quarta-feira, 13 de julho de 2011

O menino velho e seu sonho...

Sonhos quando consumados costumo chamá-los de Padaria Paris, mas como essa é uma longa história, não vou contar agora, deixa para depois. O que importa neste momento é que consegui realizar o sonho do velho menino, depois de tenebroso e longo inverno, comprei uma motocicleta! Sempre quis ter uma, mas repetidamente apareciam os empecilhos e impediam que o desejo se transformasse em imagens vindas em direção às minhas retinas embaçadas pela presbiopia. Comecei a trabalhar aos treze anos, com uns 16 mais ou menos, já podia comprar a bixinha usada e a prestação, mas o problema é que não tinha crédito, ou seja, podia pagar, mas não podia comprar. E ainda tinha mais um pequenino detalhe: trabalhava, tinha um "salário", porém não existia para o mercado de trabalho! É que a tal da carteira de trabalho não era assinada, trabalhar com parente é sempre assim e na época isso era muito comum, ou seja, mesmo que eu quisesse, não venderiam algo para um trabalhador que não existia! Pedi, então, para que meu pai tirasse no seu nome e, como trabalhava em sua empresa, ia descontando do meu invisível salário, aos pouquinhos! Saibam que a resposta dada ao Vital, aquele do Paralamas do Sucesso, foi muito mais generosa que a minha, disse-lhe seu pai: “motocicleta é perigoso, Vital, é duro te negar, filho, mas isto dói bem mais em mim”. No caso do menino que queria envelhecer, ela foi muito mais dolorosa que até hoje ecoa nos seus tímpanos "quase idosos": “Moto? Claro que não, aquilo é um passaporte para a morte.” Aquilo? Onde já se viu se tratar assim um sonho de menino! Naquele tempo, ter uma CG 125 da Honda, era tudo o que mais queria, por isso, todo santo dia, passava na porta da concessionária, para admirá-la! Esperei a maioridade, diferente de D. Pedro II que a dita cuja lhe caiu no colo, sem precisar fazer o menor esforço, e carteira assinada para ter a motocicleta. Os sonhos não morrem, ficam esperando na antessala da memória, poético isso, não? 
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O problema é que mesmo depois que a maioridade chegou, ainda me encontrava “tutelado”, ou seja, como ainda morava com meu pai e trabalhando em sua gráfica, o “sonho” continuava sendo um passaporte! Com a demora e sem perspectiva de se concretizar, meu desejo começou a adormecer e a antecâmara (alguém ainda diz isso, rapaz? Parece coisa do tempo de Machado de Assis!) a se empoeirar para sempre. Mas como "o pra sempre, sempre acaba", assim falara Manfredini Junior, eis que tudo se modificou com a maturidade e com ela veio a liberdade plena! Agora, o menino já era velho o suficiente para não ter que se submeter a certas coisas comezinhas, os anos de idade lhe davam o direito sacrossanto de dizer NÃO e nada, nada poderia impedir sua utopia DE SE MATERIALIZAR! Resolvera que o sonho sairia voando sobre duas rodas a 200 km por hora! Bem, aí foi minha filha que atrapalhou o baba! Dissera ela, toda cheia de razão, que era muito arriscado andar de moto porque tinha muito medo dos motoristas pela experiência do que tinha em casa que era um usuário contumaz da direção ofensiva!
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Ora, bolas, mas será o Rosenilton? Quer dizer, a Manuela? Tinha sempre uma pedra no meio do meu caminho! Meu pai, agora a filha! Pensam que ficou só nisso? Que nada! Minha namorada também resolveu colaborar com a minha felicidade e foi logo me avisando: “se o senhor comprar uma moto eu te largo, sua misera!?” Perceberam a entonação do senhor na voz dela? Que suavidade! Mulher quando te trata cheia de pronomes de tratamento, saibam que coisa boa não vai acontecer, com certeza, vai entrar água! E o que dizer do mais que carinhoso sua misera? Quanto afeto se derramando numa frase tão pequena! Como pode um sonhador viver sob tamanha pressão? Tudo o que queria era sentir o vento no rosto, ter a liberdade de ir e vir sem se preocupar com engarrafamentos e coisas do gênero! E não me venham dizer que esse é um dos transportes mais individualistas do mundo, porque só cabem duas pessoas no máximo que, exceções à parte, são poucos os carros que levam mais de duas pessoas normalmente, não acreditam? Prestem mais atenção a partir de agora! O certo é que, enfim, comprei a tão sonhada e esperada motocicleta! Mas como nem tudo são flores, aconteceu isso mesmo que vocês estão pensando, a namorada (oh, mulher de palavra, meu Deus!) me largou sem nenhum rodeio, porém não me incomodei muito com isso, porque sei que namoro, casamento e afins são iguais a submarino, podem até boiar, mas foram feitos para afundar! Até que eu gostava da sujeita! Eu não falei que ia entrar água? Pois deixei o namoro afundar, lembrei que ainda sabia nadar! O problema agora era a filha, porque existe ex-namorada, ex-mulher, aliás, tinha um velho professor que sempre dizia: “ex-mulher, você ainda vai ter uma.” Que praga, hein? Mas voltando à motocicleta, não existe ex-filha, mesmo para os pais desnaturados, e filhas idem, rebento é que nem fator RH, não tem como mudar ou deixar de ser seu, ainda que você o renegue! E o meu sonho? No início, era um passaporte, por isso, virou presa fácil daquele motorista cuja direção é OFENSIVA e poderia me atropelar! Na verdade, depois de tantos obstáculos e chegadelas o velho menino fora obrigado a desistir da motocicleta e com isso a antessala da memória se desmoronou juntamente com o sonho do menino velho...

6 comentários:

Clinica Psicologia Lisboa disse...

Very nice post. hope you continue posting. belo post. espero que continuem a postar online. Pedro

Manuela Cassia disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Sábia, decisão muito sábia... Lembre que aqui em Salvador não respeitam nem o sinal vermelho e pense nos ofensivos, isso lhe deixará mais tranquilo!!!!!!!!!!!

Te amo, viu? simples assim.

Anônimo disse...

Adoreiiiiiiiii meu amor.....!!!Te amo M.........Bjsss

Rosenilton disse...

Meu querido sogro, ao contrário da frase citada "usuário contumaz da direção ofensiva!(sic)tenho direção completamente defensiva, vide o meu histórico no trânsito.Nunca me envolvi em colisões, graças a Deus, não tenho culpa se tem um monte de barbeiros com carteiras compradas né verdade?

Manoel Gomes disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, meu caro genro, tudo o que foi colocado sobre a DIREÇão ofensiva se deu a partir de consulta à fonte(sua cupincha), portanto, cobre dessa "pessoa" o conhecimento desse histórico. Agora, imagine se eu não fosse "querido",precisei falar "mal"de sua direção para que o senhor desse as caras por aqui, não?rsrs

Rosenilton disse...

Meu amado sogro, a partir de então a minha presença "aqui ó" se tornará rotineira.
Quanto a minha cupincha, hoje vai rolar DR.
Um beijo.