Quando éramos criança, na maioria das vezes em que faltava energia, a luz salvadora era a que vinha das velas, isso nos levava a ficar observando o movimento das imagens refletidas nas paredes; brincar com as sombras formadas nos alegrava sobremaneira, porém, como tudo que é bom não dura pra sempre, quando adormecíamos o terror tomava o lugar da alegria! Sonhando, a brincadeira de criar figuras a partir das sombras se tornava um pesadelo devastador, muitas eram as tentativas malsucedidas de acordar. Ver as imagens criadas nos perseguindo noite a dentro e não termos consciência de que aquilo era apenas um "sonho" era assustador. Muitas foram as noites em que o jogo divertido à luz de velas, tornara-se nosso maior suplício, o "brinquedo" nos atemorizava, virava máscaras gigantescas, tão assustadoramente reais, que acordávamos encharcados dos líquidos mais diversos!
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À medida que crescíamos, fomos sendo abandonados pelos pesadelos provocados pelas sombras à luz de velas. O terror foi ficando mais concreto, mais palpável. Calçar os sapatos era doloroso, porque, inevitavelmente, teríamos que unir os cadarços em forma de laço, o medo de não acertar fazê-lo nos aterrorizava! Minha irmã pacientemente nos mostrava o como fazer, parecia tão simples, que boa professora que ela era, o problema era o aluno! As palavras se rompiam no ar como bolhas de sabão, o gesto motor não conseguia transformar aqueles dois pedaços de "cordão" em um laço. Parecia que jamais conseguiríamos, infelizmente, o velcro ainda não fora inventado!
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Pensamos que vencidos aqueles medos, todos os outros que viessem seriam facilmente eliminados, achávamos que tínhamos construído uma couraça indestrutível (não foi Nietzsche quem disse que aquilo que não nos mata nos fortalece?), porém crescer nos fez ver que o medo não fora eliminado, apenas mudara de face, sabíamos que não bastava acordar para que as "sombras" se dissipassem como nos pesadelos de criança. O medo ganhara outras cores! Certa feita, o ano deveria ser 1967, se não estamos enganados, nos deparamos com cartazes espalhados por diversos espaços solicitando à população que delatasse imediatamente as pessoas ali mencionadas, a preocupação era com nossa segurança, aqueles indivíduos estavam envolvidos em atos terroristas, eram bandidos, precisavam ser presos, quiçá, torturados, para que o Brasil fosse salvo! Tinha medo de dar de cara com algum deles e não saber o que fazer. O lado perverso dessa história é que os "terroristas" que os cartazes anunciavam eram aqueles que se rebelaram com a ditadura civil-militar, implantada em 1º de abril de 1964; entre os "bandidos e terroristas", muitos eram professores, estudantes...essa ditadura, que nos quartéis era chamada de revolução, durou mais de vinte anos! Os militares, com a cumplicidade de parcela da sociedade civil, torturaram e mataram uma quantidade imensa de pessoas, muitos sequer sabiam o que estava acontecendo, o que nos mostra que o terror não ataca apenas os seus alvos!
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Nem tão longe e nem tão perto, chegamos a 2015 e à sexta-feira 13 de Paris, com suas bombas e mortos a granel! O fato é que o furor causado pelos ataques de 7 de janeiro de 2015, aos humoristas do jornal satírico francês Charlie Hebdo, voltou com intensidade à mídia e esta, "sem querendo", estimulou a busca por justiça a qualquer custo, mais uma vez! A palavra terrorismo vem sendo repetida à exaustão, na mesma medida em que a sigla E.I. se tornou o alvo a ser destruído pela humanidade! Os membros do "Estado Islâmico" assumiram que os atentados foram executados por eles. Esses são os terroristas, se forem eliminados, voltamos ao nosso antigo estado de bem estar, em que não ocorriam nem ataques a inocentes e nem assassinatos em massa! Perdoem-nos a ironia! Mas é muita hipocrisia no ar. É importante frisar que existe um mercado internacional de armas que sobrevive dessas ações e das diversas guerras que ocorrem no mundo, ou alguém aí acha que as armas, assim como as bombas usadas pelo E. I. são produzidas por ele? Não estou dizendo que os membros daquela organização são bons camaradas, muito pelo contrário, mas afirmando que as ações de bombardeios à Síria e ao Iraque não são tão diferentes dos atos terroristas pois pessoas são mortas mesmo não estando envolvidas com as ações dos militantes do Estado Islâmico, entre elas crianças, que não têm nada a ver com a briga a favor ou contra Alah!
