelos peitos a seguinte expressão, quando o tema da conversa for o tempo transcorrido de uma semana: faz oito dias...quando era criança e já aprendera a contar ficava confuso quando na semana seguinte ao invés de ouvir: hoje faz 16 dias, minha mãe dizia, faz quinze dias hoje!? Mas que matemática era aquela? Oito e oito não são dezesseis/Um mais um não são dois? O certo é que está tudo errado, inclusive aquele troço esquisito no meio das pessoas, servindo cerveja e churrasco no meio das fumaças! Por mais que soe estranho, fica difícil, até para quem domina a adição, dizer, sem constragimento, faz sete dias; segundo minha cúmplice de todas as hora, isso na Bahia é EMBLEMÁTICO! Mas nem tudo está errado! Mesmo nossa semana tendo oito dias, não machucamos a última flor do lácio (Bilac, viu?), em nenhum momento, pois sabemos que o verbo fazer, no sentido de tempo transcorrido, é impessoal, portanto, não fazem oito dias, faz oito dias, ainda que sejam apenas sete...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O circo midiático dos mineiros chilenos...


A tal da sociedade do conhecimento "descobriu" que existem pessoas que trabalham em locais insalubres, sem segurança, em condições precárias, que podem terminar encurralados, no fundo de um poço, correndo risco de morte e sendo observados como se fossem animais num zoológico! Como sói acontecer nos espetáculos televisivos, foi montado um verdadeiro "picadeiro" (não me perguntem quem são os palhaços) para a recepção dos mineiros, com direito à presença do presidente do Chile (o dono do circo, travestido de mágico) e a primeira dama (não era a mulher barbada, mas não ficava muito distante). Porém não foi só isso, houve também a presença das mães, esposas e afins, onde beijos e lágrimas eram servidos aos olhos de todas as platéias! Na verdade, tudo bem marcadinho como todo espetáculo deve ser, ou seja, com o tempo necesssário para que os espectadores se emocionassem e as palmas se repetissem ad nauseam! Tudo isso sem perder de vista o momento preciso para a entrada dos comerciais! Nada foi esquecido, até o nome da cápsula de resgate se enquadrava no espetáculo, sim senhor: Fênix II, os mineiros renasceram das cinzas! Trabalhador só vira notícia quando esta está associada à tragédia! A pauta de todos os dias passou a ser os mineiros chilenos presos a 700 metros de profundidade! As grandes corporações midiáticas sabendo dos nossos interesses voyeristas dedicaram horas a fio na transmissão da retirada dos (in)felizes mineiros do fundo do buraco! A audiência deve ter chegado às alturas, não fosse assim os canais de televisão não passariam a madrugada inteira detalhando cada subida da cápsula salvadora!
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Na busca desenfreada pelas lágrimas e a audiência, claro, o que vimos em quantidade cavalar, o dia inteiro, foram cenas patéticas! Não encontro adjetivo que melhor qualifique as imagens exibidas por todas as redes, desde o primeiro mineiro resgatado até o último! Houve até, como estão na moda os religiosos, comparação entre o número de trabalhadores, 33, e a idade de Cristo como razão para a sobrevivência deles! Momentos surreais na vida daqueles  indivíduos que trabalharam sempre em condições miseráveis, mas que, por conta do episódio, foram alçados à condição de celebridades. Suas "biografias" foram repetidas à exaustão, suas emoções foram trazidas à tona, mostrando que aqueles homens, verdadeiros heróis, sobreviveram à maior tragédia de suas vidas! Todos os ingredientes encontrados nos novelões global! Para um show como esse, é necessário um forte merchandising para pagar a conta! E isso foi aparecendo sutilmente, tendo seu ápice quando Franklin Lobos, o 27º a ser alçado à luz, recebeu de sua filha uma bola, o curioso é que ela estava vestida com um uniforme da mesma marca da bola, e tentou fazer embaixadas, não sendo feliz no seu intento, mas isso não era importante, o importante era que a marca do material esportivo tivesse sua exposição registrada para o mundo inteiro, o que, no fundo, no fundo, e essa é a grande ironia, mostra que neste espetáculo circense, os palhaços (os mineiros) não passavam de meros coadjuvantes! Percebe-se que nesta ópera bufa nada mais eram que suporte para a exposição de mercadoria na TV... 

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

E os "vencedores" são: Tiririca e Marina Silva...

