sábado, 24 de novembro de 2007

Diário de Bordo II...

Entre os muitos sonhos de infância, conhecer a cidade do Rio de Janeiro era um deles! A plástica e a luz desta metrópole sempre me atraíram, sem contar o mar enigmático que seduz ao primeiro olhar! Todavia a onda de violência que se espraia pela cidade, vinha me desestimulando. Quem não lembra a ação de caça aos traficantes perpetrada pelo Secretário de Segurança Pública, que não passa de um FANFARRÃO, o tal do José Mariano Beltrame. Parecia filme hollywoodiano, com perseguição via helicóptero e execução ao vivo pela tv! Quem viu, não esquecerá jamais! Apesar de tudo, tenho que concordar com a inscrição que está na camisa que me foi presenteada pelo Menino Ró (filho querido) que diz: "Apesar de tudo...O Rio de Janeiro continua lindo." E olha que os três Pretinhos encontraram a cidade completamente encharcada; chovia e se manteve mais ou menos assim durante toda a nossa estada, mas, como diria O Rappa, mais que carioca, valeu à pena!
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Por estranha ironia, Copacabana estava "cinza", a chuva "escondia" o mar! O que foi uma pena, sempre quis ver o Rio de Janeiro iluminado, contudo vê-lo com suas luzes obstaculizadas pela neblina (até o Cristo ela escondeu) fez-me entender de forma mais clara o que Adriana Calcanhotto quis dizer ao falar dos filhos da terra: "Cariocas são dourados, cariocas não gostam de dias nublados."
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Foi muito coisa vista em um espaço de tempo diminuto. Chegamos e a impressão que sentimos é que já estávamos saindo. Vivemos o tempo objetivo, o tempo cronológico que vai passando na sua inexorabilidade, ou seja, o tempo de todos nós; no outro extremo, temos o tempo subjetivo, o tempo de cada um. Quando uma coisa é prazerosa e interessante, achamos que o tempo encurtou, que terminou muito rapidamente! Esquecemos completamente o tempo objetivo, a sensação é que passou rápido demais, que pena! Logo estávamos voltando, mas vivenciamos coisas lindíssimas, vimos muitas das belezas da cidade, ainda que a chuva tenha tentado, juntamente com os engarrafamentos, estragar a festa! Nesta história há um personagem baiano, com sotaque carioca, Reginaldo, que mora no Rio desde 1956, tio do Menino Ró, que nos guiou pelos labirintos e reentrâncias da cidade, retirando todos os véus que cobriam coisas que os turistas comuns geralmente não vêem! O interessante é que o camarada parece uma criança no sentido da vitalidade! Nos pregou algumas peças, entre elas ter nos dado um guarda-chuva, que teimava em chamar de chapéu, quebrado. Fomos passear no Metrô na saída quando tentamos abrir, o guarda-chuva se desmanchou. Ficamos preocupados e o cara rindo a valer da nossa cara!
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Fizemos uma visita ao "Camelódromo", contudo a chuva continuava não dando trégua, molhava tudo! Não deixamos de comprar algumas "bugigangas". Uma saída de praia com o símbolo de Copacabana era uma das "relíquias" que Manuela Cássia queria e muito! Passamos pela Lapa, vimos, por trás do portão, o local do desfile das escolas de samba. Tiramos algumas fotos ao lado de "Drumond". Brincamos muito com a situação! Percebemos que o número de veículos tem empobrecido o território das grandes cidades e o Rio, neste sentido, também sofre com esse "inchaço". O número de carros é inversamente proporcional ao número de vias capazes de fazê-los transitar eficientemente, com isso, vem a poluição e todo o resto! "Cariocas são espertos", repete a poeta, causando uma grande surpresa aos Pretinhos, já que o "churrasco carioca" privilegia a asa da galinha, aquilo que para nós, baianos, é "carcaça", em detrimento da parte mais saborosa que é a coxa, é, "cariocas têm sotaque"!
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Enquanto passeávamos no Shopping, avistamos uma loja em que se jogava boliche, Manuela disse: "vamos jogar?" Pensei cá com os meus botões, ninguém vai topar. Qual a minha surpresa que eles mesmos responderam: "vamos"; eu e Reginaldo fomos levados pela "onda"! Não canso de repetir que ganhei duas vezes em ser o pai dessa guria e ela sabe bem o que quero dizer com isso! Nesta viagem, adotei o Menino Ró! Agora tenho dois filhos! Vê-los jogando foi extremamente prazeroso, duas pessoas lindas brincando, e ainda me "obrigaram" a tentar uma jogada, dizendo para não me preocupar com o "mico": "hoje a noite é nossa!" Tomamos alguns chopes para celebrar o momento! Para aumentar o climax, numa de suas jogadas, fizeram um strike, que é quando o jogador derruba os dez pinos de uma só vez! Imagina os caras nunca tinham jogado aquele negócio, e não satisfeitos, ainda conseguiram o spare, ou seja, derrubaram os dez pinos em duas jogadas. Os Pretinhos tiraram a maior onda! Pareciam veteranos; eu era um orgulho só, um sujeito feliz por ter o privilégio de viver emoções como essas ao lado dos filhos! Entretanto nada é perfeito, um incidente quase tirou o brilho da noite: os 8 chopes que havíamos tomado viraram 17! Uma "ex-amiga" diria: "que é isso, meu!" Foi neste momento que o Menino Ró, um verdadeiro Gentleman, sem alterar a voz, fez ver à gerente mal intencionada, que estava nos achando com cara de otários, que seus cálculos estavam "equivocados". Ela sentiu na pele que baiano bobo e burro nasce morto! Respeito é bom e nós gostamos! A atitude foi um tapa com luva de pelica. Essa foi a única nota triste na aventura dos Pretinhos na cidade maravilhosa, mas isso não ofuscou em nada o carinho que construímos pela cidade e pelas pessoas que nos acolheram de forma tão fraterna e calorosa. Não, não seremos aristotélicos de forma nenhuma: "cariocas são bonitos, cariocas são bacanas"...

3 comentários:

Anônimo disse...

Pena que vocês não viram o Rio de Janeiro num dia ensolarado! Eu tive esta sorte nas poucas vezes que lá estive e posso afirmar que é mesmo lindo! Mas, lindo mesmo, é perceber o carinho que você coloca nas palavras ao falar de Manuela e Ró, seus dois filhos! Te amo, pretinho!

Manoel Gomes disse...

Eu também, 7 mil vezes!

Anônimo disse...

temos que voltar ao RJ urgente, já estou com saudades.
só que dessa vez vamos ser os quatro pretinhos.