quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Pessoas Iluminadas...

Há uma canção de Gonzaguinha que, na verdade, representa uma grande metáfora sobre pessoas que povoam nosso universo! Dissera ele que "somos as lições diárias de outras tantas pessoas!" Este é um verso belo e singular, além de nos tornar cientes de nossa humanidade, ele diz: sou? Não, somos! Outro poeta, esse baiano, fez uma indagação a respeito do sentido da vida: "existimos, a que será que se destina?" Sei que este não é o momento, mas não custa provocar, nem que seja a mim mesmo! Por que estamos neste planeta? Faço toda essa elucubração, aparentemente, fora de propósito, por causa de dois processos seletivos que participei. Momentos singulares, por isso, jamais serão esquecidos!
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O primeiro deles se deu quando, há dois anos, tentamos o doutorado na UFPB e sequer imaginávamos o quão doloroso seria e que as consequências posteriores deixariam cicatrizes profundas. Em síntese, ter participado do processo me deu, como "presente", um documento em que estava escrito que o projeto fora aprovado, mas que não fora selecionado! Um verdadeiro prêmio de consolação! Sem contar o tratamento recebido da banca que me argüira. Saibam que estava no Nordeste, mas me senti como se fosse um estrangeiro! Não estou dizendo com isso que devesse ser tratado de forma diferenciada, mas que pelo menos houvesse respeito e isso não percebi no processo, contudo aconteceu algo que me remete à metáfora de Gonzaguinha, lá do início. Quando vou saindo em direção ao portão do campus de João Pessoa, eis que vejo o amigo Lauro Xavier Pires Neto! Isso transformou o meu dia. Além de colocarmos a conversa em dia e almoçarmos, ainda tive o privilégio de assistir à defesa de sua dissertação! Todas essas emoções no mesmo dia! Ainda fui o único a registrar o acontecimento com uma máquina que era analógica, não sei bem por quê, mas queimou o filme, terá sido incompetência do fotógrafo?!
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As pessoas mais próximas a mim sabem que os últimos dois anos foram de recuperação! Nada de procurar assumir coisas que me levassem a um estresse maior do que eu pudesse suportar, embora saiba que não é possível mensurar qual a pressão limite que não devemos atingir, sob o risco de quebrarmos! O "presente de grego" que 2005 me deu foi, aliás já falei exaustivamente aqui, um acidente vascular cerebral que me fragilizou sobremaneira! Disse a mim mesmo que não faria mais seleções, não sei ao certo se por medo de perder ou por me sentir incompetente! Para aumentar a descrença em seleções acadêmicas, ouvi de um professor que sem acordos espúrios a coisa se complica e a aprovação dificilmente acontece! Não me lembro agora quando percebi que poderia participar de outra seleção, mas no início desse ano dei entrada na área pedindo liberação, muito mais para garantir a vaga do que com a certeza que teria coragem de enfrentar tudo aquilo de novo!
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Quando retornei de Santa Catarina, fui enfático ao elogiar o processo seletivo e a lisura no encaminhamento das questões. Disse a todas as pessoas com quem conversei que mesmo que não fosse selecionado, tinha me sentido acolhido, respeitado, como não fora na UFPB (embora ela esteja no Nordeste). Cheguei em Florianópolis sem conhecer ninguém, numa terra estranha e sem ter entrado em contato com qualquer pessoa do programa! Só fomos apresentados aos futuros orientadores no dia da arguição, na defesa dos projetos, já que tudo fora feito pelo número do CPF! Todos os meus amigos já sabem o resultado, mas queria dizer que processos como esses são muito iguais! Ficamos sob tensão doentia, às vezes, chega a ser desumano! Todas as fases, desde a prova até a arguição, foram me dilacerando aos poucos, sem contar o medo, é verdade, o medo de não conseguir! Para variar o resultado final demorou demasiado, aumentando mais ainda o estresse! Meus diletos amigos, saibam que ter conseguido só foi possível pela primeira força que vocês me deram, quando ainda me recuperando do AVC, disseram, sem falar, que eu estava vivo, que ainda não seria dessa vez que eu sucumbiria.
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Como somos "as lições diárias de outras tantas pessoas" e não conseguiria citar todas elas pela exiguidade de espaço, trarei duas figuras emblemáticas que representam muito bem o "início, o fim e o meio"! Rosenilton Santos, hoje um filho que a vida me deu, em outubro, primeiro momento da vereda, no dia da prova, com sua generosidade, ligou para mim, eu em Salvador, ele em Camaçari, e disse-me com a bondade que é característica do seu coração: "vai dar tudo certo, porque você merece, eu estou torcendo!" Ele não tem a dimensão de quanto aquelas palavras foram importantes para que naquele dia eu pudesse escrever e conseguir que o projeto fosse avaliado! O outro personagem dessa história com final feliz, chama-se Alysson de Gouvêa. Na rodoviária, lá em Curitiba, na hora em que pegaria o ônibus para Florianópolis, ele me abraçou, deu-me um beijo e disse-me: fique tranquilo, você vai ser aprovado! Saibam que havia tanta pureza nos seus olhos de menino que balancei e agradeci em silêncio, retendo as lágrimas na garganta! Hoje tenho plena consciência que nada poderia dar errado por estar rodeado de pessoas iguais a vocês: BRILHANTES E ETERNAS COMO OS DIAMANTES!...

