quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Maurren, Jadel, Fabiana e seus fracassos...

A utilização pela mídia da emoção barata nos eventos esportivos já não nos surpreende mais! Percebe-se que seu principal instrumento de "coação" é o choro dos vencedores e/ou perdedores, logo, quer que façamos o mesmo! Não foi diferente no campeonato de atletismo 2009, realizado em Berlim, entre 15 e 23 de agosto. Como não poderia faltar, fomos acarinhados com algumas lágrimas da menina Maurren, bem que ela tentou, mas a dor foi mais forte e as lágrimas vieram, desculpem-na pelo fracasso, sim?! O joelho impossibilitou a realização do sonho da medalha e, quem sabe, mais alguns trocados em sua conta corrente!?Como nossa memória costuma nos trair, é bem provável que nem lembremos que, há mais ou menos um ano, se comemorava sua medalha de ouro, venceu a russa por um centímetro, e o "fracasso" de Fabiana Murer e suas varas, nas Olímpiadas de Pequim-2008! Aliás, é preciso que se diga, necessitamos e muito desses heróis esportivos para nos sentirmos menos perdedores, pensem bem, com o congresso que temos, repleto de Sarneys, Renans e outros, poderia ser diferente? Teria razão Angela Rô Rô quando dizia que "só nos resta viver"? Ou de quando em vez, a pedido da mídia, devemos derramar algumas lágrimas por eles?! A frase do repórter da rede globo Pedro Bassan, logo após o recorde de César Cielo nos cem metros, dá a exata dimensão das ironias linhas atrás: "um grande feito para a humanidade." Fala a verdade, não é surpreendente ouvir um jornalista, ainda que ele seja medíocre, dizer algo com esse teor? Transformar uma ação motora individual em algo extraordinário para os seres humanos, convenhamos, é de uma estupidez sem precedentes. Albert Einstein afirmou, certa vez, que apenas duas coisas eram infinitas: o universo e a estupidez humana.
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Entre os chamados atletas de elite, Jadel Gregório é aquele que considero o mais "malandrão" de todos. Parece que foi surpresa até para ele mesmo quando no Troféu Brasil-2007, em Belém, obteve um salto de 17,90m! Um grande feito, sem sombra de dúvida, além disso, conseguiu quebrar o recorde de 17,89m que pertencia a João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, que já durava 32 anos. Impactado com a façanha, perdeu a noção de tempo e espaço e saiu prometendo que a próxima proeza seria a quebra do recorde mundial do britânico Jonathan Edwards, a singela marca de 18,29m! Acreditava que podia por causa do tamanho do seu pé e por ser treinado pelo mesmo técnico do recordista! Brincadeiras à parte, o fato é que não chegou nem perto da promessa, vindo em curva descendente depois do feito da capital paraense. No último mundial, nas eliminatórias obteve 17,06m se classificando em último, a oitava posição. Na grande final, seu maior salto foi 16,89m lhe garantindo de novo, a última posição. Apesar disso, esse ano já saltou a marca "alvissareira" de 17,11m, no Meeting Indoor de Karlsruhe, na Alemanha. Curiosamente, o recorde do torneio pertence a ele, que na edição de 2004, conseguiu a marca de 17,46m. A desculpa para o desempenho tão ruim no mundial foi atribuído ao joelho. Na verdade, Jadel passa, para mim, a idéia de um bon vivant. Vive a vidinha que pediu a Maomé, lá na Inglaterra, e, nas horas vagas, tenta saltar satisfatoriamente. Suas afirmações são, no mínimo, curiosas. Chegou nas Olímpiadas de Atenas-2004 afirmando que só faltava saber qual seria a cor da sua medalha, não ganhou nem bronze! No mundial, a queda da qualidade de seu salto foi assustadora, mas aí a culpa não foi dele. A pergunta que não quer calar é: como pode um atleta de alto nível, sabendo que não está nas suas melhores condições, participar de uma competição em que estarão os melhores do mundo, incluindo no pacote uma séria lesão no joelho? Será que superestimou sua capacidade, entendendo que mesmo com o joelho roto venceria ou para o patrocinador tanto faz que ele se arrebente o importante é a exposição da marca?
