sábado, 6 de outubro de 2007

Coisas de urubu...

Ufa! Depois de longo e tenebroso inverno, conseguimos passar pela tormenta, já temos uma moradia! Estávamos como um náufrago, totalmente à deriva num mar sem fim! Mudar de endereço, procurar casa para morar provoca os maiores contratempos, os maiores desabores! Não esquecerei tão cedo o mês de setembro! O fato é que parecia que nada dava certo. Tivemos os aborrecimentos comuns às mudanças e que nos levam quase ao desespero. É aquele livro que não encontramos ou aquela camisa que não se sabe bem em qual das caixas enfiamos! Só para se ter uma idéia do que aconteceu, tivemos que cancelar dois telefones, já que nenhum deles permitiam acesso à banda larga! É verdade que nos foi sugerido o acesso discado para resolver a situação, mas quem aprende a pilotar uma Ferrari, jamais volta a se acostumar com um Fusca! Há uma canção da Legião Urbana que diz: "quando tudo está perdido, sempre existe uma luz". E olha que esta apareceu da forma mais atenciosa possível, quando pensávamos que nada mais daria certo! Estava pensando o quanto estamos dependentes dos artefatos tecnológicos! Ironicamente, foi o próprio funcionário da Cia Telefónica que apresentou a saída, disse-me ele: "tente se conectar através de uma 'Lan House'!
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O problema foi resolvido, não por um amigo ou conhecido, muito pelo contrário! Quem deu a solução para o inconveniente foi uma estranha. Coisa esquisita essa dependência de afetividade, não? Esse negócio de construir amizades não passa de um sonho egoísta e utópico, estamos todos sós em nossos mundinhos cor de rosa e nos ajudamos quando isso nos é conveniente, inconsciente ou conscientemente. Geralmente quando podemos tirar algum proveito da situação, porque o que queremos, no fundo no fundo, é a gratidão do outro, nada mais que isso; pensar diferente é acreditar nas histórias dos Irmãos Grimm! Estamos todos solitários como galhos em dias de chuva no meio da enxurrada, como estes nos embarramos em outros galhos que vão passando à nossa volta, nada mais que isso! Mas não é ruim que seja assim, muito pelo contrário, Isso é muito bom, assim as decepções ou traições deixam de existir, elas não acontecem! Tenhamos em mente que as pessoas se aproximam de nós quando querem alguma coisa, quando esperam obter algum ganho, algum lucro (que pode ser amor, afeição, respeito ou dinheiro mesmo!) é como se as relações do modo de produção capitalista estivessem no "sangue" de cada um! Quem melhor definiu isso foi o filósofo alemão Nietzsche, disse ele que a vida não tinha sentido algum, fazendo uma analogia grosseira, diríamos que as amizades se resumem a isso, uma coisa sem sentido algum; o negócio é deixar de ser urubu e se transformar em João de Barro: a propriedade privada é o que rege as nossas vidas, todo o resto não passa de hipocrisia...

Um comentário:

Lauro Xavier Neto disse...

Oi Mano, abri teu blog a procura de algum texto sobre o Che, nesta data de lembranças tão tristes e me deparei com um texto niilista e tristonho. Por que o Che é tão importante para nós? Pelos sentimentos altruístas, pela humanidade, pelo amor à causa. Isso deveria ser o normal, mas o que o faz do Che essa figura imprescindível (Brecht) deveria ser algo normal nas pessoas, o que infelizmente, no capitalismo, não é possível. Já tivemos a capacidade de nos decepcionar (um com o outro) e conseguimos superar esse sentimento. "Não existe beleza na miséria!" - "Vamos tentar outro caminho?". Mais Che (e Marx) é o que desejamos, menos Nietzsche e seu niilismo... força sempre! Lauro