domingo, 25 de setembro de 2011

Contraponto...

Assumida as limitações desse escriba, trazer o texto de Alex Castro tinha por finalidade mostrar que ainda é possível falar de amor intenso e completo, diria, extraordinário e possível, neste mundo onde os sites de relacionamentos são os novos pontos de encontros dos futuros casais! Não posso negar que o amor dedicado em vida e agora à memória de José Saramago por Pilar del Río materializa, quiçá, represente melhor aquilo que pretendíamos com essa empreitada. O belo texto de Alex fala de um amor maduro, resolvido, amor que buscamos todos os dias, e quem disser que não quer um amor assim, mente, queremos amar e que nos amem com a mesma intensidade. A declaração de Pilar del Río (em vida ele estava comigo, agora está dentro de mim) eterniza a relação na medida em que livra definitivamente do quotidiano o amor, dito de outra maneira, a vida faz do amor refém porque a convivência o expõe às mazelas de todos os dias, ironicamente é a morte que o liberta, torna-o imorredoiro, nada mais paradoxal, não lhe parece? Não quero eu dizer que para que o amor sobreviva é preciso que um dos amantes tenha que morrer, mas que viver um grande amor não é preciso! É tão verdadeira essa afirmação que, às vezes, a morte torna o amor definitivo! Eu sei, tudo o que estou dizendo soa contraditório! 
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Alex Castro anuncia um amor oposto ao que nós apresentamos para Lanzudo Reis. Naquele temos o encontro do ser divino, da alma gêmea, do amor esperado; neste vemos o amor deixando de ser correspondido, a perda, o sofrimento e, por fim, a morte como bálsamo para a dor lancinante e incurável, pelo menos para ele, do amor sentido por Luiza. A ironia é que ambos amam com a mesma intensidade e paixão. Observa-se em ambos uma apologia do ser amado, levada às últimas consequencias; o primeiro confessa coisas que, em geral, só são ditas na alcova, e expõe sua libido sem nenhuma desfaçatez; o segundo vai se consumindo por um ciúme silencioso, pelo distanciamento da mulher amada, por fim, a suspeita de traição, tão cruel quanto a de Bentinho por Capitu! Somado a tudo isso vem a perda do discernimento. Neste momento, os amantes bradam: "quem foi que lhe disse que no amor há discernimento? No fundo, no fundo, amar é morrer em vida!" Menotti del Picchia resumiu de forma irônica o que está reservado para nós, os humanos, em relação ao amor, disse ele: amar é sofrer, não amar é sofrer mais! O amor nos torna patéticos, em todos os aspectos, principalmente quando escrevemos para quem amamos! Dizem os analistas e entendidos que não há nada mais ridículo que uma carta de amor! Contudo foi Saramago, em seu O ano da morte de Ricardo Reis, quem belamente sintetizou o sentimento ironizando aqueles que tripudiam dos amantes dizendo: não esquecer que todas as cartas de amor são ridículas, isto é o que se escreve quando já a morte vem subindo a escada, quando se torna de súbito claro que verdadeiramente ridículo é não ter recebido nunca uma carta de amor. Preciso dizer algo mais?...  

Um comentário:

Anônimo disse...

Muuuuitoo bonito. Ler essa frase: amar é sofrer, não amar é sofrer mais! é sua cara....(Rs)
Amo-te!!