6 comentários:

Anônimo disse...

prof
me faltou palavras...vamos lá.
se plantamos sementes boas, colhemos otimos frutos, e com vc foi e sempre será assim.

te amo

dani disse...

que é isso meu amigo, que nos fazer chorar... realmente fiquei sem palavras mas saiba que embora eu não demosntre isso claramente, vc é uma pessoa iluminada e que é única na minha vida. As vezes ficar longe de casa, sabendo dos problemas que estão acontecendo por lá, é muito difícil, mas vc tem me mostrado, sem perceber, que lutar pelo nosso sonho vale a pena e é por essas e outras razões que é enorme meu prazer em ser sua aluna, orientando e AMIGA. Conte comigo sempre.
TE ADORO
BJSSSSS

Anônimo disse...

Eu vou falar mesmo...pq sou "fofoqueiro" kkkkkkkkk

Mano,
saiba que acreditamos em vc desde o momento em que vc se dispôs a fazer essa prova, e tivemos plena certeza que vc iria passar...
os paraibanos na verdade que perderam!!!

só quero que saiba que aquele sonho no qual te contei na quarta-feira, dia em que todos estavamos aguniados, foi um dos que mais me marcou. nunca vou esquecer...
e esse texto descreve um pouco desse sonho... só pra situar a galera:
no sonho da noite de domingo que antecedeu o resultado, mano me contava uma notícia muito boa, só que ele chorava muito, acho que foi a única vez que ví suas lágrimas!
depois acordei pensando em seu doutorado...enfim
contei a ele na quarta, e na sexta a noite estive em sua casa com o prof Antoniel (seu orientando); só q nada...Mas quando estávamos saindo de sua casa, descendo as escadas, ví uma estrela cadente cair no céu, e imediatamente comentei...é isso
tudo indicava que iríamos ter uma notícia boa!!!!!!!!

enfim, tudo se fez...

meu caro amigo...desejo-te tudo de "ótimo" em sua carreira.

contudo, sua história mostra um pouco da música de Djavan, não sei o nome, mas aqui vai um trechinho:

"só eu sei, as esquinas que porque passei, só eu sei...
sabe lá...o que é morrer de sede frente ao mar, sabe lá!!!"

um beijão

Anônimo disse...

Ró,Dani, Psirico, do fundo do meu coração, obrigado, os comentários materializam o post, vocês são realmente pessoas iluminadas que bom que vocês existem!!!

Lauro Xavier Neto disse...

Valeu Mano, com você recebi muitas lições diárias!!!! ESpero que você consiga fazer do doutorado uma ação concreta em favor da transformação dessa nossa realidade tão cruel e desumana. Muitos hoje fazem a "pós" pensando no aumento de salário e no "status" social (por isso não resisti ao doutorado na UFPB). Força SEmpre! Desejo estar em Jequié em fevereiro...

wager matias disse...

Professor mais uma vez parabéns, desculpe a demora. Você com "suas" conquistas continua nos mostrando que ainda vale a pena seguir o caminho da honestidade. Sucesso.