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Fabiana Murer, depois do incidente de Pequim-2008, surpreendeu-me. Achava que tudo aquilo não passava de jogo de cena, que ela tinha "amarelado" na hora do salto e usou as varas como desculpa. Não há mais dúvida que realmente foi vítima da negligente organização do evento. Contudo sua reação deu a impressão que havia uma "conspiração" contra ela. Havia "alguém" querendo impedir que ela saltasse. Poderia ser a CIA a responsável pelo desaparecimento das suas varas? Observando sua trajetória, naquele período, seu maior salto foi de 4,70m, não seria nem bronze, já que a terceira colocada obteve 4,75m. Mas é claro que poderia surpreeder, afinal está entre as dez maiores saltadoras do mundo! Este ano saltou 4,82m no Troféu Brasil, no mês de junho! Em Berlim, apenas Isinbayeva com 4,85m saltara mais que ela, já que Rogowska com 4,83 não iria participar! O que aconteceu? As varas estavam lá, nada conspirava contra seus objetivos dessa vez. O que houve? Ela respondeu: "na verdade, não sei o que deu errado. Não estava sentindo muito bem o salto, não peguei o ritmo da vara. Não sei se a vara estava fraca.(sic) Tenho que ver com meu técnico." Quando saiu da China, Murer avisou que nunca mais voltaria àquele país por causa do incidente das varas. Naquele momento, a vara fora a responsável pelo desastre e na Alemanha? De quem foi a culpa pelo fracasso? O Joelho? Ops, não, o joelho foi o responsável pelos fracassos de Jadel e Maurren! Então? Podemos dizer que "amarelou" novamente? Com o sarrafo posicionado em 4,65m, que pode ser considerada uma posição "baixa" para quem saltou 4,82m, queimou as três tentativas! Essas ações motoras individuais fracassadas não deveriam representar nada mais que ações motoras. Atletas são individualistas até quando seu "jogo" é coletivo! O que me deixa por demais entristecido é saber que a Petrobrás, o Banco do Brasil, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e o BNDES investem quantias enormes em clubes, seleções e atletas, enquanto milhões de brasileiros pobres penam nos corredores dos hospitais públicos implorando por atendimento básico! A saúde neste país é artigo de luxo, quem não tem um plano, por mais chinfrim que seja, não pode "pegar" nem resfriado e não me venham dizer que uma "nova" CPMF resolve a questão! O que fazer? Torcer e chorar com a TeleVisão assistindo as performances dos Jadeis, das Maurrens e das Fabianas? Ou o quê? O que farão os miseráveis?...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Amigos...

Essa semana, quase sem querer, relembrei das canções de Roberto Carlos. É que o amigo Lauro Xavier Neto* sensibilizado com o deslizar das baleias, sob seus olhos, no mar de abrolhos, "parafraseou": "não é possível que você suporte barra." E olha que não somos contemporâneos, o fato é que o artista conseguiu atravessar gerações. Cresci embalado por essas "emoções", mas não posso negar que, passado tanto tempo, considero Roberto Carlos o Pedro Demo da música. Assim como o sociólogo escreve sobre tudo, nada lhe escapando, Roberto também não fica atrás. O caminhoneiro, a mulher de 40, as gordinhas, as baleias, os amigos, entre outros, foram por ele "homenageados!" Com a temática do amigo, há duas, uma que ele 'fez' para o parceiro de todas as horas, Erasmo Carlos, e uma outra que, na realidade, é a que me leva a refletir sobre esses tempos em que tudo é volátil, tudo é descartável, aquela em que ele queria ter "um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar." Acho que essa música é a "materialização" do ORKUT e dessas amizades tão impessoais que estamos vivendo.* http://lauroxavierneto.blogspot.com
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Hoje a sinalização da empatia de cada um é medida pela quantidade de amigos que vamos arrebanhando para os nossos profiles. Há alguns que têm tantos amigos que precisam mais que um 'orkut', estão tão cheio de 'amigos' que precisam outro, outro e mais outro para preencher os "vazios"! Por que tudo isso, você pode estar se perguntando. É que está se aproximando o meu aniversário (coisa que meus 'amigos' já sabem, afinal, o orkut já avisou!) e todas as vezes que isso acontece, a canção do 'milhão' me vem à memória. Não, meu caro, não tenho um milhão de amigos! Lá no meu "orkut" existem umas 66 a 68 pessoas, posso afirmar que muitas não são amigas, no sentido literal da palavra, se é que você me entende? Há algumas que nunca vi na vida, que sequer conheço ou troquei algum cumprimento pessoal! Contudo é bem provável que alguns daqueles que lá se encontram, no dia do meu aniversário, coloquem "scraps" me felicitando por mais uma "primavera", por mais um ano vivido! José Saramago refletindo sobre o twitter, o microblog da moda, disse algo que deveria inquietar, mas deve passar em brancas nuvens. Incomodado com o número de caracteres permitidos, 140, bradou mais ou menos assim: "estamos caminhando para o monossílabo nas conversas!" Os que compactuam com esses tempos de "silêncios", de poucas palavras, discordaram, afirmando que 140 caracteres é uma quantidade razoável para que as pessoas se comuniquem!
