sexta-feira, 4 de maio de 2007

Livros...desvele-os!

Dias destes estava em casa sozinho, (re) lendo um livro sobre um escravo que "balançou" um império, Espártaco, de Howard Fast, quando me veio à memória minha iniciação pelos caminhos das letras, algo deslumbrante e ao mesmo tempo "assustador"! Sei que existe controvérsia, mas acredito que o livro foi/é a maior invenção humana, um grande encontro do humano com sua inteligência! Sim, o livro nos libera para viagens cujo destino são veredas e sertões grandes!
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Um fato curioso é que, enquanto minha filha aprendeu a ler muito rapidamente, e era muito lindo vê-la desnudar as páginas nas suas primeiras leituras, demorei um pouco mais que ela, foi difícil o guerreiro repousar, mostrando que o ditado popular "filho de peixe" não passa de uma tola ilusão, o tal do "dom", não está em nosso DNA o que vamos ser, se Shakespeare tivesse nascido na Patagônia dificilmente seria escritor, somos influenciados nas nossas opções pela cultura, pelos espaços que trafegamos e se chances nos são dadas podemos ir para além de lua e estrelas, chegarmos à via láctea!
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Em dado momento, quando minha mãe descobriu que já lia, prometeu, e cumpriu, que me daria revistas, o pato donald, inicialmente, foi o ponto de partida para a formação do leitor, mas como nada vem de graça, havia uma imposição: explicar o que foi lido, tintim por tintim; hoje percebo o quanto ela, sem nenhuma formação acadêmica, tinha uma acuidade acima da média para a época! Ler e explicar, a molecada tem tanta dificuldade hoje com esse negócio de interpretação de textos, porque isso "não está inserido no contexto"!
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As imagens das revistas facilitavam a compreensão e as "explicações", isso criou um "banco maternal" e todo mês descontava a minha revistinha, tempos de vacas quase sem pelo, mais ainda assim, não falhava nunca! Devorava aqueles morangos, alguns mofados, é fato, mas isso não tinha nenhuma importância, eram deliciosos! A minha descoberta do prazer da leitura pertence a duas mulheres lindas, minha mãe, hoje só lembrança, e minha irmã, Lina. Essa foi a responsável pela "ruptura epistemológica"! Jamais, em tempo algum, imaginei que era possível ver sem ver! A primeira leitura de um livro, um admirável mundo novo!
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Perguntara como era possível sem gravuras e minha irmã apenas dissera leia que descobrirá. Não foi nenhum clássico da literatura universal, um simples livro de bolso, sem nenhum atrativo especial e sobre a 2ª guerra, mas como foi saborosa a descoberta, e esse primeiro encontro foi tão significativo que me estimulou a desvelar localidades verdadeiramente brasileiras, como os sertões! Percebi que a leitura me possibilitaria ver a luminosidade de uma estrela que sobe, por outro lado, é óbvio que meu time de futebol só poderia ser vermelho e negro, porque eu sou Vitória que não foi campeão, para minha tristeza, em 1984!
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Livros deveriam ser o primeiro presente quando as crianças nascessem, para que já em tenra idade descobrissem o quanto é prazeroso ler, o quanto é bom manuseá-los; o cheiro, sentir o cheiro de um livro novo, penetrando lentamente pelas narinas, é algo indescritível, tê-los sob os olhos, uma emoção inenarrável!

3 comentários:

Coimbra disse...

Carreguei no "next" e vim aqui parar. Gostei bastante e fiquei com vontade de passar por cá outro dia. Abraço

Manoel Gomes disse...

Vou esperar o retorno, camarada!
Forte Abraço!

Lusimary disse...

Eu, como sempre, estou sempre por aqui... mesmo sem deixar nenhum comentário... rs...
bjs