quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Filhos, por que tê-los?...

Nos tempos dos meus avós a família era numerosa. Filho era um por ano, isso era parte da tradição: a mulher era parideira! Não vou muito longe, lá em casa nasceram 10 filhos, embora apenas 3 tenham conseguido sobreviver e chegar à idade adulta. Os tempos hoje são outros. Se meu pai pensasse igual a mim, por certo, não estaria aqui escrevendo essas linhas! O fato é que a família encolheu a tal ponto que três filhos é uma "multidão inaceitável"! Dizem que a culpa disso está atrelada à inserção da mulher ao mercado de trabalho. Até que se justifica, mas não explica, não há dúvida que o buraco é bem mais embaixo. Hoje não há a menor possibilidade de a mulher ter dez filhos como fez minha mãe. 
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Não estou querendo dizer que os filhos eram mais amados ou mais felizes, contudo não podemos perder de vista que, na situação atual, viraram uma mercadoria valiosíssima, com um poder de barganha jamais sonhado para pais e mães "amorosos"! O que se sabe é que mesmo sendo uma grande moeda de troca, a criança é uma "esponja" que a tudo absorve, não passa de um bibelô, no meio do fogo cruzado, onde a leviandade se propaga como um rastilho de pólvora e neste jogo sujo, egoísta e hipócrita, todos têm razão: mãe, pai, avós, padrastos, madrastas e afins! Fico imaginando como seria um casal com dez filhos no momento da separação, na hora da divisão do dinheiro? Da forma que os filhos são importantes, os percentuais logo viriam à tona e as mãos logo começariam a se esfregar, enquanto os cifrões sobrevoariam as cabeças avaras! Neste instante, ouço um grito colérico: "e as questões afetivas?" Por certo, essa é uma pergunta de algum insensato, que os pais replicam sem nenhuma desfaçatez: "bem, primeiro vamos resolver as financeiras, as afetivas vêm depois, essas são bem mais baratas!" 
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O caso do filho/neto/enteado brasileiro/estadunidense que a mídia tem usado à exaustão, com o intuito de provocar a emoção mais abjeta e vil, pode servir como exemplo. Neste caso específico, a mídia, leia-se NBC, uma grande rede lá dos EUA, pagou todas as despesas, cobrando apenas exclusividade nesse folhetim circense! Chorou a avó, chorou o avô, chorou o padrasto! Os telespectadores também verteram suas lágrimas! O advogado da família brasileira, de forma espúria, queria que o menino dissesse com quem queria ficar! A avó chamou a justiça de "desumana", apresentando uns "garranchos" onde se lia:"quero ficar no Brasil", supostamente escritos por Sean! O fato de a mãe ter morrido traz mais um ingrediente macabro e torpe à história, mas não a isenta das responsabilidades! Ela foi perversa com o menino! Também não podemos perder de vista que o tom de espetáculo que as relações privadas assumiram é bem a cara dessa "classe média" apodrecida! Filhos se tornaram um grande negócio, nesta bolsa de valores afetivos! Nada mais justo que o pai "amoroso" do menino Sean seja ressarcido nos quinhentos mil dólares que gastou para readquirir sua guarda! Não nos esqueçamos que a mãe do garoto, de forma inconseqüente e inescrupulosa, raptou-o do seu país de origem quando seu casamento naufragou. Não vamos fazer aqui nenhum julgamento de valor, mas não deixou de ser uma atitude egoísta! E todo esse pão e circo televisivo? E toda essa grana que o pai vai embolsar, ninguém diz nada? A avó indignada bradou: "ele não pensa no filho e sim em dinheiro". Ah, como são "tolos" esses pequeno-burgueses! Na atual conjuntura, esqueceram-se que sob a égide capitalista tudo é mercadoria, incluindo aí filhos, netos...e que a família não deixa de ser uma instituição falida...   

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