Nem o mais crédulo dos petistas acreditava na possibilidade de Aloizio Mercadante chegar ao segundo turno em São Paulo, como não chegou, mas isso foi por muito pouco e deve ter surpreendido a "todos"! Não tenho dúvida que se não fosse o apoio do "palhaço", essa possibilidade, que quase se confirmou, seria sequer pensada, não nos esqueçamos da força que os tucanos têm em São Paulo, estado que governam há quase 20 anos! Falo isso por conta da onda de hipocrisia que assola o país, depois da vitória de Tiririca à câmara federal! A tal festa da democracia tem os seus paradoxos: analfabeto vota, mas não pode ser votado, ou seja, tem capacidade de escolher, mas não pode ser escolhido!? O grande José Saramago disse certa feita: "O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever" No caso do "palhaço", ainda não se tem a prova de que não saiba ler e/ou escrever. Por outro lado, não vejo a questão de ser ou não alfabetizado  como fundamental para ser político no Brasil e alhures. Com o quadro de parlamentares que tínhamos/temos isso é  algo irrelevante! É bem provável que se fosse feito o mesmo exame, aquele que o MPE (Ministério Público Eleitoral) está pedindo ao "palhaço", com os  outros membros do congresso, muitos seriam reprovados inapelavelmente, ou alguém aí acha que os discursos, petições e afins são elaborados por eles?! Tiririca, um "inocente útil", com seus slogans toscos, descobriu que não existe melhor "emprego" do que ser parlamentar, afinal, só se trabalha duas vezes por semana com um salário para lá de "razoável"! Ademais, ainda alavancou votos não só para Mercadante, PT, como também, haja ironia, para Protógenes Queiroz, PC do B, ex-delegado da polícia federal, Vanderlei Siraque, PT,  e Otoniel Lima, PRB! Senhoras e senhores moralistas de todos os matizes, por que apenas exigir do "palhaço" que prove que sabe ler e escrever e não fazer o mesmo com todos os outros que estão chegando? Que tal a mesma receita para Romário, RJ, Marcos Medrado, BA, Paulinho da Força, SP, Renan Calheiros, AL, Valdemar Costa Neto, SP, Danrley de Deus Goleiro, RS...e tantos outros palhaços menos votados!?
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A outra personagem talvez  seja entre os candidatos que concorreram às últimas eleições, aquela que tem a mais bela história de vida, a que mais impressiona. Quem é professor sabe o que é alguém se alfabetizar aos dezesseis anos, não é fácil! Contudo não é só isso que causa admiração. A trajetória dessa senadora, lá do Acre, é um grande exemplo para qualquer pessoa, alguém que todos poderiam se espelhar pelo caráter ilibado! Em um congresso onde figuras como Sarney, Renan Calheiros, Heráclito Fortes (esse perdeu) dão o tom, ela não deixa de ser um belo contraponto. Sua passagem pelo PT e pelo Ministério do Meio Ambiente foram marcantes. Porém "há algo de podre no reino da Dinamarca"! Todos sabem que Marina Silva só saiu do ministério quase aos 47 minutos do segundo tempo, ou seja, muito da política ambiental do atual governo foi ela quem implementou! A saída do governo se deu por conta da queda de braço que ela terminou perdendo, caso isso não ocorresse, obviamente, ainda estaria por lá. Dizer que Marina Silva foi a grande vencedora das eleições 2010, que será o fiel da balança é não levar em consideração 9.603.594 votos nulos e brancos e mais 24.610.296 abstenções, o que dá um total de 34.213.890, ou seja, uma "votação" superior àquela do candidato Serra, que somou 33.132.283 votos! A mídia não quis manchar o "espetáculo" da democracia e subestimou a decisão dos "eleitores" que não optaram por nenhuma das candidaturas! A mídia alçou Marina Silva à condição de estrela e ela ACREDITOU por causa dos seus 19.636.359 votos! O certo é que tinha certeza que estaria no segundo turno, superestimando que os religiosos fariam a diferença, errou o alvo, mas não perdeu a pose! 17 de outubro será o dia em que a candidata do PV vai decidir quem vai apoiar. Se for coerente não apóia ninguém, já que apareceu como via alternativa. Se apoiar Dilma ou Serra será por puro fisiologismo! Pensar um ministério "diferente" do meio ambiente em qualquer das candidaturas é acreditar ingenuamente que  uma política séria sobre o meio ambiente seja possível sob os auspícios desse modo de produção chamado capitalismo...  

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O assassinato do meu avô...

Existem coisas que marcam indelevelmente e, por alguma razão inexplicável, são muito recorrentes na memória! Na verdade, essa recorrência, geralmente, é desencadeada por determinadas palavras que, quando pronunciadas, tornam as reminiscências  vivas e claras como se o evento estivesse acontecendo naquele exato momento, sob nossos olhos.  O fato é que desde que retornei, fiz uma promessa que, por mais que tentasse, não conseguia cumprir:  ir visitar minhas irmãs e irmão! Acontece que naquele dia dissera a mim mesmo: "de hoje não passa!" Como essa reunião já fora remarcada inúmeras vezes, o constragimento já se instaurara, não havia mais nenhuma desculpa plausível para minha ausência. Portanto, estava definido, aquele era o dia e eu não faltaria ao reencontro, nem que chovesse  canivete aberto
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Para não ir sozinho, e como se tratava de congraçamento famíliar, pensei em juntar o útil ao agradável, ou seja, levaria  a filha comigo, neste caso, ela iria rever os parentes, e eu desfrutaria da sua companhia! Ando meio enfunado ultimamente, isso é verdade! Admito que, de quando em vez, a pachorra se apodera de mim, mas isso é raríssimo! Quando o momento se aproximava, lá pelas 19:00 horas, o telefone tocou. Não preciso dizer que era minha companhia sugerindo adiar o passeio porque estava com um pouco de preguiça (vejam bem que era ela e não eu!), mas era eu quem decidiria se iríamos ou não. Caso concordasse, deixaríamos para a manhã seguinte! Retruquei que já havia remarcado uma porção de vezes, e não ficaria bem na fita com mais essa furada!  Então, disse rapidamente: "eu tenho que ir!" Essa frase depois que desliguei o telefone ficou ribombando em minha cabeça. Repentinamente, lembrei que há alguns anos, minha avó paterna dissera ao meu avô que ele não fosse a determinado lugar, porém, ele que também se chamava Manoel, respondera exatamente com as mesmas palavras.  Depois desse dia, nunca mais voltou! Seu corpo fora encontrado na Ladeira da Conceição, ali, próxima ao Elevador Lacerda. Vejam como são as coisas, passados tantos anos, a coincidência de dizer as mesmas palavras me imobilizou. Ainda tentei usar o AVC como desculpa, ou seja, se conseguira sobreviver a um acidente vascular cerebral, "nada mais vai me ferir!" Porém não houve jeito, "dentro da noite veloz" o medo venceu-me e fiquei apavorado de virar manchete de jornal como acontecera com o outro Manoel...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Título, voto, eleições, coligações e afins...


