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Por outro, todos sabemos que um canal de televisão é uma concessão pública que deve estar a serviço do público, sei que parece redundante, mas o que vemos não é isso e sim uma privatização espúria, uma transformação daquilo que pertence ao povo em propriedade privada, e ainda aparece o discurso querendo nos convencer que tudo aquilo é oferecido de graça. Quem já esqueceu daquelas chamadas das TVs abertas sobre assunto?! Uma concessão deveria estar a serviço da educação, da ampliação do conhecimento, de uma programação que respeitasse o caráter plural do país! O perfil do cidadão comum é o da novela das 8:00! Isso é tão imoral que o âncora do jornal da TV dos Marinhos comparou-nos com Holmer, para quem não sabe, é aquele pai idiota da animação "The Simpsons"!
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Digo tudo isso, mas não nego o quão é poderosa a "máquina da tela azul", e isso é tão intenso que é bem capaz de os brasileiros não ficarem magoados, aborrecidos, apenas porque o William Bonner os chamou de idiota no horário nobre! Nada, somos idiotas mesmos, afinal todos assistimos novelas, BBB e outras excrescências, mesmo sabendo o final! Contudo, ainda há vida pensante na TV. Existem alternativas que estimulam a criatividade e os neurônios ficam agradecidos pelo exercício! Existe um programa na TVE do Rio de Janeiro que mostra que ainda é possível ver coisas de qualidade para além da alienação brutal a que somos submetidos, cotidianamente, que sequer contestamos quando somos chamados de imbecis em rede nacional! Estou-me referindo ao programa apresentado pelo Michel Melamed, o "Re(corte) Cultural"! Não deixa de ser uma provocação diária, um exercício para nossa inteligência! Somos desequilibrados o tempo inteiro! São "cortes" que nos provocam a buscar a totalidade do que está sendo apresentado! Foi lá que descobri um artista plástico fantástico chamado Siron Franco, o que foi muito interessante no sentido de ampliar minha gama de conhecimentos, abrindo portas ao invés de me encastelar em torres de mediocridade, como acontece comumente! Vale muito à pena! Todas as vezes que posso assistir, digo para mim mesmo: não é a televisão que nos entorpece, que nos aliena! Ela não é uma força supra-humana! Somos nós que a tornamos o que ela é, neste caso, o Re(corte) Cultural mostra que é possível inteligência na TV...