sábado, 21 de fevereiro de 2009

Obama, Luther King, Malcolm X...

Passada a euforia, não resta a menor dúvida que a última eleição dos EUA, talvez tenha sido o maior espetáculo televisivo da "terra", diria eu, cá com meus zíperes, uma forçação de barra sem limites. Pensei em traçar algumas linhas a respeito da chegada de Obama à chefia do Big Brother do norte, se não servir para nada, que sirva para minha própria catarse! Tantas foram as buscas pelas semelhanças, com outros contextos e personagens, que nos parecia que a história se repetia agora com "tons coloridos", o que não sabemos é se na direção da farsa ou da tragédia! Imagino que os ossos de Luther King e Malcolm X se reviraram intensamente em suas tumbas! O mundo mudou essa é a mensagem dita por muitos daqueles que jamais em tempo algum perderam ou abriram mão dos seus privilégios! Tudo isso nos leva a um paradoxo. Estamos numa nova era, é o que dizem, contudo o continente do qual se origina o mensageiro da boa esperança continua numa pobreza atroz, cada vez mais sendo vilipendiado por aqueles que afirmam que as mudanças chegaram, pobre África!
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Quando o primeiro negro chegou a uma universidade nos EUA, foi recebido com um balaço, mas isso foi na segunda metade do século passado, é lógico que ninguém imaginaria que, passados quase 50 anos, teríamos um negro no comando do maior explorador de recursos naturais e humanos do planeta! Querem nos fazer crer que os oprimidos estão no poder, pelo menos essa é a idéia lida nas entrelinhas midiáticas! O sentimento pelo "feito" de Obama é deveras enganador, é a especificidade colocada como totalidade. Num passe da mágica acabaram todos os conflitos no Harlem e áreas afins, "mudaram as estações", só quem não percebe isso são os dogmáticos de plantão! Tudo o que aconteceu antes é passado, que está morto e enterrado, que bom, não? Agora são os Eua black and white sem qualquer restrição! Enquanto isso, do lado de baixo do mapa, há, como não poderia deixar de ser, um sentimento de crença incomensurável que domina àqueles que acreditam em "milagres". Esses fazem o possível e impossível para transformar o específico em totalidade: estão todos em estado de graça! Lágrimas rolam quando se percebe que é possível "mudar" não mudando coisa alguma! Aliás, admito, devo estar equivocado! Muitas foram as vozes que já disseram que as ideologias morreram, já não existem direita e esquerda, muito menos as extremas! Para se ter uma idéia de como isso é real, aqui na terra brasilis, José Sarney e Delfim Neto que foram "comandantes-em-chefe" dos governos da ditadura militar, hoje não se sabe de que lado(?) estão; o primeiro era o chefe da ARENA, partido da situação dos governos militares, enquanto o segundo, entre outras, foi até ministro da agricultura! Hoje posam de "mocinhos", um presidindo o senado da república e o outro como articulista da revista Carta Capital.
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As mudanças são possíveis, um admirável mundo novo, mais "admirável" que o de Aldous Huxley se apresenta, pois é, os maiores dilapidadores de riquezas da terra têm em sua presidência um preto. O que não se pode esquecer é que, o destaque é relevante, Obama em nenhum momento assumiu ou fez qualquer discurso em direção às "minorias" ou bradou contra as injustiças nos guetos americanos de forma prioritária, suas "promessas" sempre estiveram atreladas ao consenso entre os blacks, os whites, os latinos e outros! Os que têm boa memória sabem que o contexto em que Luther King estava e o que Obama se encontra é bem diferente! A não-violência pregada por Luther King era carregada de ingenuidade se levarmos em consideração o quanto era violenta a luta étnica naquele instante, hoje está mais disfarçada, mais subliminar! Luther Kig chegava às raias do misticismo, oferecia a outra face quando ofendido, brigar não fazia parte do seu vocabulário, era um Gandi nos Eua, poderíamos dizer! Ocupar os espaços com inteligência sem usar a violência, era o predicado! Todos sabemos onde essa ilusão o levou! Por outro, Malcolm X era o oposto, diria, o contrário de Luther King. Nada de oferecer a outra face. Se a situação em que os negros estavam envolvidos era de violência plena, ele sugeria que a resposta fosse na mesma direção e com a mesma intensidade. Pregar a não-violência, era pregar a estupidez, a idiotia! O fim de Malcolm X também é conhecido, foi assassinado tal como fora Luther King! Ironicamente, embora por caminhos diferentes, tanto Luther King Como Malcolm X tinham o misticismo como bandeira, algo acima dos homens em que se agarrar para aplacar as agruras, uma terra prometida em ambos os discursos, não havia uma teoria política nas sua propostas!
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Malcolm X, Luther King e Obama, o que aproxima esses três indivíduos, que semelhanças há entre eles? Sem meio-termo, diria que apenas a cor da pele, nada mais! A grande diferença é que enquanto os dois primeiros tinham um horizonte utópico, eram sonhadores no melhor sentido da palavra, pensavam um mundo em que o foco eram os negros, a superação de uma discriminação secular, Obama é multicor, tem os pés bem fincados no chão, para ele assim como as ideologias estão superadas, posicionamentos direcionados às "minorias" são um retrocesso, não levam nenhum preto à presidência dos Estados Unidos da América! Obama é um neoliberal da melhor estirpe. Não, não foi o mundo que mudou, continuamos vivendo sob o escudo capitalista, infelizmente, o lucro ainda é o objetivo final, continuam a exploração, a apropriação da mais-valia dos operários e a mercadorização de tudo, enquanto os miseráveis continuam, como antes, na periferia do "sistema". OS DEFENSORES do novo admirável mundo continuarão afirmando que algo mudou, só não ver quem não quer ou é tão dogmático que não consegue percerber as diversas nuances de cor...

2 comentários:

Anônimo disse...

Nã há dúvidas de que a eleição do Obama é um feito na história mundial. Mas também, não devemos ter nenhuma ilusão quanto ao seu governo. Em um país que faz da guerra a sua maior política de expansão, protagonista de uma das maiores atrocidades (bomba atômica), que tem um arsenal bélico capaz de destruir a terra 66 vezes e que posa de bom moço para o mundo, permanecer no topo é projeto e, para tanto, qualquer coisa será feita, com a anuência ou não do Obama, pois quem governa mesmo são as corporações!!!

Anônimo disse...

meu caro mano
vc lembra de quando vc disse q eu só ficava balançando a cabeça igual calango, afirmando tudo? kkkkkkkkk

mas como não tomar o mesmo posicionamento diante deste texto maravilhoso?

sou seu fã!