segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Luta de Classes...

A velhice leva muitas pessoas a ficarem saudosistas. Costumam falar com tristeza do tempo em que eram jovens. "Antigamente era diferente, as crianças respeitavam os mais velhos" Esse é um tipo de conversa que não tem como fugir da tautologia, ademais, vem carregada de rancor! Nestas "férias", tenho me sentido como Mel Gibson no filme "Do que as mulheres gostam", lá o grande problema freudiano é resolvido, ele consegue saber o que as mulheres pensam! Aqui, fico ouvindo as conversas, mas não consigo "ouvir" o que as pessoas dizem! No último domingo, estava eu na praça, quando dois velhinhos começaram a falar do tempo em que tudo era perfeito, a violência era menos brutal, as pessoas respeitavam uma as outras, tudo parecia um lindo lago azul cheio de peixinhos coloridos!
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Na conversa entreouvida, um deles dissera que tinha dois filhos, ambos advogados, mas estavam ganhando, para os padrões do ofício, muito pouco. Perguntara quanto faturavam por mês e ao saber do valor não acreditou! Um advogado ganhar pelo menos oito mil reais por mês era o mínimo que se podia esperar, trabalhando na micro região em que moravam! Para o velhinho, não ter uma remuneração neste patamar era inaceitável! Disseram-lhe que quando pagavam todas as despesas, só restavam uns míseros três mil reais!! "Vão estudar para promotor, façam concurso!" Fora a sua sugestão vociferada! Onde já se viu, fazer faculdade e ganhar uma miséria dessa! O que mais o aborrecia era que se sentia explorado, afinal, aqueles filhos não saiam do seu pé! "Não é possível, querem que eu viva preso às dívidas para manter o status de 'classe média!'" Os filhos ainda tiveram a petulância de dizer que ficava guardando dinheiro, quando morresse ficava tudo aí! O outro velhinho não era muito diferente, trazia as mesmas lamúrias, os mesmos sentimentos de perda! O mundo está mudado! A forma de namorar mudou completamente! As pessoas só querem assistir filmes e novelas, não vêem os noticiários, não estão interessadas nas informações, está tudo perdido!?
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Na verdade, eles se sentem como se ao longo de suas vidas, fossem perdendo aquilo que conquistaram: o respeito, o status financeiro, a admiração dos filhos, a vida estava sem graça, não valia à pena olhar o mundo de hoje e perceber que a violência está em toda parte, naquele tempo, havia roubo, é certo, mas era de galinha, sem grandes consequências. Não se matavam as pessoas por qualquer bobagem como acontece hoje! Os tempos são outros onde a violência campeia! O que os velhinhos não percebem é que a partir do momento que nós humanos produzimos excedente, a luta de classes começou, a violência é filha dessa forma de organizar a vida; só para recordar: na Grécia, berço da tal democracia que tanto se fala, o modo de produção era o escravismo, mulher, nesta sociedade, era pessoa de segunda ordem! Quer mais violência que isso? Os gladiadores mortos quando o dedo polegar do imperador era colocado para baixo, na Roma Antiga, do pão e circo, não era violência? Ser servo no Feudalismo era um bom negócio ou pura violência?
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Saiamos do passado, entremos no modo de produção capitalista. Que tal ser pobre e miserável em qualquer lugar dentro do sistema? Brasil, EUA, Inglaterra: "miséria é miséria em qualquer canto, riquezas são diferentes." Ser pobre no Brasil e depender do bolsa família é coisa boa? Aqui no caso, ainda tem uma fila para entrar na fila dos miseráveis! Sabemos que nem todos que almejam o bolsa família, são contemplados, há os que não merecem e são, mas isso agora não vem ao caso! Marx, com uma lucidez para além do séculos, disse que a luta de classes tem sido o marco da História. Para tristeza daqueles velhinhos, a violência não se ampliou, muito pelo contrário, ela sempre esteve presente, o fato é que para alguns ela sempre esteve distante, mas com agudização das crises do sistema, a violência, neste salve-se quem puder, se aproximou muito dos bem de vida, acontece que ela agora, além de estar bem perto dos pobres miseráveis, como sempre esteve, está sendo socializada, está colada nos fundilhos dos pequenos burgueses, como os velhinhos da praça, Marx está entre nós...

4 comentários:

Manuela Cassia disse...

Na realidade, os sindicatos desde o seu surgimento, não conseguiam dar conta das demandas dos trabalhadores. Faziam trocas que por muitas vezes eram reacionárias, e não revolucionárias.
Com toda certeza, Marx está entre nós e mais vivo do que nunca.

Jonatan disse...

neste mundo do "salve-se quem puder" posso dizer que ainda nesta semana, uma senhora reclamou para minha mãe que tinha perdido o "bolsa esmola" que recebia em nome de seu neto, morto há 5 anos numa tentativa de assalto. o engraçado disso tudo é que ela é aposentada e recebe pensão de 9 filhos que residem em são paulo.
quer dizer, a miséria extra que recebia para "comprar os desodorantes e perfumes" é um prato cheio na mesa outros miseráveis que dependem da "bolsa" para sobreviver.
quando minha mãe me relatou este caso, daí sim acreditei que marx está entre nós, aliás manuela cássia, está vivo e dialogando com as pessoas!!!!!!!!!!!!!!

mano esperei sua ligação para almoçarmos em conquista!!!!

Manoel Gomes disse...

Jonatan,perdoe-me, meu kamarada! Foi muito corrida a minha estada em sua terra, tinha como meta ir para Salvador no mesmo dia, coisa que não aconteceu, mas não faltara tempo...não esqueça que está marcado o encontro de julho. Quanto ao comentário, parabéns!

Jonatan disse...

entendo, depois conte-me como foi sua passagem por aqui, porque lembro que naquele dia choveu muito por aqui!
e quanto a luta de classes...(crÔNICA)
está show de bola, lembrei dos seus comentários com itamar!
ah
não esqueça de dizer se itamar passou na seleção!