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Dizem que o terrorismo se caracteriza porque suas ações tem os civis como um dos seus alvos. Observem que George Bush afirmou que precisava "invadir" o Iraque porque havia armas de extinção em massa, ou seja, a humanidade corria sério perigo! Os EUA para nos salvar bombardearam aquele país Árabe, morreram centenas de milhares e o Iraque ficou esfacelado, o mais cruel é que as tais armas não foram encontradas, embora se existissem, nada autorizaria tal massacre, um erro nunca justifica o outro! Naquele momento, não havia o que conhecemos hoje como Estado Islâmico! Mas o terrorismo não ataca apenas seus alvos, não é mesmo? Embora muitos possam achar uma aleivosia chamar de terroristas aqueles que despejam suas bombas com o objetivo de extirpar o mal e salvar a humanidade, esse ato não difere em nada daquele perpetrado na sexta-feira 13 de Paris! Já fizeram algo semelhante com o Japão, os civis das cidades de Hiroshima e Nagasaki foram agraciados com duas bombas atômicas sobre suas cabeças, mas o objetivo era acabar com a guerra, dirão os defensores de tais atos.
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O lado perverso dessa tragédia é que os verdadeiros responsáveis por essas atrocidades assistem de camarote o circo pegar fogo. Os verdadeiros responsáveis ganham turras de dinheiro vendendo armas aos militantes das mais diversas origens, para que estes possam cometer os atos mais atrozes. Que tal, ao invés de matar civis inocentes, já que o objetivo é extirpar os terroristas, se os líderes de todos os países decretassem o fim da fabricação de armas e a extinção de todos os arsenais? Destruição de todas as armas do mundo e suas fábricas legais e clandestinas! Sabemos que isso jamais acontecerá porque envolve cifras astronômicas, a guerra é um grande negócio seja ela de que tipo for! E aqui, sob o guarda-chuva do modo de produção capitalista, o importante é o lucro não as pessoas ou uma paz entre os povos, por isso, as crianças e idosos daqueles países em que os terroristas têm seu quartel general que que se cuidem, suas vidas serão o preço que terão que pagar para nos salvar do mal, amém...
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Pensamos que vencidos aqueles medos, todos os outros que viessem seriam facilmente eliminados, achávamos que tínhamos construído uma couraça indestrutível (não foi Nietzsche quem disse que aquilo que não nos mata nos fortalece?), porém crescer nos fez ver que o medo não fora eliminado, apenas mudara de face, sabíamos que não bastava acordar para que as "sombras" se dissipassem como nos pesadelos de criança. O medo ganhara outras cores! Certa feita, o ano deveria ser 1967, se não estamos enganados, nos deparamos com cartazes espalhados por diversos espaços solicitando à população que delatasse imediatamente as pessoas ali mencionadas, a preocupação era com nossa segurança, aqueles indivíduos estavam envolvidos em atos terroristas, eram bandidos, precisavam ser presos, quiçá, torturados, para que o Brasil fosse salvo! Tinha medo de dar de cara com algum deles e não saber o que fazer. O lado perverso dessa história é que os "terroristas" que os cartazes anunciavam eram aqueles que se rebelaram com a ditadura civil-militar, implantada em 1º de abril de 1964; entre os "bandidos e terroristas", muitos eram professores, estudantes...essa ditadura, que nos quartéis era chamada de revolução, durou mais de vinte anos! Os militares, com a cumplicidade de parcela da sociedade civil, torturaram e mataram uma quantidade imensa de pessoas, muitos sequer sabiam o que estava acontecendo, o que nos mostra que o terror não ataca apenas os seus alvos!
