segunda-feira, 21 de maio de 2007

Quanto aos erros, Monteiro Lobato tinha/tem razão!

Participei de defesas de monografia na universidade e em muitas aconteceram o que chamo de preguiça de leitura e falta de reflexão! Entendo que o papel de uma banca de defesa é estabelecer diálogo com o autor da pesquisa, mas, às vezes, ao invés de discutir o conteúdo, fica-se acenando para questões puramente técnicas, que não acrescentam nada e não vão à raiz do problema, assim, muitos dos participantes, ficam mais preocupados com "erros" de digitação do que com o trabalho em si, surgem, então, questões do tipo: "apud é com maiúscula", "citação direta com até três linhas é no corpo do texto", "O início de parágrafo deve obedecer 4 cm em relação à margem", "Entre parênteses, tudo fica em caixa alta". Essa é a tônica, enquanto a especificidade da investigação fica esquecida! Esses supostos "erros" poderiam, sem perda, ser encaminhados para que o autor a posteriori fizesse as possíveis "correções"!
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Quando criança, gostava de ouvir meu pai contar muitas das suas histórias, uma que não esqueço nunca, pelo seu humor, dizia respeito, justamente, à revisão de texto! Contava ele que na revisão do jornal, feita de madrugada, certo dia passou uma quantidade enorme de erros; para piorar a situação, um leitor não só percebeu como foi à redação mostrar; o dono do jornal mandou chamar imediatamente o responsável pela equipe de revisores. Aquilo não era possível, que absurdo! Constrangido com o fato, o chefe tomou uma decisão, no mínimo, extravagante, pediu a contratação imediata do referido leitor, porque a média de "erros" encontrada por ele superava em muito ao normal! Havia ali um revisor em potencial! O dono do jornal aquiesceu.
Para encurtar essa história, a primeira revisão de peso do suposto "revisor", trouxe na primeira página a manchete: "JOPONESES...". Quando ele viu aquilo, nem demissão pediu, foi saindo de fininho e nunca mais voltou...
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Escrevo para dizer que Monteiro Lobato tinha toda razão quando dizia o quanto era/é complicado o processo de revisão, há uma busca frenética pelos erros e como esses conseguem nos driblar...reproduzir o texto de Lobato é uma maneira, quem sabe, de fazer a mea culpa, mas também agradecer a minha querida Lusimary de Gouvêa pela revisão dos erros que têm aparecido por aqui... eu te amo, viu?


Eu revisei

"A luta contra o êrro tipográfico tem algo de homérico

Durante a revisão os êrros se escondem,

fazem-se positivamente invisíveis.

Mas assim que o livro sai, tornam-se

visibilíssimos,

verdadeiros sacis vermelhos

a nos botar a lingua em todas as páginas.

trata-se de um mistério que a ciência não

conseguiu decifrar"

Monteiro Lobato

Um comentário:

Anônimo disse...

Não precisa agradecer... rs... eu também te amo, viu?