quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Chora, Brasil...

"Olha lá que os bravos são escravos são e salvos de sofrer". "Infelizmente, não tive competência para jogar meu adversário no chão.” As frases em destaque mostram duas formas de compreensão da realidade! A primeira, de Marcelo Camelo, reflete com uma clareza assombrosa a atual condição dos atletas olímpicos que, por estranho que pareça, já foram amadores, sem aspas! Um bom exemplo cinematográfico, dessa percepção de amadorismo, pode ser encontrado no filme carruagens de fogo. As competições têm mostrado que os bravos atletas, com seu sangue, suor e lágrimas, têm a responsabilidade de representar seus "países" em nome do tal espírito olímpico, "inventado" por aquele barão francês, e que hoje não passa de letra morta. O que acontece é que o importante não é competir e sim, ganhar! Tristes daqueles que são derrotados, daqueles que sucumbem aos seus adversários! O peso da derrota é tão grande que o choro tem sido uma arma fortíssima nas mãos dos nossos "soldados"!
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A segunda frase, pertence ao judoca brasileiro, Eduardo Santos, dita logo após a derrota para o suíço Sergei Aschwanden. Totalmente entregue às lágrimas, responsabilizou-se pela derrota! Fora ele o incompetente, fizera tudo o que pudera! Sua derrota foi uma pá de cal em mais uma possível medalha de bronze! Sua reação chorosa, provocando comiseração, demonstra claramente o que os ingênuos teimam em não ver: o que está em disputa, não é a liberdade, o que está em jogo não são os valores dos países que esses "atletas soldados" representam. A guerra que esses "bravos soldados" estão participando pertence às grandes corporações e seus produtos. São elas que, em última instância, determinam o grau de patriotismo de cada um desses eventos! Oferecem, em doses cavalares, esporte para todos, porém se algo deu errado, quando as coisas não vão bem, rapidamente, a mídia pode transformar o momento e fazer todo mundo chorar juntamente com o perdedor! Basta trazer mãe, pai e outros familiares emocionados para que tenhamos plena consciência que por trás daquele "soldado" há um coração, por que conter a emoção? Ele é um herói nacional, vamos chorar juntos?
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Vejam como aquela música que a torcida do Flamengo fez para o Botafogo pode ser parafraseada para essa ocasião! Chora Jade, chora Eduardo Santos, chora João Derly, chora Daniela Hipólito, chora vô, chora vó, chora mãe, chora pai! Somos jogados em um verdadeiro vale de lágrimas! Estimular essa reação faz com que não se discuta a grande quantidade de recursos que essa delegação recebeu dos cofres públicos! Convenhamos, investimento para sanar as necessidades básicas da população para quê? Estamos perfeitamente felizes com as "medalhas de água" de Hipólitos, Jades, Eduardos, Derlys...

4 comentários:

Lauro Xavier Neto disse...

oi Mano, estamos tentando construir um livro didático público para alunos do ensino fundamental (educação física) da rede municipal de joão pessoa e gostaria de saber se podemos utilizar alguns textos teus...
saudades mano!!!!!! beijos no coração...

Manoel Gomes disse...

meu comandante, não pense que esqueci da minha promessa no fim do ano, Manuela e eu, estarmos em João Pessoa com você! Quanto aos textos, esteja à vontade, sentirei-me lisonjeado por isso, outros beijos no seu coração, meu amigo!

wager matias disse...

Prof. você está fazendo sucesso aqui na escola, nem imagina, rsrs. Desculpe mas, peguei os dois textos sobre os jogos para trabalhar com os meninos. A discussão foi boa, eles envolveram com suas críticas, que por sinal, são mesmo pertinentes. Parabéns! Só seremos uma potêmcia esportiva(se realmente importante for) quando resolvermos os nossos problemas internos. Abraço

Manoel Gomes disse...

Wagner, Desculpar, por que você usou os textos para trabalhar nas aulas? Esteja à vontade, meu amigo, as produções humanas, pertencem aos humanos, abraços fraternos!