segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Nem direita, nem esquerda...

Há uma canção da Legião Urbana, Soldados, em que o Poeta Russo insiste em perguntar: quem é o inimigo, quem é você? Todas as vezes que a ouço, penso imediatamente na situação que estamos vivendo hoje! Essa pergunta traz uma inquietação que nos auxilia a pensar as questões ideológicas para além da percepção pós-moderna que, cotidianamente, nos é imposta! Um exemplo dessa falsa homogeneidade é vista nas discussões acadêmicas! Somos todos uma massa amorfa, onde quase não se percebe as "colorações" ideológicas! Aqueles que resolvem demonstrar que não comungam com o discurso de "todos", são chamados de "radicais", "xiitas" e outras adjetivações menos "nobres"! Para escapar dessa "perseguição" ignominiosa devemos calar para não nos sentirmos isolados ou bradarmos a plenos pulmões, deixando explícitas as nossas convicções?
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Estamos todos tão "parecidos" que fica difícil saber de que lado cada indivíduo está, se é que ainda nos é "permitido" ter lado! Lógico que é isso que as forças hegemônicas querem que acreditemos! O PFL, um dos maiores partidos de direita do país, sabendo disso, virou Democratas! "Ora, bolas"! Dirão imediatamente os "pós-todas-as-coisas", "não há mais diferenças. Temos que nos orgulhar com a lição de democracia que demos ao mundo ao elegermos um presidente que é um ex-metalúrgico"! Neste sentido, apenas os "ortodoxos" e ultrapassados ainda querem insistir neste negócio de luta de classes: não existe mais direita e esquerda, o mundo é pós-moderno, tudo se incorpora a tudo num piscar de olhos! Não há um só político brasileiro que diga ser de direita, muito provavelmente tergiversará, dizendo que essa é uma discussão do segundo quartel do século XIX!
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Essa tentativa de justificar o consenso, termina colocando todo mundo no mesmo "balaio de gatos", já que da forma como se configuraram as articulações, se estabeleceu uma confusão tremenda, deixando boquiabertos até os mais esclarecidos. Se uma pessoa tivesse saído do Brasil, antes de 2002, e fosse passar férias prolongadas em Saturno, ficaria surpreendida ao ver que mesmo sem "estar" no poder na Bahia, muitos dos antigos aliados do carlismo, continuam dando as cartas, sabendo que em tese, que isso fique bem claro, o governo está nas mãos do Partido dos Trabalhadores. O que se poderia dizer do governo Jacques Wagner, nesta equação? Qual é a "direção" do governo da Bahia? Esquerda? Direita? Centro? Um gaiato pode sair bradando: N.R.A.: nenhuma das alternativas anteriores! Neste diálogo de surdos, sem ter a noção de quem é o inimigo, a esquerda está mais perdida do que cego em tiroteio. Os mais antigos diriam: bons tempos aqueles em que o inimigo estava bem visível, logo ali à frente, hoje, com o falso consenso instituído, a pergunta do poeta legionário corta a carne como navalha: quem é o inimigo? Sem essa resposta continuamos perdidos no espaço...

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