segunda-feira, 7 de março de 2011

Palavrão à beça...

Quando eu era pequeno, antigamente se dizia assim, o palavrão era tratado quase como uma instituição. Naquela época ainda não havia o tal do ECA, o estatuto da criança e do adolescente, que, por ironia, não deixa se ser um palavrão, eca é o mesmo que merda, para proteger os impúberes! Aquele que cometesse a tolice de dizer um palavrão corria o risco de receber uns tabefes pelas fuças! Os mais velhos tinham que ser respeitados, entre esses, os pais da gente, é claro! Hoje o respeito aos idosos, verdadeiros tiranos, se tornou uma imposição regada a inúmeros constrangimentos, mas isso não vem ao caso agora, vejamos como o palavrão perdeu/ganhou status nestes tempos onde tudo pode! Ou seja, antes uma palavra totalmente censurada, dita em momentos de muita cólera e sob muita solenidade e tensão, hoje, um tanto quanto banalizado, diria, sem medo de errar, que o palavrão vem sendo achincalhado a torto e a direito! Havia todo um protocolo para mandar alguém à porra, não era assim de qualquer jeito e a qualquer hora! Havia o momento preciso, você inflava o peito e berrava a plenos pulmões já se preparando para a briga! Chamar alguém de seu sacana, ainda que não soubéssemos literalmente o que aquilo queria dizer, dava uma confusão danada! E chamar alguém de viado? E corno? Tá rebocado, piripicado? Seu filho da puta? E vá se lenhar, então!? Lembro-me de um colega que me dissera qual o significado da marca FORD, o escroto me explicou direitinho enfatizando como o D soava na palavra, no fim das contas o resultado era mais ou menos Fodê. Feliz com a descoberta desse trocadilho infame, quase que imediatamente fui explicar essa pérola ao meu irmão caçula, para quê? Como todo caçula é tirânico esse não era diferente. Quando estávamos todos reunidos em volta da mesa ele abriu a boca para dizer a minha mãe a mais nova palavra que eu lhe ensinara! Por sorte, naquele preciso dia, a velha não estava muito atenta e não prestou atenção no que dizia o pestinha, porque se isso acontecesse, era porrada na certa!
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O palavrão anda tão em baixa que em partidas de futebol, transmitidas em rede nacional pela TV, parece que estamos nas arquibancadas. O certo é que com a inserção dos microfones de captação ambiente temos um campeonato à parte, pela quantidade de palavrões proferida durante o jogo fica muito difícil saber quem vai ser o campeão: a torcida, os jogadores ou os técnicos? Vanderlei Luxemburgo, um sério candidato ao título, passa o jogo inteiro gritando: caralho, caralho, filho da puta, caralho, porra! Lembro de uma vez que ele reclamou dos microfones, com o argumento de que as netinhas dele ficavam ouvindo  tudo aquilo! Eu adoro quando ele leva as netinhas para a coletiva, parece algo tão surreal quanto ele de paletó e gravata como se estivesse na Europa com a temperatura beirando os 15 graus positivos! Mais engraçado ainda são os comentaristas tentando amenizar a situação, dizendo coisas do tipo: "esse Vanderlei já gosta de um baralho", agem como se as crianças, que ingênuos, não soubessem do que se trata! Mas não é só o Luxa que pronuncia essas obscenidades! E a torcida? "Ei, seu juiz, vá tomar no...!" O pobre do palavrão está tão desmoralizado que uma sobrinha sem nenhum pudor mandou o tio tomar lá no olho, bem, deixa para lá, não preciso dizer que se fosse no meu tempo, minha nossa senhora, a madeira ia gemer, mas hoje com o ECA, se bater em criança os pais são logo intimados pelo conselho tutelar! Agora, falando sério, por que vamos censurar a sobrinha, uma criança pequena, se Eliana, a apresentadora do SBT, que neste carnaval comandou um bloco infantil no circuito Barra-Ondina, em Salvador, mandou todo mundo tomar no? Não acredita? olha ela aqui soltando a voz! Contudo quem realmente desmoralizou completamente esse sacrossanto palavrão foi Cris Nicolotti, ouça-a bem aqui, já que o "cantarolou" juntamente com Bob Dilan, em rede nacional, no programa de um dos gordos da globo, aliás, o gordo do domingo agora é magro! Para falar a verdade, essa "popularização" do palavrão trouxe algo extremamente interessante, acabou de vez com a hipocrisia que o cercava, afinal, todo mundo manda/va alguém tomar em algum lugar, só que "escondidinho", no entanto, esses "audaciosos" quebraram de vez as amarras da censura e soltaram os palavrões, que agora livres gritaram: vão tomar na pleura seus filhos da puta...  

2 comentários:

Manuela Cassia disse...

Gostaria de sair em defesa da pobre sobrinha. Tadinha, ela foi ofendida antes!!!! Mas, vá lá...
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A popularização dos palavrões traz a tona uma outra característica da sociedade atual. Ele está ai, para qualquer um ouvir e falar. Contudo, os "protetores da moral e dos bons costumes", ou seja, os falsos moralistas, estão ai para impedir que estes sejam expressos num outdoor, por exemplo.Nem gosto do fruto cantor que criou a polêmica, muito menos de sua música, mas levantou uma discussão interessante. Afinal, meus amigos, na Bahia, hiprocrisia sempre terá precedente....

Manoel Gomes disse...

kkkkkkkkk, para o fruto cantor, tomara que ele não comece a levar a sério e pensar que é cantor mesmo,rsrsrsrsrs!!!Em relação à hipocrisia, ah, essa tem precedentes em outros lugares espalhados por esse país, só como "laboratório", vamos dá uma olhadinha no senado, cujo presidente é José Sarney, o dono do Maranhão...