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Pensando no que acontece no orkut, se Saramago ficou constrangido com os 140 caracteres do twitter, o que diria ao 'ler' as felicitações de aniversário que grassam nos profiles orkutianos? Geralmente não ultrapassam três a quatro palavras, que vão se repetindo ad nauseam! Fico pensando se não houvesse aquele mecanismo que lembra o aniversário do "amigo" o que ACONTECERIA! O que pensariam os nossos amigos se esquecêssemos deles?! Há aqueles que têm tantos amigos, quase um milhão, que para não esquecer nenhum daqueles que lhe desejaram feliz aniversário, colocam uma mensagem de agradecimento coletiva, do tipo: "valeu galera, vocês moram no meu coração!" Dessa forma, além de nem precisar agradecer individualmente pelo "abraço", economizam tempo e não precisam digitar mais que algumas palavras! O que diria Saramago?! Você pode, então, me perguntar: "sim, e daí? O que fazer já que não podemos abraçar a todos os nossos amigos, sem contar que eles não reclamam dessa relação fria que construimos?" Bem, a resposta não é para você, é para mim, viu? Como meu aniversário está se aproximando, estou te isentando de colocar esses "scraps" aligeirados em meu profile, mesmo porque, não vou nem te agradecer, mas cá comigo, vou tentar, apesar da distância que nos impuseram, lembrar da sua voz e daqueles momentos que juntos rimos, brincamos, brigamos, choramos?, bebemos, torcemos contra e a favor, em suma, que estávamos juntos, sem a intermediação de teclados, mouses e periféricos, saiba, meu amigo, que vou me sentir plenamente abraçado pelas nossas memórias, sem a necessidade de um caractere sequer do ORKUT...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Medo de avião...

Comecei a me preparar psicologicamente para enfrentar mais uma maratona aérea, como todo sujeito que teme viajar pelos céus. Temo? Que nada, tenho é verdadeiro pavor de "andar" nas alturas! Desta vez, a caminhada seria muito longa: Florianópolis, Curitiba, Salvador, Recife, João Pessoa e Salvador. Depois faria o movimento inverso, excluindo Recife e João Pessoa. Como moro em Florianópolis, sairia de ônibus, pernoitaria em Curitiba, aproveitando um pouco da noite deliciosa daquela cidade, já retratada em outros diários por aqui, sem deixar de visitar o Bar do Alemão, porque não fazer isso é como ir a Salvador e não se extasiar com uma partida do VITÓRIA no Barradão, o santuário rubro-negro!
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Em Navegantes surgiu o primeiro contratempo. Resolveram recapear a estrada justamente naquele dia; por isso, passei aperto, um engarrafamento monstro de quase duas horas, aquilo desanimaria a qualquer mortal, mas tudo bem, era o início do recesso acadêmico, nada iria alterar o meu bom humor, portanto, o negócio era relaxar! Perdi um tempo imenso, é fato, mas afora isso, cheguei são e salvo à capital do barreado, prato típico do lugar, uma "delícia"! Sem perda de tempo, entreguei-me aos excessos de Dionísio. A racionalidade, às vezes, é um problema. Mesmo estando em estado de graça, não conseguia esquecer que se não tomasse cuidado, poderia perder o avião, depois de uma noitada regada à birita e petiscos, que é um "tira-gosto" metido a besta! Não se pode esquecer que ressaca nunca manda recado, mas, de quando em vez, nos brinda com uma "deliciosa" dor de cabeça ou você não acredita?!
