quinta-feira, 17 de abril de 2008

Guga, esportes e dinheiro...

Aqui entre nós, o tênis nunca foi um esporte popular, um esporte de massa. Não sem razão, afinal, os apetrechos para sua prática não são nada baratos! Não que essa seja a razão principal, talvez seja a mais prosaica, a mais perceptível. O que vemos, em relação ao tênis, pode ser usado para a natação, enquanto o primeiro precisa de quadras, o segundo carece de piscinas, e, convenhamos, não temos quadras de tênis ou piscinas em cada esquina! Certos esportes têm a marca da "distinção"! São praticados por uma elite que detém grande poder econômico, como fora nas suas origens no século XIX; para ser um jogador razoável, é necessário muito mais que boa vontade e habilidade motora! Não é por acaso que o grande atleta desse esporte, em um país colonizado por portugueses, tem o sobrenome Kuerten! O tênis é um jogo para poucos, haja vista o número de pessoas que conseguiram se destacar por essas bandas! A grande ironia é que alguns "ingênuos", quando Gustavo Kuerten se tornou o NUMBER ONE, não conseguiram entender por que o esporte não ganhou a dimensão que merecia! Quem teria sido o culpado de tamanha aleivosia?
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Todos sabem que hoje os esportes, na sua grande maioria, sobrevivem a partir de elementos para além das suas bilheterias. Os dirigentes são taxativos, a menor receita é aquela que vem dos guichês dos estádios, caso dependessem dessa renda, muito provavelmente, "quebrariam"! Vemos o caso do futebol brasileiro como referência! Os dirigentes assinaram um contrato de transmissão dos jogos e amordaçaram-no. Como os usuários de drogas, o futebol se tornou um dependente da receita televisiva! Os clubes não podem depender da renda que vem das bilheterias, ficaram prisioneiros daqueles que assistem no sofá! Grande parte dos jogos, a torcida é a sonoplastia! Quem ainda não percebeu que a loucura é tão grande que o "velho" sonoplasta coloca a "vibração" da torcida até quando o time faz gol na casa do adversário!? Todos os grandes clubes teriam suas receitas aviltadas caso a TV deixasse de bancá-los! É uma dependência brutal. Quando eu era garoto, quem tinha que se adaptar era o veículo ao horário do esporte, hoje as coisas são bem diferentes! Os grandes clássicos começavam às 17:00, nos domingos, hoje tem jogo até terça-feira, à tarde, com o estádio vazio!
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Fazendo um paralelo com o jogo do Guga, sabemos que o futebol cabe na "grade" da TV, sem que a receita fique comprometida! O tênis, diferente do vôlei, não adequou seu formato ao do veículo, portanto, uma partida no saibro, por exemplo, pode durar horas a fio! É um jogo dirigido para um público seleto, que tem tv a cabo, toma champanhe e come caviar, em outras palavras, pode pagar pelo espetáculo e vê-lo no conforto da sua poltrona! Na verdade, por uma contingência, Guga teve que "encerrar" a carreira antes da hora. Seu corpo não suportou a maratona de jogos a que foi exposto, arrebentou-se! Está acontecendo em Florianópolis mais uma "despedida", para seus fãs mais diletos! Aconteceu uma coisa curiosa, a partida de estréia foi com o número 300 do ranking! Depois de 14 meses, enfim, uma VITÓRIA! Fico pensando como é necessário alimentar o imaginário popular com ídolos! Eles conseguem, mesmo DECADENTES, as vitórias que nós, cidadãos comuns, não conseguimos, com isso, dormimos tranquilos e nos sentimos vitoriosos como eles. Há um agravante no caso de Guga, além de não suportar mais a intensidade do esporte, ainda temos que sentir comiseração do ídolo que já foi o número um, e que hoje faz um esforço sobre-humano para ganhar do número 300, torcendo, desesperadamente, que a partida não tenha mais que 2 games...

Um comentário:

Anônimo disse...

pitombo, gomes esse esporte é caro, la na uesb, eu participava de um projeto de tenis, cara as raquetes mais em conta era tresentos....quatrocentos reais, porém as raquetes de programas sociais custam R$80,00 reais. não tem como massificar o esporte.