domingo, 18 de julho de 2010

Surreal...

Se vivo fosse, Salvador Dali reconheceria que, perto do que anda acontecendo sob nossos olhos, seus quadros não eram tão surrreais assim! Neste domingo, faz uma semana que acabou a maior masturbação futebolística que os espertos dirigentes da FIFA dão o nome de Copa do Mundo. COISA que na verdade não passa de um grande balcão de negócios, cuja conta, por estranha ironia, são os pobres miseráveis que pagam, embora não percebam ou  não queiram perceber! Apesar disso, coitados, ainda são avaliados, com nota e tudo, para que saibam se fizeram  direitinho o dever de casa! Nesta edição, O professor Blater lhes deu NOVE! Agora me digam: com a miséria que grassa na África do Sul (ou vocês acreditam que aqueles torcedores televisivos representam a grande maioria dos pretos?) o que justifica o gasto de milhões em ferro e concreto armado cujo destino final será servir de enfeite no meio do nada? Surreal é convencer um povo "inteiro" (nós tambem entramos nessa) que um monte de ferro e cimento no meio do nada é um grande LEGADO para um país! O que será feito com os estádios gigantescos construídos para a copa da África do Sul? Não pensem que seremos diferentes, acontecerá o mesmo por aqui em 2014, com as mesmas falácias e a ênfase mais que perfeita na palavra chave que abre todas as portas: LEGADO! Aliás, é importante que se diga, aqui, na Argentina do nordeste, o Estado gastou rios de dinheiro para refomar um estádio (Roberto Santos - Pituaçu), por conta do desastre que matou alguns com a queda das arquibancadas da Fonte Nova, e agora vai gastar mais alguns milhões para REFORMÁ-LA para a copa! E pensar que muitos choraram quando viram o nome do Brasil estampado na abertura do envelope! Respondam rapidamente a essa perguntinha sacana: o que ganhamos, afinal, em relação ao tal LEGADO, com as obras do Pan-Americano? Ah, já sei, deram ao Botafogo a possibilidade de ter um estádio, às custas do dinheiro público, embora só ande vazio por causa do difícil acesso!
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Vimos, em meio às realizações dos jogos da seleção privada de Dom Ricardo Teixeira I, milhões de brasileiros encherem o peito com um nacionalismo barato e sem propósito, vestirem-se de verde e amarelo, alguns compraram até vuvuzelas, tornarem-se patriotas por um MÊS e torcerem desesperadamente por Dunga e seus mercenários! Vejam se não é surreal alguém torcer por uma empresa privada pensando que está torcendo por seu país? Não nos esqueçamos que os Galvões e outros do mesmo naipe convencem os incautos que o Brasil, embora apenas três joguem por aqui, está em campo e que depende de nossa torcida para VENCER, o que mesmo? Já foi pior! Observem que quem menos ganha nesta história é o torcedor, que continua, na sua grande maioria, com um salário miserável, enquanto a conta bancária de Dom Ricardo I está cada vez mais recheada, ainda que a seleção dele tenha perdido! Você vai negar que usou sua camisa amarela ou azul durante as partidas? Diga se você não se sentiu UM VENCEDOR com aquele gol do Maicon contra a Coréia do Norte? Lágrimas lhe vieram aos olhos, não foi? Saiba que vi pessoas queimando dinheiro nas ruas com cada gol feito por nossa, lá ela, seleção!? Mas, espera aí, não se repete à exaustão que quem faz isso com dinheiro é maluco? Não, não vou usar Aristóteles, nem consultar Salvador Dali!
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Desisto de pensar em futebol, Salvador Dali ou Aristóteles e, para que a casa não fique em pleno silêncio, ligo a tv e tomo conhecimento, pela enésima vez, que o (ex) goleiro de um time de futebol matou, ou mandou matar, quem vai saber, uma das suas namoradinhas! Isso é assunto de um dia inteiro! Desligo, estou cansado de ver o jornalismo vampiresco televisivo, desculpem-me pela redundância,  e, para minha surpresa, não tenho saída, esse é um assunto que está em todas as mídias, dormimos e acordamos pensando nas acrobacias sexuais do goleiro e suas amantes, como na copa, parece que o país "parou" para saber quem matou(?) Eliza Samudio, o curioso é que não faz muito tempo eram os Nardonis quem davam razão à nossa existência voyerista! Infelizmente, para nós, George Orwell foi mais contudente em suas previsões do que o polvo Paul e seus palpites infantis sobre a copa do mundo, definitivamente vivemos em 1984...

4 comentários:

Manoel Gomes disse...

O grande lance da falácia, não resta dúvida, é seu poder de convencimento. Vamos usar um ou dois exemplos para "visualizar" como isso acontece pertinho de nós. Houve um tempo em que grassava o número de escolas de odontologia no Brasil,porém era o país dos desdentados. Todas as vezes que os "estudiosos" da questão bucal queriam abrir uma nova escola usavam do mesmo argumento: a inserção de uma escola de odontologia naquele lugar iria ajudar a melhorar sobremaneira a saúde bucal da população! A cada nova escola, o mesmo argumento se apresentava e o número de desdentados só fazia crescer, na verdade, a abertura das escolas privilegiava muito mais os filhos da classe média que teriam condições de estudar do que a população dos desdentados, afinal, ainda hoje, mesmo com a popularização do atendimento, ainda é caro o tratamento dentário. Com a copa que será realizada por aqui é a mesma coisa. Dizia uma filósofa que não será apenas a construção de estádios, mas uma reestruturação da rede hoteleira(que irá beneficiar?), dos aeroportos(que irá beneficiar?), das estradas(com a cobrança de pedágio,que irá beneficiar?). Há uma semelhança no discurso dos "dentistas" com o da filósofa, ou não?

Lusimary disse...

É, foi conforme o prometido!

Anônimo disse...

A carta capital desta semana possui reportagens interessante e aponta que o único beneficiado com o megaevento foi a FIFA que faturou o dobro da copa de 2006 da Alemanha. A África do Sul pelo contrário, ficou no vermelho e também com mais elefantes brancos. Nos próximos anos seremos o "país do esporte(s)", copa, jogos olímpicos e outros megaeventos estão na agenda governamental ditando os investimentos públicos. E quem será mais uma vez os perdedores?
Wagner Matias

Manoel Gomes disse...

É professor, os mesmos de SEMPRE!A única tristeza é que os mesmos de sempre brigam para que sejam explorados pelos "mesmos de sempre"(alguns dos quais o senhor vê todos os dias aí em Brasília). O que fica é um sentimento de impotência pavoroso...