domingo, 13 de maio de 2007

Grupos, sim; Classes, não!...

Os novos tempos mostram que "superamos" certas categorias, o mundo "mudou" e quem não percebeu isso, está fora do circuito. Estamos vivendo outros tempos, porém existem certos dinossauros que insistem em não ver que os tempos são outros! Entre esses "dinossauros" eu me incluo, mesmo porque o processo de alienação continua com a mesma ou talvez maior intensidade do que antes ou será que o modo de produção mudou nestes 218 anos, tendo como marco introdutório a Revolução Francesa? Há talvez uma sutileza mais aguda no que se refere às relações sociais, já que as novas tecnologias, de alguma forma, "encobrem" alguns aspectos da exploração cada vez mais desenfreada; muitas pessoas falam que o trabalho agora não é mais "braçal", é a "era do apertar botão", por acaso a matéria prima de muitos dos componentes eletrônicos dos diversos equipamentos não saem de minas onde pessoas trabalham sem ver a luz do dia? Por outro lado, os trabalhadores que montam esses equipamentos, como o que estou usando agora, também não passam por jornadas estafantes? Percebe-se que continua de forma cada vez mais intensa a exploração e a expropriação humanas!
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Por tudo o que fez com o Iraque, sem contar as mentiras sobre as tais armas de exterminação em massa, que nunca foram localizadas, é quase certo que se perguntarmos a professores "pesquisadores" se eles concordam com Bush quando este se recusa a assinar o Protocolo de Kioto, é bem provável que digam, quase que imediatamente, que não: "esse "senhor" está destruindo o planeta com a emissão dos gases tóxicos na atmosfera!" Contudo muitos desses pesquisadores, e quase sem querer vou voltar à questão das cotas, financiados pela "Ford Foundation", fazem pesquisas cujos objetivos vão desde a inclusão dos afrodescendentes até a redução da pobreza e da injustiça! A estranha ironia é que quem mantém essa instituição é a companhia automobilística Ford que, em tese, é contra o protocolo de Kioto e consequentemente a favor da companhias petrolíferas, é lógico, ela precisa de combustível para movimentar seus veículos! Se usarmos de um silogismo, teremos: a Ford Foundation apóia as pesquisas desses professores, logo eles apóiam as atrocidades perpetradas por Bush!
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A "Ford Foundation" foi criada em 1936, com a finalidade de reduzir a pobreza e a injustiça, fortalecer os valores democráticos, promover o desenvolvimento humano, de lá para cá, já desembolsou mais de 10 bilhões de dólares em doações. Há uma contradição nem um pouco velada, mas que talvez passe despercebida por conta do caráter "humanitário" das ações da fundação. Uma questão me inquieta, qual seja: por que a maioria das grandes corporações tem fundações? Em linhas gerais, todas interessadas no bem comum, geralmente na extinção da pobreza. A Nike deve ter uma, embora explore descaradamente populações inteiras na feitura dos seus materiais esportivos, pagando verdadeiras misérias e as expondo a doenças pelo manuseio de materais tóxicos!
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A sede da Ford Foundation é nos EUA, não seria muito mais interessante começar com essas ações humanitárias em sua própria casa, a princípio não se compreende a razão da fundação desejar formar lideranças nos países "emergentes"! Dados de Mário Maestri, encontrados em http://www.unidadepopular.org/maestri28.htm#* mostram que "a população afro-estadunidense pobre vive mergulhada na miséria relativa e absoluta e perde posições em relação aos latinos e asiáticos. A prisão hoje é a grande solução para a questão negra, que com 5 % da população do planeta possui 20% de encarcerados. Deles, 50% são negros! No país mais rico do mundo, o jovem negro acaba nos braços da prisão e da droga e dificilmente em uma universidade ou emprego razoável". Estamos diante de um enorme paradoxo, a Ford Foundation investe maciçamente, cerca de U$ 550 milhões em escala global, em 2005, na formação de lideranças e na inserção em universidades de negros em outros países, como o Brasil, contudo este segmento no país sede da fundação vive nas condições mais degradantes possíveis!
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O discurso nestas plagas, consubstanciado pelas ações afirmativas, as cotas como receita e remédio para a "salvação" dos afrodescentes e indígenas, sinaliza para a negação das classes sociais, neste sentido, a exploração do trabalho é minimizada, não existe, esse é um discurso jurássico, agora a discussão se volta para os grupos, ou seja, as cotas propõem um vestibular menos perverso, se é que podemos afirmar isso, mas não acabam com a competição pela vaga, a seleção fica restrita ao grupo e dentro do grupo, uma elite, não nos esqueçamos disso, aquele que consegue a ascensão está levando consigo, na pele ou onde quer que seja, todos os outros, a questão étnica prevalece, mesmo que a grande maioria continue nas favelas, nos lixões do mundo, mas alguém do grupo venceu e é isso o que importa! Os arautos dizem: queremos uma classe média negra! A luta de classes acabou, "decretada" pela ford foundation, que vivam as "minorias"! Enquanto isso, as consciências silentes dos pesquisadores, patrocinados pela Ford, fingem não ver, afinal dinheiro não "tem" ideologia e as pesquisas gozam da "neutralidade" científica, quem sentiu isso na pele, literalmente, foram os japoneses de Hiroshima e Nagasaki...

Um comentário:

Francis Holland disse...

Lembrou de ter leido um livro faz muitos anos sobre como as fundações Ford e outros realmente são outra ferramenta dos capitalistas para pesquisar cada novedade socio-politico, co-optar lideres e manter o contrôle social. Mas não lembro o nome do autor o do livro.