Retornamos às aulas, acabou a greve das estaduais baianas! Entre paralisação e greve, foram quase três meses e, por estranho que pareça, o impacto político e econômico pode ser considerado nenhum! Ninguém falou dela, não repercutiu, sequer entre nós! O grande aprendizado, se é que é possível dizer isso, foi que alguns perceberam que independente do nome ou partido, quem assume a direção do Estado capitalista, vai defender com unhas e dentes os interesses dos dominantes, vai garantir a propriedade privada, nada mais que isso! A greve mais uma vez nos mostrou o quanto algumas categorias não conseguem organizar seus quadros, minimamente, para pensar os seus objetivos políticos e econômicos mais imediatos. O perceptível é que estamos sendo engolidos pelos nossos próprios monstros, envolvidos em nossas próprias armadilhas! Os caminhos construídos nos levaram a um beco sem saída. Em muitos lugares quem está gerenciando o Estado são pessoas que historicamente defendiam outro modelo social e pensavam na greve como um instrumento de luta dos trabalhadores, hoje, associam, descaradamente, greve com férias! E olha que muitos chegaram a ser presos por se posicionar politicamente dessa forma. Isso posto, pode-se perguntar: o que mudou? A melhor resposta talvez seja: mudaram as estações, isso ninguém pode negar, mas os camaradas também mudaram a ponto de incorporar o discurso que ao longo de décadas recharcharam veementemente!
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Logo no início, o impasse: a greve aconteceria em todas as estaduais baianas ou se alguma desistisse, todas recuariam? Saíram aos trancos e barrrancos UESB, UEFS e UNEB, mas a UESC disse não! O corte de salários, previsível, minou decididamente o movimento. O primeiro baque foi a saída da UNEB. Alguns professores afirmaram que o "comando" não os representava, por isso, retornaram, "o salário não fora o principal motivo", dissera um deles. Na UESB, o desespero pela falta de salário chegara ao limite, caiu a segunda "fortaleza"! Faltava apenas o governo quebrar a UEFS, que também não resistiu e cedeu à pressão. O grande problema sindical agora é não permitir que o descrédito e a apatia dominem os ânimos e provoquem mais desagregação ainda. O que não sabemos é se estamos no fundo do poço ou ainda é possível descer mais ainda! Muitos pensaram que com a assunção de um governador de um partido com uma história de luta, seríamos tratados com outros olhos. Pensar assim é não analisar os caminhos feitos por aqueles que viraram políticos profissionais e o partido apenas uma fachada. Penso, também, que a greve conseguiu desvelar a face do governo, mostrando que quem dirige o Estado capitalista, ou segue as suas diretrizes ou irá penar no mais fundo dos infernos. O que fazer? Está aí uma pergunta cuja resposta levaremos algum tempo para encontrar a resposta, já que sem identidade, sem um projeto social diferente do que está posto e sem direção, a categoria docente, de uma forma geral, seguirá sofrendo do mal da acomodação e sem perspectivas. Quem sabe em outras estações consigamos pensar alternativas possíveis que nos libertem da letargia e do "silêncio", parece que só restam os escombros, estamos todos em frangalhos e nada de novo acontece no "front"...
Um comentário:
Me lembro quando meu pai estava hospitalizado, dois anos atrás... Uma noite, ele estava assistindo o jornal nacional e comentou, sem perceber que eu havia entrado no quarto, sobre os escândalos que estavam sendo "mostrados" no governo Lula envolvendo seus "chegados", ele disse: Não gosto de falar destas coisas perto da Mary, ela fica muito chateada... E eu ficava! E ainda fico! Chateada, decepcionada...
Aqueles que ontem brigavam, faziam piquetes nas portas das fábricas, hoje estão do "outro lado", pressionando os que lutam pelos seus direitos para que deixem de lutar...
É isso aí, professor! Estou com você, estou do teu lado... posso fazer mais alguma coisa?
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