sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Jaques Wagner e seu horário de verão...


Todos sabem, e se não sabem vão saber agora, que a Argentina faz de tudo para se assemelhar a um país europeu, ainda que faça parte, quiçá a contragosto, da vilipendiada e explorada América do Sul. Não sei se por maldade dos deuses, esse país latino americano está justamente na parte mais baixa do continente, esse fato deveria torná-lo mais humilde e menos arrogante! Contudo não é isso que acontece, basta dar uma olhada em suas manifestações culturais, sociais e políticas para que essa grandiloquência se mostre de forma contundente. Os Maradonas, as Evitas e os Peróns não nos deixam mentir! Do lado de cá da fronteira, há um caso análogo. Há um estado numa das regiões que está entre os maiores bolsões de pobreza do mundo que poderia ser chamado de Argentina do nordeste! Tudo na Bahia é pomposo, não sem razão um antigo governador já dissera que o absurdo por aqui tinha/tem precedente! Isso é tão caricatural que um artista local dos mais renomados cometeu um deslize ao dizer: "eu estava na Bahia e saí em excursão pelo nordeste!? Se a Argentina se julga um país europeu encravado no çul da América, a Bahia é o estado da federação que estando no çul do nordeste se apresenta como se estivesse em  região não localizável no mapa do Brasil!   
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O fato é que, inesperadamente para alguns, depois de longos oito anos sem fazermos parte do execrável horário de verão, o governador da Bahia, Jaques Wagner, determinou que era chegada a hora, perdoem-me pelo trocadilho infame, de voltarmos a fazer parte dessa elite da hora adiantada. Por causa dessa decisão singular de sua excelência, somos o único estado da região nordeste, ainda que pareça que não façamos parte dela, que aceitamos adiantar uma hora em nossos relógios: o suiço e o baiano. Como somos diferentes de todo o resto que compõe o universo nordestino, vem daí nosso complexo de angentino, precisávamos estar ancorados naqueles que não são baianos ou paraíbas! Ora, pensamos que já estávamos livres de decisões arbitrárias comuns em outras eras!? O certo(?) é que, em tempos plúmbeos, houve um governador que se transformou literalmente em dono do estado. Esse poder possibilitou que alterasse o que quer que desejasse sem que houvesse qualquer impedimento; o caso mais grotesco foi o do aeroporto que, por capricho de pai, deixou de ser 2 de julho, a data mais significativa do estado, para ter o nome do seu filhoisso ocorreu também a um município; sem contar que batizou uma das maiores avenidas de Salvador com seu nome, além de escolas e outros bens públicos?! Outras aberrações foram perpetradas tendo o auxílio luxuoso dos cúmplices sequiosos por lamberem as botas do cabeça branca. Por questões de segurança do estado, achamos que é melhor não citar o nome do ex-governador, vai que as palavras têm poder e o homem das cinzas como a fênix vira de novo governador, quem nos garante que o estado não deixa de ser Bahia e vira Antonio Peixoto?
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Bem, nossa decepção foi constatar que um governador de um partido que se diz dos trabalhadores, sem qualquer consulta à maioria que o elegeu, justamente aqueles que sofrerão de forma mais acintosa com a mudança de horário, determinou que o estado estaria como todos os outros, exceto os da região nordeste, sic, em horário de verão! É bem provável que para a maioria do empresariado não estarmos entre aqueles que "vivem" em horário de verão causasse diversos transtornos para os seus negócios! Imaginem o grande negociante ter que se enquadrar o tempo inteiro com a agenda de seus parceiros do centro sul, porque seu estado teimava em não aderir à mudança? Esse empresário devia se sentir envergonhado por não fazer parte do mainstream! Agora, para José da Silva, morador de São Tomé de Paripe, trabalhador da construção civil, levantar às 3:30 para esperar um ônibus que o leve ao canteiro de obra, do outro lado da cidade, no bairro da Pituba, será um sofrimento que se prolongará até depois do carnaval, não só pelo serviço de transporte horrível que a cidade dispõe, como também pelos altos índices de violência a que vai se expor, e o governador sabe muito bem disso. Os que ainda têm alguma fé estão dizendo que, por Jaques Wagner ter mexido no horário de Deus, estamos sendo castigados com uma quantidade de chuvas que não aconteceu durante o inverno inteiro! Quer dizer que o governador pragueja e punidos somos nós? O triste dessa tragédia, se é que em algum momento uma tragédia consegue ser diferente, é que quem decidiu que a Bahia não mais faria parte do horário de verão, há oito anos, foi justamente o bando do antigo dono do estado, Antonio Peixoto
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A ciência ainda não tem provas contundentes, mas "críticos alegam que o horário de verão afeta o relógio biológico das pessoas, principalmente das mais velhas, com sérios danos à saúde. Para os que não suportam adiantar os relógios e quando a duras penas já se adaptaram, têm que atrasar, há uma esperança. Tramita na Câmara dos Deputados três projetos de lei cujo objetivo é a extinção do horário de verão no Brasil. A justificativa é que os benefícios com a redução da carga máxima de energia elétrica em horário de pico não atingem a maior parte dos cidadãos, enquanto os prejuízos à saúde e à segurança pública afetam precisamente as pessoas que precisam acordar cedo e ir à escola ou ao trabalho, pois, neste caso, as ruas ainda se encontram às escuras!" Para nossa tristeza nem o governador Jaques Wagner nem aqueles que o pressionaram a aderir ao horário de verão precisam se preocupar em levantar de madrugada para pegar o busão lotado, correr para chegar no horário e bater o ponto para não perder o dia! Infelizmente, para os pobres e miseráveis, são eles que elegem e nada mais têm a perder, a não ser suas pobres vidas, mas quem determina como deverá regular o horário dessas vidas são aqueles que os pobres e miseráveis deram o poder...

2 comentários:

Gal disse...

Fui totalmente contemplada neste texto maravilhoso, pois, encontrei nele coisas que eu percebi nesta atitude do governador. Ainda bem, que vc escreveu tava catando uma crítica como esta.
Parabéns!

Manoel Gomes disse...

Valeu, Gal!