domingo, 29 de janeiro de 2012

Carta aberta para a aniversariante Daniela A.A.


Salvador, algum dia de janeiro de 2012
Sob a (Ir)responsabilidade de Manoel dos Santos Gomes,
aquele que um dia foi seu professor.
Caríssima ex-orientanda, já faz algum tempo que não tenho notícias suas, o que não deixa de ser uma pena, não para você, talvez, mas com certeza para mim, (tudo bem, NÃO TENHO ORKUT, MSN, facebook et al, como se diz na academia, na verdade, me auto-exilei das redes sociais), saiba que existem pessoas que nem quero lembrar que elas existem ou passaram sob meus olhos, mas há outras, você com certeza está entre elas,  que quando me vêm à memória me trazem um contentamento infindo e uma saudade inexorável, e a razão não é porque estou longe de casa, são marcas que essas figuras deixaram em meu coração como se fora tatuagem! Quando soube que haveria uma homenagem e que poderia ser enviada por vídeo, exultei, porém logo percebi que minha câmera estava emprestada e (a propósito, quando ela volta para casa, Manuela?) que por essa via seria impossível. Então, foi-me sugerido que escrevesse e que uma emissária poderia ser minha porta-voz, oh, não perdi tempo e aproveitei imediatamente a oportunidade! Na verdade, era para você está me vendo/ouvindo agora, mas fui “substituído”, por razões de ordem tecnológica, como já expliquei. Porém, com certeza, alguém muito especial está lendo essas coisas para outro alguém muito especial, agora. Nestes longos quatro anos afastado da sala de aula e de alguns poucos amigos que fiz pela vida, (não sabia que sentiria tanta falta) de vez em quando me lembrava daqueles estudantes que estudaram (permita-me a redundância, aceite-a como se fora liberdade poética!) comigo e me ensinaram muito mais que eu a eles! Você se lembra que sua entrada na UESB, era minha saída de um AVC? Pois é, nosso encontro se deu nestas circunstâncias: eu fragilizado, quase sem energia, ao lado, na frente, sei lá, aquelas coisas todas que fazia nas aulas para provocar vocês, e, por outro lado, um bando de pessoas querendo beber o mundo de um só gole, sequiosas por saber como ensinar esporte a criança pequena e coisa e tal e tal e coisa! A ironia disso tudo é que eu adorava ir para UESB sabendo que aquelas pessoas estariam lá, pois a convivência com algumas figurinhas iluminadas me fortalecia. Neste momento, você deve estar cercada de pessoas queridas, numa felicidade plena e, provavelmente, a última coisa que desejaria era estar ouvindo todas essas coisas, prometo que serei breve! Olha, antes de encerrar esses mal traçados caracteres, queria pedir para guardar para mim um pedaço desse bolo aí perto de você, não sei se sabe, mas essa é uma guloseima que nunca deixei de gostar, lembra do bolo delicioso que fiz para nós quando fomos àquele evento em Guanambi? Mas voltando ao encerramento, soube que esse é seu aniversário de número 0, mulher nunca diz a idade, mas descobri, uma passarinha me contou! Seja bem vinda, Dani, espero que esse mundo seja tão belo e solidário quanto você, para que possa se sentir sempre em casa! Saiba que foi um privilégio ter te conhecido e ter aprendido coisas que agora eu sei, minha professora! Oxalá que além desse aniversário, comemore mais uns dois milhões? Quiçá, cinco trilhões? Não importa, que sejam muitos, mas que jamais em tempo algum esqueça que, assim como seus olhos, você é uma pessoa BRILHANTE e rara como um DIAMANTE! FELIZ NATAL e que felizes sejam todos os NATAIS que vierem e que VOCÊ renasça em cada um deles...Daniela A.A., dois beijos, Mano...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Feliz ano velho...

As paredes estão cheias de teias de aranha, os móveis todos cobertos, manchas de ferrugem em alguns utensílios, como aquele cantinho da torneira que insiste em pingar vagarosamente, por mais que tente detê-los, os pingos continuam sem parar! Esperem, é/era esse o verbo! Está tudo parado ou fui eu quem parou em algum canto daquele longínquo ano da graça de 2011? A casa, a princípio, parece a mesma, embora a solidão esteja em cada canto...não ouço vozes inquietas ou incomodadas, ninguém perguntou nada, absolutamente nada! Aliás, não foi bem assim, recebi um telefonema, direi que inesperado, no primeiro dia do ano que já não é mais novo, ou será que foi no segundo? Ah, que importância isso tem agora?! O fato é que o sujeito do outro lado da linha falou alguma coisa da casa, dissera ele que não batera nunca na porta, mas que passava em frente continuamente, observava as coisas, lia um pouco, depois ia embora! Eu jurara que nunca mais voltaria a colocar qualquer adereço naquela casa, não por mim e nem por aquelas que me visitaram ao longo dos anos! Jurara que não adornaria nunca mais a casa por conta do que acontecera com um blogueiro de Santa Catarina. O nome do camarada era Hamilton Alexandre, apelidado o Mosquito. O sujeito que denunciou um caso de estupro em Florianópolis, envolvendo o filho de um diretor da poderosa RBS, afiliada da Globo no estado de Santa Catarina, como num passe de mágica, fora encontrado morto em seu apartamento em Palhoça, no dia 13 de dezembro de 2011! Suicidou-se com um lençol, que forma mais BÁRBARA de acabar com a vida, não? Seria mais fácil e menos doloroso enfiar um punhal no coração, não é mesmo? Um suicídio muito parecido com o de Vladimir Herzog, não só na forma, como nas justificativas das autoridades policiais...Coisas como essa continuam sendo jogadas na vala do esquecimento e olha que não estamos mais em 1964, estamos?! É preciso que se diga: somos todos cúmplices com o nosso silêncio! Continuamos fingindo que está tudo bem, mandando mil mensagens de boas festas, agora em forma de SMS, o popular torpedo, desejando Feliz Natal, Feliz Ano Novo! Ato contínuo, podemos sair para ver a queima de fogos que abrem o ano novo brincando, parafraseando Los Hermanos, que somos felizes como nossos narizes pintados! Tem alguma coisa errada com a gente, sim! NÃO, antes que me digam, NÃO, NÃO foi sempre assim...