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Para minha alegria, acordei no horário, fiz o desjejum, humm, e caí na estrada, posso dizer que o percurso até o aeroporto transcorreu sem qualquer aborrecimento; naquele momento, meu estado de espírito era igual ao daquele sujeito que cai do 30º andar e, ao passar pelo 10º, grita: "por enquanto, tudo bem!" Porém tinha me esquecido que tem coisas que só acontecem com time do Botafogo e comigo, embora acreditasse que depois do engarrafamento, nada mais poderia me incomodar, ledo engano! Estou cheio de graça na fila para fazer o check-in quando mais que de repente me aparece aquele funcionário cheio de boas intenções e de chofre me pergunta: "qual é o horário do seu vôo, senhor?!" Digo-lhe meu destino e para minha surpresa, vai logo respondendo: "Pelo que sei, não há esse itinerário aos sábados!" Mas não ficou só nisso, ainda teve a petulância de me perguntar se tinha certeza que o avião estava marcado para aquela data mesmo ou se eu não tinha me enganado?! Ora, como eu iria sair de Florianópolis sem ter verificado o horário de embarque e coisas afins? Na verdade, o que me irritou foi a insistência de ele desejar provar, para ele e para mim, que eu tinha me equivocado! Para minha infelicidade, não levei o documento (mas não é isso que nos mandam fazer?) em que a empresa aérea indicava detalhadamente meu itinerário, imaginem o quanto cresceu o caminho entre a fila do check-in e o balcão onde o dito funcionário me encaminhou para verificação! Àquela altura, já começava a achar que tinha me enganado, afinal, o sujeito fora tão categórico: "não havia vôos daquela cia para Recife naquele dia." Como me arrependi de não ter levado o tal do e-mail que esclarecia todo aquele bolodório. Quem mandou segui à risca o que eles mandam? Na mensagem dizia que não havia necessidade de levar "aquele" pedaço de papel para o balcão de embarque, eles disseram, bastava um documento de identidade!
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Quando cheguei ao balcão, lá do outro lado da fila, já não tinha mais certeza que um dia antes tinha recebido um telefonema dizendo que o vôo tinha sido alterado de 12:15 para as 11:00 porque o avião passaria por serviço de manutenção! "Será que eu não tinha ouvido e lido errado?" Era o que passava pela minha cabeça naquela via sacra! Mas não é que eu estava certo, o curioso é que o funcionário terrorista também estivesse! Estranho, não lhes parece? Não havia vôo aos sábados, mas o que ele não sabia, a empresa não lhe dissera, é que tinha vendido passagem para aquele dia, excepcionalmente, todavia por causa da tal manutenção, eu iria por outra empresa! Contudo o tormento ainda não acabara! Ao invés de viajar às 11:00 como estava previsto, mudaram a passagem para as 17:00, pelo menos seria para o mesmo dia. Eu que deveria chegar no Recife às 18:55, só aterrissaria às 22:00, é, e ainda dizem que no Nordeste que tem sorte é cagado!
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A permanência no Recife é melhor nem lembrar. Na esteira de bagagem, por ironia, havia outra mala muito parecida com a minha. De repente vejo um sujeito com minha mala na mão e eu gritando a plenos pulmões, do outro lado: "essa mala é minha, mermão!" Será que podia ser pior? Peço um hotel perto da rodoviária. Logo me avisam: "não há" Como é possível não haver? Pois é, no Recife não existe hotel perto da rodoviária, não é esquisito? Um taxista me levou para o Hotel Coral que eu não consegui perceber se havia mais mofo ou quarto! E o pior é que o infeliz era mais que mais caro que o Ibis, pode? Disse para mim mesmo: "É só uma noite, daqui a algumas horas você estará em João Pessoa!" Avisaram-me que tinha ônibus de hora em hora entre Recife e João Pessoa, o que esqueceram de me dizer é que aos domingos isso não acontecia. E eu escolhera o ônibus justamente para facilitar a minha vida, para que ir de avião se você pode ir de ônibus? Porque para mim, em se tratando de avião, quem tem, tem medo! Minha esperança é que com o avanço tecnológico vai chegar o momento em que o avião será um transporte como outro qualquer e nós, os que se sentem levemente incomodados quanto estamos no seu interior, para aliviar a tensão, vamos dizer ao piloto de forma categórica e sem sotaque: "Senhor comandante, por favor, pare o avião no próximo ponto, sim?" É, quando for assim, será uma dádiva para mim, meu amigo Lauro Xavier Neto, Manuela Cassia e outros, viajar de avião vai ser uma delícia...