sábado, 28 de junho de 2008

Lula, a velhice e o futebol...

"Nunca na história desse país" é uma frase que já se tornou "bordão" de todos, quando o assunto é o presidente Lula. Acho que o ponto chave da assertiva está na sinceridade, não sei se poderia dizer ingênua, do presidente! É lógico que é uma imagem de marketing fabulosa! E uma coisa ele já demonstrou, desde o primeiro mandato, de ingênuo ele não tem nada! O presidente se mostrou preocupado com a situção em que se encontram os velhos atletas de futebol! Todos sabemos que começamos a envelhecer quando nascemos. É possível que essa seja a obviedade que mais lutamos para esquecer! Não, não queremos ficar velhos, por mais que isso seja inevitável! Nossos desejos mais recônditos sinalizam que queremos ser eternamente jovens e viver o máximo de tempo possível! Temos um sem-número de canções, cuja temática inclui a fonte da eterna juventude como ponto de discussão, na verdade, ser idoso é precisar de cuidados contínuos e isso cria uma dependência quase sempre indesejável, tanto para o idoso quanto para quem cuida dele!
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Um dado curioso é que antes eram as mulheres que se preocupavam com o aparecimento das rugas! O padrão de beleza consagrado diz que você pode estar velho, mas não pode parecer velho! Ser eternamente jovem é a busca nossa de cada dia e o espelho, como o grande oráculo da modernidade, é aquele sujeito que nos avisa da inexorabilidade do tempo. Falando em tempo, idade e longevidade, imagens de jogadores de futebol me vêm à memória! Quando jovens são lépidos, ágeis, fortes, quase indestrutíveis! Todos esses adjetivos, parece-me, o atleta não tem a exata dimensão de que um dia se extinguirão, uma manhã qualquer a velhice chegará e, junto com ela, a lentidão e o cansaço do corpo! Sem querer sem preconceituoso, muitos jogadores de futebol gastaram tudo e um pouco mais do que ganharam na vida por achar que a abundância jamais terminaria; não consultaram o espelho que, de modo perverso, aponta todo santo dia o nascer de uma nova ruga avisando a mudança de estação!
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Estamos comemorando os 50 anos da conquista da primeira copa do mundo. Jornais e revistas revivem as manchetes daquele momento de glória para o futebol brasileiro! Houve, inclusive, sessão solene no Congresso Nacional para homenagear os heróis da façanha! Já disse aqui que triste é o país que precisa de heróis para aplacar as suas agruras! Não vai aí nenhum ressentimento, mas continuo achando uma grande estupidez a forma exagerada que o sistema valoriza determinada habilidade em detrimento de outras, estabelecendo, desse modo, hierarquias espúrias! Por que um jogador de futebol já idoso, e sem recursos, deve ter um tratamento diferenciado de outro idoso, nas mesmas condições de pobreza, cujo história de trabalho não está vinculada às suas habilidades motoras? O que é mais importante: construir uma casa para abrigar pessoas das intempéries ou fazer um gol no campeonato mundial de futebol de 1958? Sejamos sinceros: é possível, sem sermos preceituosos, afirmar que o idoso que faz o gol é mais importante que o idoso que faz a casa ou vice-versa? Pois é, "nunca na história desse país", um presidente, ao saber que muitos ex-atletas estão em situação de pobreza, resolveu pensar uma ação do Estado que beneficiasse um grupo de sujeitos por sua importância nos gramados! Convenhamos que isso não passa de uma ação populista e perversa! Por que só os velhos pobres do futebol? Usando do mesmo argumento, gostaria de sugerir que o Estado Brasileiro beneficiasse a todos os idosos, indistintamente, que estão em estado de pobreza e não apenas aos heróis idosos do futebol, creio com isso que o presidente Lula estaria respeitando solenemente o que diz a constituição federal: todos são iguais em direitos...

Um comentário:

Anônimo disse...

Sabe que eu pensei o mesmo ao ouvir a reportagem na TV? É um absurdo que nós, contribuintes, paguemos a aposentadoria de "atletas" campeões porque o nosso presidente resolveu "fazer festa com o chapéu alheio"!!!!