Em conversa informal, com uma jovem e inefável pedagoga, sobre a importância do titulo de eleitor enquanto documento, chegamos à conclusão que já fora muito mais inútil do que é hoje, afinal, poder-se-ia votar sem ele, ou seja, até para aquilo que ele foi criado, era dispensável! Contudo sua nova característica só miniza sua pouca importância, sim, porque antes, com qualquer documento, a pessoa votava sem a necessidade de mostrá-lo; hoje, só participa da FESTA DA DEMOCRACIA com o TÍTULO; os otimistas dirão: ora viva, agora deram-lhe o valor merecido!? Mas, porém, contudo, todavia, entretanto para que o título seja validado é necessário um outro documento com foto!? O interessante é que ninguém pede o título quando se vai fazer uma compra ou qualquer outra ação, seja ela qual for. Esse sujeito chamado TÍTULO DE ELEITOR só é lembrado nas eleições e nada mais. O fato é que a alteração deu-lhe o status de pessoa de menor idade, isto é, para que possa entrar em certos lugares, participar de determinados eventos, só sob TUTELA! Sarcástico, porém, é o discurso tanto da justiça eleitoral, quanto dos candidatos que se dizem diferentes dos outros, os picaretas, a grande maioria, usando da falácia para dizer que com a arma do voto, muda-se qualquer coisa: sua cidade, seu estado...vejam que pérola o discurso da propaganda oficial"você pode escolher seu destino, o destino que quer conhecer"!? O voto pode tudo isso?  É o discurso falacioso se mostrando descaradamente!
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Acho que eleição, qualquer que seja, sob o modelo que vigora por essas plagas, não passa de uma FARSA bem ensaiada, o que faz com que os INCAUTOS acreditem que DEMOCRACIA existe, é possível e o voto é uma confirmação disso, ainda que olhem para o parlamento e vejam as mesmas figurinhas carimbadas e seus discursos indefectíveis! Lá estão: a família Sarney e apadrinhados, a família Magalhães e apadrinhados, a família Calheiros e apadrinhados, além de outras de menor envergadura. Não resta dúvida que o congresso nacional não passa de um grande FEUDO, espaço declarado de troca de favores com o dinheiro público. É claro que a palavra chave das sessões é, ainda que não dita abertamente, EUFEMISMO! Nunca na História desse país algo esteve tão claro: ser político é um grande negócio, seja qual for o cargo! Há uma expressão latina que se encaixa como uma luva na atividade dos políticos brasileiros de todos os matizes: Otium cum dignitate! Sem contar que a tal da arma do povo, que chamam de voto, é proporcional na escolha de deputados e afins, isso quer dizer que é possível que um candidato, cheio de boas intenções, consiga uma quantidade expressiva de votos e, assim mesmo, não seja eleito; quem há de esquecer que o "grande" Severino Cavalcante, além de deputado, foi presidente da câmara, apesar de ser um político inexpressivo em todos os sentidos?
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Caso curioso em disputas eleitorais são as famigeradas COLIGAÇÕES! Em alguns momentos, para não dizer todos, são de uma INDECÊNCIA ATROZ,  esse ATROZ é redundante, admito! Causa asco como são justificadas essas excrescências pelos candidatos e seus correligionários. "Ninguém governa sozinho",  dizem uns, "é necessário ter maioria para ter seus projetos aprovados", repetem outros, em tradução livre isso quer dizer: vale tudo para se eleger! Parece, à primeira vista, que todos os partidos são iguais, não há IDEOLOGIAS diferentes! Quando me recordo que um dos grandes representantes do PMDB, Jarbas Vasconcelos, afirmou CATEGORICAMENTE que aquele era um partido de corruptos e vejo as coligações em todos os níveis feita com esse partido, sinto-me um tolo por, em algum momento da minha vida, ter acreditado que poderia ser diferente, hoje, percebo muito claramente que o que importa mesmo é ganhar a ELEIÇÃO, e, com isso, permitir que alguns pobres miseráveis consigam comprar um carro novo ou usado, o importante é que o povo está vivendo melhor! Não sei nos outros estados, mas aqui na Bahia os respingos da coligação nacional provocam uma..., não consigo encontrar o substantivo que melhor defina tamanha indecência. Existem dois candidatos a governador que são apoiados pelo presidente. Um fala mal do outro; o que foi ministro afirma que fez mais pelo o estado do que o governador que é "lento" nas decisões e não aproveitou o desenvolvimento que o governo federal proporcionou!? Aqui não foi o partido que realizou, foi o indivíduo! A candidata a presidenta, aqui são os partidos, apóia os dois e "levanta-lhes" os braços rumo à VITÓRIA?! De quem? Do partido? Qual deles? O do presidente e da candidata ou o do ex-ministro? Os partidários e simpatizantes dessa idiossincrasia dirão: "nada disso importa, o que importa, mesmo, é que nunca na história desse país o povo teve acesso a tanto em tão pouco tempo" Isso prova que o capitalismo é, mesmo sobrevivendo às custas da exploração do trabalhador, o nosso horizonte final, não é?...   

