Quando chega o período natalino sinto que é quase impossível não tocar no aroma que as árvores despejam no ar, uma fragrância que só aparece nesta época do ano! Não sei exatamente porque gosto do natal, suas lembranças não são lá grande coisa, muito pelo contrário, para falar a verdade, meu melhor natal foi há mais de dez anos, todos os outros foram descoloridos, mas eu gosto, embora não tenha nenhuma vocação para masoquista ou hipócrita, personagens muito comuns nas festas de final de ano, repletas dos indefectíveis amigos: secretos, ocultos e outros! O fato é que nunca me disseram que papai noel existia. O que acontecia lá em casa era que meu pai sempre chegava muito tarde no dia de natal, mas não permitia que os filhos achassem que fora alguém de roupa vermelha quem os presentiara! Éramos acordados para receber os presentes, quando havia!. Nunca fomos "inocentes", o bom velhinho era uma ilusão que não fazia parte do nosso vocabulário!
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Contudo esse negócio de saber a identidade secreta de papai noel não foi uma coisa muito boa ao longo da vida de um menino filho de pais separados, ao contrário, trouxe-lhe muitos problemas, afinal de contas, papai noel é/era uma instituição muito rentável, por isso é mantida, embora muito mais lucrativa na minha meninice, sem contar que muitos pais adoravam que seus rebentos acreditassem naquela fábula, talvez entendessem que a continuidade de uma suposta inocência devia ser preservada a qualquer custo! Foi justamente por esse aspecto que sofri o maior transtorno de que tenho notícia! Aconteceu que um dos meninos que passaram por nossa infância, talvez por estranhar como lidávamos com o natal, inopinadamente, fez a pergunta mais simples e mais problemática que poderia: "por que papai noel não lhe dá presentes como faz comigo?" Sem pensar duas vezes, tentei responder, no que fui detido de imediato por seu pai. Disse-me ele, de forma enfática: "não tire a ingenuidade de meu filho!" Aquilo foi desabonador, é claro que não dá para descrever o que os olhos dele diziam! Não tenham dúvida que a identidade secreta do papai noel fora garantida, também pudera, depois do brado colérico daquele pai o que mais eu poderia fazer? Só me restou um "constrangimento" que se tornou companheiro por anos a fio!
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Recentemente uma história parecida me comoveu profundamente pela beleza e sensibilidade como foi tratada. A história em questão mostra que não havia necessidade daquela grosseria que machucou sobremaneira a criança que havia em mim. A filha ficara curiosa com a lenda de São Nicolau (não é esse o nome de batismo de papai noel?), e não encontrara ninguém mais indicado para esclarecer sua dúvida do que seu pai. Este pego de surpresa, meio que rindo, jogou a "batata quente" para cima da esposa, ela que resolvesse aquele imbróglio. Entrementes a criança esperava a resposta da simples pergunta: papai noel existia ou não? A mãe sorrindo contou a verdade, não, papai noel não existia! Não há como descrever o brilho de felicidade expresso nos olhinhos azuis da menina pela descoberta! Como criança, diferente dos adultos, não tem medo de se arriscar, por isso tem muito mais facilidade de aprender, trouxe à tona esse argumento digno do filósofo Aristóteles. Disse ela: "Se papai noel não existe, então o coelhinho da páscoa também não, não é?" Era a perda da inocência se consumando, ali, sob os olhos dos pais, porém com uma delicadeza, uma beleza singular, sem subterfúgios, sem falsas promessas, sem tolas mentiras! Ana Maria, sem nenhum trauma, aprendera a partir de uma fábula a avançar nas suas descobertas que estavam apenas começando...
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7 comentários:
Epaaaaaaaaa, epaaaaaaaaa e epaaaaaaaaa!!!!!
O Natal de Jequié, que passamos eu vc e Ró foi bom!!!!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Te amoooooooooooo
Tem razão, senhorita Manuela, perdoe-me o ato falho...aquele foi também um belo natal...
srrsrsrs
esse papai noel adora tirar a ingenuidade dos outros, porém sem deixar nenhum trauma, ele nos presenteia com o "colírio" de infinitas descobertas!!!
PAPAI NOEL, TE ADORO!
MAIS DO QUE O NATAL!
A história, quando me foi contada, me tocou profundamente. Quando li a tua narrativa, me emocionou ainda mais. Eu nunca tive esta fantasia, sempre soube que a vida não era tão simples e que os presentes custavam, e muito, aos meus pais e, por esta razão, escolhia os presentes mais baratos, não via problema algum nos meus amiguinhos de infância que acreditavam em papai noel. Sabia que a fantasia um dia deixaria de existir. Um dia, todas as fantasias deixam de existir, não é? Beijos e mais uma vez, parabéns!
Jonantan e Mary: feliz Natal SEMPRE!!!
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