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Nem tão longe e nem tão perto, chegamos a 2015 e à sexta-feira 13 de Paris, com suas bombas e mortos a granel! O fato é que o furor causado pelos ataques de 7 de janeiro de 2015, aos humoristas do jornal satírico francês Charlie Hebdo, voltou com intensidade à mídia e esta, "sem querendo", estimulou a busca por justiça a qualquer custo, mais uma vez! A palavra terrorismo vem sendo repetida à exaustão, na mesma medida em que a sigla E.I. se tornou o alvo a ser destruído pela humanidade! Os membros do "Estado Islâmico" assumiram que os atentados foram executados por eles. Esses são os terroristas, se forem eliminados, voltamos ao nosso antigo estado de bem estar, em que não ocorriam nem ataques a inocentes e nem assassinatos em massa! Perdoem-nos a ironia! Mas é muita hipocrisia no ar. É importante frisar que existe um mercado internacional de armas que sobrevive dessas ações e das diversas guerras que ocorrem no mundo, ou alguém aí acha que as armas, assim como as bombas usadas pelo E. I. são produzidas por ele? Não estou dizendo que os membros daquela organização são bons camaradas, muito pelo contrário, mas afirmando que as ações de bombardeios à Síria e ao Iraque não são tão diferentes dos atos terroristas pois pessoas são mortas mesmo não estando envolvidas com as ações dos militantes do Estado Islâmico, entre elas crianças, que não têm nada a ver com a briga a favor ou contra Alah!
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Dizem que o terrorismo se caracteriza porque suas ações tem os civis como um dos seus alvos. Observem que George Bush afirmou que precisava "invadir" o Iraque porque havia armas de extinção em massa, ou seja, a humanidade corria sério perigo! Os EUA para nos salvar bombardearam aquele país Árabe, morreram centenas de milhares e o Iraque ficou esfacelado, o mais cruel é que as tais armas não foram encontradas, embora se existissem, nada autorizaria tal massacre, um erro nunca justifica o outro! Naquele momento, não havia o que conhecemos hoje como Estado Islâmico! Mas o terrorismo não ataca apenas seus alvos, não é mesmo? Embora muitos possam achar uma aleivosia chamar de terroristas aqueles que despejam suas bombas com o objetivo de extirpar o mal e salvar a humanidade, esse ato não difere em nada daquele perpetrado na sexta-feira 13 de Paris! Já fizeram algo semelhante com o Japão, os civis das cidades de Hiroshima e Nagasaki foram agraciados com duas bombas atômicas sobre suas cabeças, mas o objetivo era acabar com a guerra, dirão os defensores de tais atos.
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O lado perverso dessa tragédia é que os verdadeiros responsáveis por essas atrocidades assistem de camarote o circo pegar fogo. Os verdadeiros responsáveis ganham turras de dinheiro vendendo armas aos militantes das mais diversas origens, para que estes possam cometer os atos mais atrozes. Que tal, ao invés de matar civis inocentes, já que o objetivo é extirpar os terroristas, se os líderes de todos os países decretassem o fim da fabricação de armas e a extinção de todos os arsenais? Destruição de todas as armas do mundo e suas fábricas legais e clandestinas! Sabemos que isso jamais acontecerá porque envolve cifras astronômicas, a guerra é um grande negócio seja ela de que tipo for! E aqui, sob o guarda-chuva do modo de produção capitalista, o importante é o lucro não as pessoas ou uma paz entre os povos, por isso, as crianças e idosos daqueles países em que os terroristas têm seu quartel general que que se cuidem, suas vidas serão o preço que terão que pagar para nos salvar do mal, amém...
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