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Alumbramento...

Naquela noite, a menina virou-se para mim e disse: "Mano, isso sim é que é plenitude!" O "isso" a que ela se referia nada mais era que a imagem do céu tomado por miríades de estrelas, iluminando a noite de lua nova! Sim, não havia dúvida que aquele "isso", da menina dos olhos cor de avelã, deslumbraria até o mais insensível dos seres! Um verdadeiro encantamento sobre/sob os nossos olhos, era simplesmente lindo o espetáculo que a natureza nos proporcionava: o namoro celeste/estelar entre beijos e abraços libidinosos,  ante nossas vistas, sem pudor algum!
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Nesta noite, passados tantos anos em que a menina se encantara com o namoro do céu com as estrelas, acordei na madrugada e da janela sem cortinas do meu quarto, contemplei o manto recobrindo o firmamento, e, por estranho capricho da natureza, eis que aquele espetáculo reaparece impactando, novamente, minhas pobres retinas cansadas, eram milhões de estrelas a namorar com o céu generoso, deixando meus olhos embriagados diante de tanta beleza, lágrimas teimavam em se mostrar sem que percebesse, chorava como uma criança e ME sentia um privilegiado por estar VIVO e não ter perdido a capacidade de me emocionar... 

sábado, 14 de agosto de 2010

Pizza (não) é cara...

Aquele era o dia do aniversário do pai. Por isso, e nesses tempos tão atribulados, resolvera passar a tarde com o "velho". Infelizmente, o dia inteiro não era possível, surgiram compromissos inadiáveis na pós-graduação! Havia mais um problema: o aniversário dele coincidia sempre com a proximidade do DIA DOS PAIS, ou seja, era muita "festa" para pouco tempo, ou muito presente para pouco dinheiro! Mas faria o possível e o impossível para dar uma alegriazinha ao velho, afinal, pai é pai, não é?! Antes, porém, comprou uns presentinhos que sabia que ele adoraria. Entre os "mimos" recebidos pelo velho havia uma Kombi! É que ele tinha uma relação antiga e "dolorosa" com esse veículo! Sua felicidade aumentou mais ainda quando percebera o brilho nos olhos do pai querido. Acertara na mosca com a escolha das lembranças! O certo é que, embora não tenha sido essa a intenção da menina, já não havia necessidade de comprar outros presentes no dia do papai!? Almoçaram juntos, fizeram compras, rodaram pelos corredores do centro de compras mais "popular" da cidade procurando um sofá, nem me perguntem pois não sei por que queriam um! O fato é que andaram atrás do tal móvel algum tempo, quem sabe não era para "enfeitar" algum espaço? Depois de toda essa correria, ainda encontraram tempo para ir até a Loja do Leão, não só para comprar algum adereço, como também para se solidarizarem com a campanha do tetracampeão do estado para atrair mais sócios para o SOU MAIS VITÓRIA! 
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Na verdade, foi um dia de aniversário muito feliz para o velho pai, já que tinha por perto seu primeiro e único rebento. Para coroar o dia, surgiu a ideia de comprar uma pizza. Nesse momento, ponderar era fundamental, pois a qualidade e gosto das pizzarias circunvizinhas eram duvidosos. Como escolher qual a que fosse digerível? O pai pegou a agenda e sem muito rodeio fez o pedido: "qual o tamanho de pizza para duas pessoas?" A moça do outro lado da linha sugeriu uma média. Ambos, pai e filha, concordaram que o tamanho era o ideal, ainda que em um telefonema posterior tenha dito ao seu comparsa (namorado) que guardaria uma fatia para ele, coisa que "esqueceu" completamente! A voz do outro lado da linha disse em alto e bom som que o valor da pizza mais o refri (que não era essa tubaína toda) seria 50 reais! A filha ao ouvir o preço arregalhou os olhos e arrepiou os cabelos! Cinquenta reais? O quê? Repetira de forma enfática. "Era de ouro aquele alimento? Diamantes e pedras preciosas?" De jeito nenhum, o dinheiro do pai era suado, tinha que cancelar o pedido, afinal, ali não tinha ladrão de si mesmo! O pai, recém chegado à cidade, não sabia quais eram os preços médios do lugar, ligou para fazer o cancelamento do pedido. A voz do outro lado tentou explicar o porquê do valor. O que a filha, possessa, replicou que aquilo não era preço para uma pizza média, era um roubo! Os ingredientes eram feitos de que metal precioso? Por desencargo de consciência, e apenas por isso, quis saber qual era o nome da pizzaria. Quando a atendente respondeu a essa simples pergunta, como num passe de mágica, TUDO MUDOU! Como? Era o que o pai se perguntava. A atitude furiosa do início dera lugar a aceitação mais feliz e risonha que fora possível! Em segundos o que era muito caro passou a ser um preço justo e aceitável! O que o velho pai não conseguia entender era o que levara a filha a mudar de opinião tão repentinamente! Por que o que era roubo e feito de metal precioso passou a ser bom e barato? Tinha alguma coisa a ver com o namorado? Mas o quê? O certo é que no dia do aniversário do pai (como isso fora possível?), o velho terminou pagando o pato, digo, a conta... 

