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A greve é o instrumento de luta do trabalhador, chamá-lo de mercenário por cobrar pelo seu trabalho é de uma perversidade sem par, sem contar que o Estado termina colocando os estudantes contra os professores, alegando que o movimento paredista vai atrasar suas formaturas! Todas as vezes que os docentes entram em greve, seja quem for que esteja à frente do Estado Capitalista, o corte dos salários é a arma usada pelos governos para quebrar o movimento docente e fazê-lo retornar às salas de aula! Falando da última, estive à beira de um ataque de nervos no que se refere ao pagamento das contas, nunca vi, os credores aparecem todos no mesmo momento, por estranha ironia, a greve é ótima para os banqueiros que ganham, e muito, às custas dos docentes com seus juros escorchantes quando estes batem às suas portas! Com todo o constrangimento que tive que passar, desde a cobrança sutil de aluguel até ficar quase com zero tostão no bolso, ainda assim, se hoje houvesse uma assembléia, cujo objetivo fosse a decretação ou não da greve, saibam que votaria, sem pestanejar, a favor, porque quando eu não mais tenha direito de me indignar, não tenha mais nenhuma chance de dizer não ao não, aí sim, sei que estarei morto!
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Em relação ao sentimento de indignação, é só olhar para todos os lados e veremos que querem nos fazer crer que é melhor calar, existe uma frase que acho extremamente fascista que diz: "tanto barulho por nada", que no fundo nos impele à aceitação das maiores atrocidades com o silêncio. Estava numa clínica. Fora fazer um Hemograma. Uma mulher também queria! Não sei se o mesmo que eu! Contudo, a atendente descobrira que o documento que ela usara para ter acesso ao atendimento não lhe pertencia! Fora descoberta sua fraude e a atendente falava como se fora a proprietária do laboratório! Era "nós precisamos averiguar", "não podemos atender até que consigamos provar"! Em síntese, não foi permitido à "fraudadora" fazer os exames! Pensei cá comigo, se a saúde não fosse uma mercadoria, se a todos fosse permitido o acesso à saúde, era até possível que acreditasse nestes movimentos de solidariedade que acontecem sempre, os tais "Dê um cobertor a quem tem frio", dentre outros! Na verdade, essas ações não passam de hipocrisia! Enquanto damos cobertores a quem tem frio, quem tem frio não precisa apenas de cobertores, tem mais elementos nesta equação que, descaradamente, ficam sublimados em meio a tão belas frases de efeito! Os miseráveis em todas as estações precisam de algo para continuar vivendo sob a caridade e a benevolência das boas ações! Voltemos à questão inicial: quem é que é mercenário: o professor que entra em greve na briga por salários mais decentes ou aqueles que fazem da miséria seu negócio vendendo saúde em suas quitandas?...
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