domingo, 21 de março de 2010

Traduzir-se...

Traduzir o que nos reservam sons e imagens impressos nas palavras não se resume ao ordinário deslizar dos olhos nas superfícies onde estas desavergonhosamente copulam, parindo sentidos e significados! O ato de ler, na busca por elucidar o que está às claras, o que está oculto, o não dito, o que foi silenciado, aproxima-se daquilo que faz o artesão, é como esculpir a  pedra bruta que pouco a pouco se transforma em diamante, deslumbrando ao simples olhar! O primeiro encontro provoca desconforto, insegurança, são veredas nunca antes transitadas. Há um certo mal-estar que desestrutura e desequilibra e se traduz na metáfora do equilibrista e seu passeio na linha entre dois penhascos! No segundoé possível que haja alguma réstia de luz, o terreno torna-se menos árido, menos escarpado, menos áspero, mais aprazível; no terceiro, seus olhos faiscam com o deslumbre do acaso, da revelação...a partir desse ponto, é pura fascinação, vai-se descobrindo nuances e nuances nunca antes percebidas, o mais estranho é que tudo estava bem ali sob os nossos olhos... 

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