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Paradoxo...

Quando você se apossou de mim, nem sei em que canto do mundo me escondi...
Não lembro de nada do que fizemos, sei apenas que se fez um silêncio profundo, também sei que nada havia para temer, pois no nada eu me encontrava, dor não mais havia, embora dores atrozes se manifestassem pelo meu corpo inteiro...
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Quando você se apossou de mim, perdi toda a consciência, perdi toda a fortuna que amealhei durante toda a minha vida, deixei de me pertencer, penetrei no vazio absoluto, sem sonhos, sem nada, só você e eu...
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Quando você se apossou de mim, não sabia se estava vivo ou se morrera, embora estar em seus braços não fosse estar no NIRVANA...
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Porém quando você me abandonou, quando não mais me quis em suas entranhas, uma réstia de luz apareceu sob os meus olhos; quero que saiba que não te odiei pelo que me fez VIVER, mas também não te amei, só não sabia que SE alguém como você me ABANDONASSE me faria tão bem...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Muricy e/ou Mano: uma novela com final anunciado...

As manchetes de todas as mídias afirmavam dias antes que o novo técnico da empresa dos Havelanges/Teixeiras seria Mano Menezes, do Corinthians! Esperava-se apenas pelo anúncio oficial que deveria acontecer na sexta-feira, 23/07. De repente, não mais que de repente, como sói acontecer nos folhetins da globo e afins, a trama mudou completamente e um outro personagem passou a cortejar a "mocinha", aumentando sobremaneira a audiência da novela. Ora, um dia antes, perguntado se fora sondado, Muricy negou veementemente, o mesmo foi feito pelo professor Felipão, do Palmeiras, embora esse não faça parte do elenco desta novela! "Inexplicavelmente", anunciou-se, no dia marcado, que Muricy era o novo técnico da CBF e horas depois "desanunciou-se!?" O enredo na escolha de Dunga (aquele personagem que brigou com o diretor e o autor foi obrigado a "matar") foi bem diferente, esse, sim, surpreendeu a todos, pois ninguém esperava que D. Ricardo colocasse para dirigir a empresa da família alguém que nunca tinha feito administração! No caso de Muricy, a mídia teve amplo acesso ao almoço-convite com direito a fotos em profusão,  até as chamadas cenas dos próximos capítulos aconteceram, estava tudo acertado: Muricy era a lei, digo, era o técnico! Quanto ao clube ao qual o nosso (lá ele) professor estava vinculado não haveria problemas, afinal, um dos donos da empresa, o sogro de D. Ricardo, D. João Havelange, é torcedor do Fluminense, o que facilitaria a liberação!
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Como nos grandes enredos das novelas mexicanas, o capítulo seguinte trouxe uma mudança radical! Apareceu um contrato verbal (?) de dois anos e o Fluminense, apesar de toda a influência de D. João, não liberou o professor Muricy!? Espera aí para que eu possa entender a trama. Muricy foi a um almoço com D. Ricardo e o vassalo Rodrigo Paiva, "transmitido" em rede nacional e não tinha comunicado nada a respeito aos dirigentes do Fluminense? Mas ele não é o cara que segue à risca as questões referentes à lisura no cumprimentos dos contratos? O que estou perdendo de vista é que isso é uma novela, e mexicana, portanto, não existe lógica, tudo pode acontecer nos próximos capítulos! O mais estranho é que uma das rusgas com Dunga (aquele que teve que ser "assassinado" pelo autor da novela), era justamente por causa da sua relação conflituosa com as grandes corporações midiáticas, nesse aspecto, Muricy é igualzinho: grosseiro, deselegante, descortês, saibam que eles são iguais até nos erros de sintaxe. A demissão de Muricy do Palmeiras aconteceu horas depois de uma "coletiva" em que ao ser perguntado se tinha medo de perder o cargo depois de uma derrota, bradou carinhosamente: "eu não tenho medo de porra nenhuma!" É certo que no horário havia não só crianças na sala, como também o presidente do clube! 
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Como a novela não pode parar, D. Ricardo, ante o "veto" do time do sogro, convida Mano Menezes e, por ironia do destino, ele aceita! E também por ironia do destino, o clube não faz nenhuma objeção à saída do treinador! INACREDITÁVEL! Quem tem visto o Fluminense jogar sabe que o time ganha, mas toma sufoco dos adversários! Foi assim contra o Santos, foi assim contra o Cruzeiro. O estilo Muricy é aquele da bola alçada na área, quase sempre ganha o jogo de bola "parada", 1x0 é goleada! Ou seja, Muricy é um Dunga melhorado, mas é um Dunga, o que significa que ele não seria a mudança anunciada pelo dono da CBF! Em linhas gerais, para o Fluminense jogar como vem fazendo, ter Muricy ou qualquer outro não faz diferença nenhuma! Agora, o Corinthians, esse, sim, perde com a saída do técnico. O  time do Parque São Jorge tenta jogar futebol, ainda que não seja brilhante! Por que, então, a cúpula do clube não vetou a ida de Mano Menezes para corporação dos Havelanges/Teixeiras se é grande a chance de o time vir a ser campeão? A minha tese, que tem ALTA dose de teoria da conspiração, é que o convite a Muricy não passou de jogo de cena. Como o presidente do Corinthians faz parte da curriola de D. Ricardo, a ida de Mano para a "seleção" eram favas contadas. Muricy não era o alvo, Ricardo Teixeira ia colocar Dunga no lugar de Dunga? Talvez Mano ficasse até o final do campeonato brasileiro no Corinthians, sairia, quiçá, campeão no final do ano, e assumiria o time da CBF em 2011, enquanto isso, um técnico "pau mandado" ficaria guardando seu lugar no comando da seleção de Ricardo Teixeira! Muricy topou  fazer parte do espetáculo circense do convite/exposição por segurança, para ver se valia à pena! Todos sabem que contrato com o Fluminense não existe! E tem mais, se o Fluminense continuar sendo massacrado pelos adversários seu futuro no time da patrocinadora deverá ser igual ao de Cuca que viveu e viu, Muricy que vai viver, verá...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A mãe, a empregada e o cachorro...

