terça-feira, 12 de junho de 2007

Vavá, o "simplório"...

Dizem as más línguas que nestes tempos, tempos dos homens rápidos, não mais existem bobos! Levando essa lógica ao extremo, poderíamos dizer que hoje quando as crianças nascem já começam a andar! Brincadeiras à parte, fomos "surpreendidos" por mais uma das operações da polícia federal; como a instituição traz sempre um nome sugestivo, neste caso, não foi diferente, chama-se xeque-mate! Não somos os primeiros a dizer isso, mas como o alvo da operação são as máquinas caça-níqueis, não se percebe nenhuma relação com o jogo de xadrez que tem no xeque-mate seu lance mortal; qual a razão da escolha desse nome, então? O xadrez pede raciocínio apurado, enquanto as caça-níqueis não exigem grande sapiência para manipulá-las. Por que então batizá-la com esse nome? Está claro que a metáfora da operação não está ligada diretamente a ação do jogo em si, mas aos jogadores envolvidos que devem representar peças no tabuleiro, a pergunta que não quer calar é: que peça representa Vavá neste jogo: peão, bispo, torre, cavalo...?
.
É fato que a quebra do sigilo telefônico dos envolvidos, nas diversas operações realizadas pela Polícia Federal, vem nos permitindo ouvir coisas inacreditáveis, isso para dizer o mínimo! O mais interessante, nestes casos, é a necessidade, sui generis, dos atores flagrados precisarem de tradutores, embora estejam usando a última flor do Lácio, pois tudo o que dizem, na realidade, não é o que estão dizendo, esquisito, não? Um exemplo talvez esclareça essa confusão vocabular! O sujeito diz: "as máquinas vão ser liberadas"! Seu interlocutor, quase sempre um advogado, na "tradução", afirma que ele está falando de máquinas de terraplenagem! ora, se estamos falando de jogos de azar, de máquinas caça-níqueis, em que momento pode-se falar em terraplenagem? A não ser que sejamos todos idiotas e que a língua que falamos tenha outro sentido além daquele que deveria ter, ou foi criado um novo código em que apenas alguns têm acesso, conseguindo, portanto, traduzi-lo!
.
Depois do episódio conhecido como mensalão, que derrubou José Dirceu, Silvio Pereira e outros, não se esperava que o presidente da república fosse mais uma vez "traído", passasse por mais um constrangimento, já que muitos chegaram a insinuar um impeachment para resolver aquele impasse! Eis que seu irmão, Abel, não, Genival Inácio da Silva, o Vavá, foi apanhado pela operação xeque-mate! Na realidade, a primeira reação do presidente quando informado do fato, ainda na ìndia, foi dizer que conhecia o irmão há mais de 61 anos e que ele era incapaz de uma ação como aquela. Mas a indignação do presidente foi minimizada pela certeza de que Vavá estava envolvido e que havia uma série de gravações telefônicas que corroborava a notícia! Com a certeza do envolvimento, caracterizado como tráfico de influência e exploração de prestígio, só restava à família contratar um bom advogado.
.
É neste momento que aparece o inventor do novo "idioma", o advogado Nelson Passos Alfonso responsável por transformar essa tragédia numa farsa! Logo na explicação da defesa, faz uma mise-en-scène, imagina-se que vai sair um discurso articulado, mas deixa a impressão que é gago: "a minha linha de atuação é de fato negar a existência das acusações imputadas ao meu cliente". Essas palavras são entrecortadas. Ora, se ele, advogado, não negar a existência das acusações para que a família o contrataria? Diz mais algumas pérolas, talvez a mais insinuante seja quando fala em máquinas de geração de emprego, não dizendo que máquinas seriam essas, porque, a princípio, qualquer máquina pode ser de geração de empregos, inclusive as caça-níqueis! Parece que a defesa pretende desqualificá-lo, mostrando-o como uma pessoa de pouca cultura e compreensão limitada! É lógico que isso tiraria dele qualquer capacidade de argumentação, elemento fundamental para um lobista! O certo é que a família espera que seja provada a sua inocência, contudo um dos irmãos, Germano, disse que não bota a mão no fogo por ele, enquanto o presidente não acredita que seja um lobista, afirmando que no cardume de pintados, está mais para lambari, que é um ingênuo, contudo um de seus comparsas é contundente: ele é picareta! Neste caso de polícia, o adjetivo que enquadrará Vavá é a questão final desta farsa!

Um comentário:

wager matias disse...

Vou me prender apenas as questões, principalmente dizendo quem é o rei a ser derrubado. Ele mesmo o presidente Lula que de peão passou a rei,rs. Se ele ou qualquer um cometeu crimes de acordo as leis que não fizeram que paguem mas, é visivel o aproveitamento do caso para atingir o executivo e atrasar as votações no congresso.