Estudar no Brasil, pelo menos por enquanto, ainda é um privilégio para poucos. São tantas as dificuldades a se enfrentar que as desistências não são poucas. Hoje vemos como o Estado, através do Sisu (sistema de seleção unificada), tenta minorar essa situação usando o subterfúgio do ENEM (exame nacional do ensino médio) e sua ciranda: as vagas aparecem, desaparecem e reaparecem como num passe de mágica, essa instabilidade deixa os estudantes apavorados! As siglas citadas nada mais são que um remédio "novo" para uma doença incurável chamada vestibular! Estamos falando do primeiro momento desse grande funil que é a entrada na universidade. Logo, logo, o estudante vai perceber que ser aprovado no vestibular, ou seja lá o que for que "eles" usem como mecanismo de entrada na universidade, é parte mais fácil dessa ópera bufa! Na verdade, a maior dificuldade é se manter no curso escolhido com qualidade! A grande ironia é que alguns dos que defendem as famigeradas cotas raciais dizem que os estudantes que entram por esse artifício se saem melhor do que aqueles que entram pelo vestibular, ora, por que ao invés da defesa do privilégio da reserva de vagas esses arautos não pregam a extinção do exame?
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Por outro lado, depois que a etapa da graduação é superada, não acabam aí os problemas, em breve, surgem outros que já se manifestam nos momentos finais dos estudos universitários, entre eles o mais agudo é o medo de não conseguir uma colocação rentável que possa proporcionar uma vida com "vacas nem tão magras" como aquelas do período da formação inicial! A pergunta que persegue o estudante o dia todo e todo dia é: "será que vou conseguir um emprego decente quando sair?" O fato é que poucos são aqueles que conseguem realizar o sonho da colocação perfeita, na sua grande maioria, vemos que para se ganhar uma renda razoável é preciso fazer diversos "bicos" para atingir o tão sonhado padrão pequeno-burguês, cantado em prosa e verso como a meta humana! Além de tudo isso, ainda existe a situação esdrúxula que se tornou comum nestes tempos acelerados: os estudantes pensando na sua afirmação no mercado de trabalho e na possibilidade de garantir os tais "bicos", iniciam os estudos de pós-graduação em plena graduação!?!? É isso aí, no Brasil o absurdo tem precedente!!
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Na verdade, a falácia da inserção em curso superior encobre o grande engodo que é vendido a todo momento: vencer na vida depende, em grande parte, de esforço individual! Não nos esqueçamos que muitos daqueles que acreditam nas cotas raciais afirmam que a entrada via reserva de vaga supre parte da reparação devida aos pretos, mas a que pretos eles se referem? Aos que vivem nas periferias das grandes e pequenas cidades e (sobre)vivem no subemprego e em suas moradias precárias ou àqueles que de alguma forma têm voz e podem custear um curso superior? Estudar no Brasil, infelizmente, não é para qualquer um! Haja vista os valores de livros e outros apetrechos necessários aos estudos. Há um discurso hipócrita que sinaliza que as cotas estão endereçadas a todos! Na verdade, só os "bem-sucedidos", pretos ou brancos, chegarão ao tão sonhado "sucesso"! Os que não fazem parte desse séquito que lograrem ter acesso à universidade, são a exceção que confirmam a regra, é a doação de alguns anéis para não se perder os dedos...
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