Parece que não existe mais nada, hoje, que não tenha um profissional especializado ansioso para dar seus sábios conselhos, insinuando que agindo desse modo, nossa vida será um mar de rosas! Há aquele que nos auxilia a administrar melhor as nossas amizades, o que mostra como ter uma atitude sustentável, o que diz qual roupa devemos usar  nesta e naquela ocasião e por aí vai! Seria impossível nomear todos eles. Talvez o mais INCISIVO seja o que aconselha qual a melhor maneira de educar os nossos filhos, aliás, educar e orientar filho é uma das tarefas mais ingratas que existem! Há uma consultora/psicóloga que trabalha na BandNews FM (Rosely Sayão) que é PHD nesta matéria! A ênfase com que discorre sobre a orientação dos filhos dos outros é impactante, na verdade, quem ouve suas recomendações olha para seus rebentos em casa e diz para si mesmo: "pimenta nos olhos dos outros é refresco!" Um dos temas desta semana foi sobre qual é a idade ideal para que a criança tenha um bichinho de estimação! Depois de explicar qual o melhor momento para que criança tenha seu animalzinho e mais alguns conselhos menores, deixando claro para as genitoras que não devem perdem de vista que é a criança que é mais importante e não o bichinho de estimação, ela desabafa entre desapontada e surpreendida: "vi na calçada uma mãe levando o cachorro, enquanto a criança era levada pela babá." Lógico que era a mãe que deveria estar carregando no colo o seu filhinho e não uma ESTRANHA! Pelo menos, foi o que deve ter pensado nossa heroína! Mais que surpresa mais tola, diria Saramago! Ora, será que ela não sabe que passear com o cachorro, neste universo, significa poder, ostentação, lazer, demonstração de riqueza, ao passo que transportar a criança não passa de TRABALHO BRAÇAL, de subalternidade?! Se a mãe carregasse seu filho estaria descendo na escala social, ou seja, colo para o filho é trabalho de empregada, irônico, não?   

quinta-feira, 22 de julho de 2010

As pessoas não fotografam quando estão tristes...

Por isso, não gosto dos sorrisos dos álbuns de fotografias, porque neles os sorrisos não são sorrisos; nem o sorriso da criança é sorriso nos álbuns dos seus pais; não há um só sorriso no seu álbum que seja sorriso, todos os sorrisos dos álbuns são falsos, mas tentam mostrar que são sorrisos, as pessoas não fotografam quando estão tristes, mas quando não estão, forçam sorrisos forçados para mostrar que estão felizes, por isso, as fotografias são todas infelizes, pois não há sorrisos nas fotografias, mas apenas fotografias de sorrisos falsos, nas fotografias, nem os sorrisos das crianças são sinceros...

domingo, 18 de julho de 2010

Surreal...

