Numa longínqua cidade do interior, no nordeste do Brasil, uma mãe pergunta ao filho de 7 anos: "filho, o que você quer ser quando crescer?" O filho, de imediato, responde: "senador, mamãe!" À primeira vista, uma resposta incomum, haja vista que uma criança, nesta faixa etária, ainda não tem muito bem estruturado um olhar moral sobre a realidade. Todavia o fato mostra que a informação rompe uma barreira, ainda bem, impossível anos atrás. Temos um volume incomensurável de informações e, às vezes, não sabemos bem o que fazer com elas! Tudo bem! Mas o que tudo isso tem a ver com o diálogo da mãe e filho, lá do início? Não estaria este escriba fazendo uma digressão sem ter percebido?
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"No meu tempo", era assim que minha avó começava uma conversa todas as vezes que algo absurdo, no entendimento dela, era dito! Vou usar do artifício da "velha" sábia, para tentar explicar que não há qualquer digressão na argumentação. Por que é estranho uma criança de 7 anos dizer, de forma tão decisiva, que quer ser senador? Ora, todos sabemos que existem profissões que há anos vêm sendo "sugeridas" aos indivíduos desde tenra idade! É muito comum o pai "induzir" o filho a optar por sua profissão, mesmo porque, com a opção o filho já tem meio caminho andado; sendo seu pai médico, há um consultório montado e estruturado, esperando por ele, é o que afirma o dito popular "filho de peixe, peixinho é". Havia uma escolha, quase que prematura, por determinadas profissões e entre as "mais pedidas", estavam a medicina e o direito. Achamos meio sem "sentido" uma criança, no interior do nordeste, escolher que quer ser senador, já que "senador" não é profissão! De onde teria partido esse interesse?
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Assistimos à TV Senado por uma semana para descobrir qual a razão da escolha infantil! Quem sabe se o comportamento dos senhores senadores não estivesse estimulando as crianças, o que seria algo extraordinário, ou seja, nossos parlamentares estariam dando exemplo às nossas crianças na escolha do "ofício"! Conversando com uma colega, professora, ela me confessou que não gostava que ninguém mandasse nela, por isso, ela sempre pensou em ser senadora! Terá sido este o motivo que levou a criança a escolher? O saldo da audiência mostrou que os senadores podem ser "vitalícios", ganham muito, tendo como referência o salário médio do brasileiro, trabalham pouco, têm aumento muito acima da média, recebem "mimos", que é diferente de propina, (palavras de um parlamentar gaúcho) têm muito gado, são "namoradores", possuem emissoras de radiodifusão, não precisam fazer nenhum curso superior, e além de tudo isso, estabelecem seu horário de trabalho! Admitamos a sapiência infantil na escolha do "ofício" parlamentar, contudo a criança é amoral, enquanto as vantagens do cargo de senador estão eivadas de imoralidades...
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