Se vivo fosse, Salvador Dali reconheceria que, perto do que anda acontecendo sob nossos olhos, seus quadros não eram tão surrreais assim! Neste domingo, faz uma semana que acabou a maior masturbação futebolística que os espertos dirigentes da FIFA dão o nome de Copa do Mundo. COISA que na verdade não passa de um grande balcão de negócios, cuja conta, por estranha ironia, são os pobres miseráveis que pagam, embora não percebam ou  não queiram perceber! Apesar disso, coitados, ainda são avaliados, com nota e tudo, para que saibam se fizeram  direitinho o dever de casa! Nesta edição, O professor Blater lhes deu NOVE! Agora me digam: com a miséria que grassa na África do Sul (ou vocês acreditam que aqueles torcedores televisivos representam a grande maioria dos pretos?) o que justifica o gasto de milhões em ferro e concreto armado cujo destino final será servir de enfeite no meio do nada? Surreal é convencer um povo "inteiro" (nós tambem entramos nessa) que um monte de ferro e cimento no meio do nada é um grande LEGADO para um país! O que será feito com os estádios gigantescos construídos para a copa da África do Sul? Não pensem que seremos diferentes, acontecerá o mesmo por aqui em 2014, com as mesmas falácias e a ênfase mais que perfeita na palavra chave que abre todas as portas: LEGADO! Aliás, é importante que se diga, aqui, na Argentina do nordeste, o Estado gastou rios de dinheiro para refomar um estádio (Roberto Santos - Pituaçu), por conta do desastre que matou alguns com a queda das arquibancadas da Fonte Nova, e agora vai gastar mais alguns milhões para REFORMÁ-LA para a copa! E pensar que muitos choraram quando viram o nome do Brasil estampado na abertura do envelope! Respondam rapidamente a essa perguntinha sacana: o que ganhamos, afinal, em relação ao tal LEGADO, com as obras do Pan-Americano? Ah, já sei, deram ao Botafogo a possibilidade de ter um estádio, às custas do dinheiro público, embora só ande vazio por causa do difícil acesso!
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Vimos, em meio às realizações dos jogos da seleção privada de Dom Ricardo Teixeira I, milhões de brasileiros encherem o peito com um nacionalismo barato e sem propósito, vestirem-se de verde e amarelo, alguns compraram até vuvuzelas, tornarem-se patriotas por um MÊS e torcerem desesperadamente por Dunga e seus mercenários! Vejam se não é surreal alguém torcer por uma empresa privada pensando que está torcendo por seu país? Não nos esqueçamos que os Galvões e outros do mesmo naipe convencem os incautos que o Brasil, embora apenas três joguem por aqui, está em campo e que depende de nossa torcida para VENCER, o que mesmo? Já foi pior! Observem que quem menos ganha nesta história é o torcedor, que continua, na sua grande maioria, com um salário miserável, enquanto a conta bancária de Dom Ricardo I está cada vez mais recheada, ainda que a seleção dele tenha perdido! Você vai negar que usou sua camisa amarela ou azul durante as partidas? Diga se você não se sentiu UM VENCEDOR com aquele gol do Maicon contra a Coréia do Norte? Lágrimas lhe vieram aos olhos, não foi? Saiba que vi pessoas queimando dinheiro nas ruas com cada gol feito por nossa, lá ela, seleção!? Mas, espera aí, não se repete à exaustão que quem faz isso com dinheiro é maluco? Não, não vou usar Aristóteles, nem consultar Salvador Dali!
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Desisto de pensar em futebol, Salvador Dali ou Aristóteles e, para que a casa não fique em pleno silêncio, ligo a tv e tomo conhecimento, pela enésima vez, que o (ex) goleiro de um time de futebol matou, ou mandou matar, quem vai saber, uma das suas namoradinhas! Isso é assunto de um dia inteiro! Desligo, estou cansado de ver o jornalismo vampiresco televisivo, desculpem-me pela redundância,  e, para minha surpresa, não tenho saída, esse é um assunto que está em todas as mídias, dormimos e acordamos pensando nas acrobacias sexuais do goleiro e suas amantes, como na copa, parece que o país "parou" para saber quem matou(?) Eliza Samudio, o curioso é que não faz muito tempo eram os Nardonis quem davam razão à nossa existência voyerista! Infelizmente, para nós, George Orwell foi mais contudente em suas previsões do que o polvo Paul e seus palpites infantis sobre a copa do mundo, definitivamente vivemos em 1984...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Saúde do homem: falta educação?...

Há cerca de dois anos, mais ou menos, participei de uma conversa "informal" por demais interessante a respeito de determinada "disciplina" fazer ou não parte do currículo de um curso da área de saúde. Naquela ocasião perguntara qual a razão de o componente curricular saúde do homem não fazer parte da grade do tal curso já que havia um similar em relação à mulher. Dissera minha interlocutora que não havia necessidade no currículo de uma discussão com esse enfoque(?). A fala sugeria, em linhas gerais, que aquela não era uma temática relevante(?), penso eu, devido aos muitos "privilégios" que os homens já possuíam ou possuem na maioria das vezes! Todavia as campanhas do ministério da saúde demonstram claramente o quão aquela professora se enganara, além de, inadvertidamente, reforçar preconceitos!
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Não deve ser segredo para ninguém que muitos homens, indivíduos fanfarrões por natureza, desconhecem coisas importantíssimas sobre sua saúde e, para agravar a situação, alguns profissionais que poderiam contribuir na superação dessa ignorância agem ou pensam tal e qual o senso comum. O que parece claro, a partir da "discussão" sobre o currículo, é que a "displicência" na formação profissional no trato de assuntos  importantes, em alguns cursos, senão em todos da área de saúde, termina trazendo conseqüências desastrosas a quem mais interessa: aqueles que procurarão pelo sistema de saúde. É fato que a forma como a questão é tratada faz com que o senso comum permaneça soberano, levando a maioria dos indivíduos a pensar que não precisa saber ou que já sabe tudo a respeito do seu corpo! São tantos os tabus masculinos que muitos homens morrem ou por desconhecimento ou porque só procuram ajuda quando a situação já está quase sem solução, levados por uma "macheza" decadente! Um bom exemplo são os exames de próstata. Sabe-se que por causa de uma estupidez milenar, muitos "protelam" o quanto podem o tal exame e quando não há mais como evitar a pergunta que se fazem é: "PSA (antígeno prostático específico) ou Toque retal?" Na maioria das vezes, buscam mil alternativas para fugir do temível toque! Alguns chegam a mentir. Há os que afirmam em alto e bom som que por causa do seu PSA baixo não houve necessidade do toque retal, quando na verdade um sem o outro não se configura um diagnóstico completo, neste caso, por que mentimos então?
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Há uns três meses, mais ou menos, fiquei extremamente assustado quando uma das minhas mamas começou a crescer! O curioso é que muitos homens não sabem ou desconhecem que possuem duas! Perdoem-me, mas uma digressão, aqui, se faz necessária para mostrar o quanto  a falta de informação e a  ignorância independem do estrato social do indivíduo. Estou me referindo à declaração infeliz do então governador do Paraná, Roberto Requião de Mello e Silva, e sua ironia a respeito do câncer de mama?! A argumentação do governador, eivada de preconceito, mostra como o desconhecimento de questões fulcrais acompanha muitos daqueles que, em tese, deveriam estar contribuindo com ações educativas sobre o assunto! O que o governador desconhece é que  ele, assim como todos os homens, também está sujeito ao câncer de mama, e não apenas "aqueles" que ele preconceituosamente nomeou! 
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O fato é que o crescimento da mama, acompanhado de uma dor fortíssima, começou a me preocupar e muito (e olha que não fizera uso de nenhuma substância, ou qualquer coisa que o valha, que estimulasse seu crescimento). Na verdade, esse crescimento já acontecera, como é normal, quando estava entrando na puberdade, a essa alteração dávamos o nome de "pedra", embora o nome seja outro. Esse acontecimento era uma sinalização que estávamos "amadurecendo", esse fenômeno pode ser repetir a partir dos 40 anos e é conhecido  como ginecomastia! Estranhamente, sequer sabia a que especialista recorrer, não aprendera quando devia, embora isso não justifique minha ignorância! Alguém sugeriu que procurasse um urologista, aquiesci de imediato. Infelizmente, para mim, não, não era a um(a) urologista que eu deveria recorrer e sim a um(a) mastologista! A ironia é que a informação sobre a qual profissional recorrer me fora dada por uma pessoa comum! O que eu desconfiava era que, nestes casos, o percentual de mulheres pode chegar a 100% nas consultas! Para falar a verdade, em todas elas sempe havia pelo menos um homem (eu) o que derruba minha tese!
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Na realidade, a ginecomastia sugere alguns exames nada "interessantes" para efetivação de um diagnóstico! No primeiro momento, soube que deveria ser submetido a uma mamografia! Antes, que não sou bobo, perguntei a duas mulheres se era um procedimento assustador, porque o nome era! É isso mesmo que você está pensando: homens são medrosos, embora posem de valentes! Recebi duas respostas totalmente opostas: DOÍA muito e não!? Para minha surpresa, as duas estavam certas. O fato é que algumas mulheres sentem muita dor, enquanto outras, nem tanto! A dor está associada ao tamanho da mama, quanto menor, mais dor! Como as mamas dos homens costumam ser minúsculas, vá imaginando aí o meu sofrimento! Para mim a dor foi tão intensa que só não desmaiei porque o exame dura apenas alguns segundos, mas que parecem uma eternidade! "Senti" mais ainda ao saber que teria que repetir! Uma coisa não pode ser esquecida: no dia do exame é recomendável não usar desodorante, perfume ou talco, porque podem deixar resíduos que interferem no resultado! Encurtando a história, o segundo passo era fazer uma ultrassonografia (esse totalmente indolor!), para minha felicidade, os dois exames não constataram nada de grave, embora ainda esteja à espera do diagnóstico final, é que tive que trocar de mastologista, sabe como é a saúde no Brasil!? O fato é que hoje detenho um conhecimento sobre minha saúde que deveria ter adquirido lá na minha adolescência, mas como dizia minha avó: "antes tarde do que nunca", não é mesmo?...