Fiquei esperando mais contribuições referentes às questões formuladas no parágrafo final da parte I, dessa crônica, porém os que se manifestaram não perderam de vista que o nosso vendedor de rua era um sujeito que gostava de "presentear" velhos "conhecidos"; fora chamado de trapaceiro, espertalhão e outros adjetivos desabonadores, houve até insinuação de que fosse gatuno e/ou ladrão, coisa que, é preciso que se diga, ele não é! Sim, não se esqueça que, em troca dos meus vinte reais, ele me deu duas latas de pomada de presente(não, não ria, por favor!). Caso você seja mais exigente, vendeu-me duas porções de placebo, vai que acredito na força das palavras? Ou você nunca ouviu alguém dizer: "essa palavra tem poder"? Quantas e quantas vezes já não escutou: "não repita o nome da pelada(desgraça), ela traz mau agouro!" Usando da mesma premissa, quem poderia negar que as ditas pelo camelô não teriam o poder de realizar os milagres prometidos? Quem não gostaria de fazer amor a noite inteira e parte do dia seguinte, sem parar, e o que é melhor, sem nenhum efeito colateral?
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É improvável que haja amizade desinteressada entre prestadores de serviços, quem acredita nesta possibilidade pode ficar muito decepcionado, relações em que o dinheiro está mediando mexem com o caráter dos indivíduos, ou, talvez, quem menos seja ético seja aquele que fala de ética. Inadvertidamente, o velho professor, mesmo sabendo que o lucro é que move a relação entre as mercadorias, preferiu se enganar, continuando a acreditar que ainda temos alguma salvação. Na realidade, o periodontista com seu argumentum ad nauseam o convencera que os dois eram mais que apenas paciente e cliente, era sim possível que fossem amigos, afinal, não se entrega a saúde a quem só pensa objetivamente, a quem não se envolve com o que acontece com o cliente para além do consultório! Uma das muitas provas de que não era mentira a estima entre os dois, residia no fato de que o atendimento do cirurgião era só as quintas-feiras, mas para o amigo, era só ligar que aquele daria um jeito de atendê-lo em horário a combinar, afinal, amigos são para essas coisas também.
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Vivemos tempos tão difíceis que queremos acreditar que o impossível é possível, por obra e graça do Espírito Santo, porque "às vezes parecia que era só acreditar." O cirurgião dentista também queria o que todo e qualquer profissional liberal deseja, muito antes de começar os primeiros estudos na graduação, a parte que lhe cabe neste latifúndio! contudo seu intuito era fazer o velho professor acreditar que eram amigos e em função disso, as questões econômicas estavam em segundo plano. O tratamento demandava uma viagem de 360 km e mais alguns reais para esse deslocamento. O periodontista se dizia lisonjeado pela escolha dos seus serviços e fazia o outro acreditar que isso só reforçava a amizade entre ambos.
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Chegado o dia da consulta, esquecera qual o andar e o valor. Ligou. A atendente, que não se chamava Judith, detalhou minuciosamente como chegar e quanto deveria pagar, estranhou a quantia, a princípio, porque pagara quase duas vezes na sessão anterior o valor anunciado por ela! Enfim, no horário marcado, depois de uma viagem de mais de 6 horas montado no ônibus, chegou ao consultório e foi recebido com um sorriso largo e um caloroso aperto de mão, pelo amigo cirurgião! Na verdade, já dissera para si mesmo que aquela era sua última consulta a partir do momento em que a secretária dissera quanto os outros clientes que não eram amigo pagavam! Ficara se perguntando se o amigo periodontista cobraria o preço que todos pagavam ou seria cínico a ponto de reafirmar o valor da sessão superfaturada, sem demonstrar qualquer constrangimento!
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Terminado o tratamento, entabularam uma conversa amistosa, foi quando o cirurgião afirmou que tinha ficado muito sentido por não ter sido avisado do nascimento do filho do amigo. Em outra época, teria ficado vexado com o esquecimento, mas como o valor da consulta não lhe saía da cabeça, tentou disfarçar, embora essa não fosse uma tarefa fácil, queria pagar e desaparecer o mais rápido possível. Sem perda de tempo, perguntou qual o valor, na verdade, talvez seja "moda", mas todos os profissionais de saúde visitados recentemente, só quiseram receber em dinheiro vivo, cartão é coisa do passado, plano de saúde nem pensar! Quando o periodontista falou quanto deveria lhe pagar (quase três vezes o valor que o amigo cobrava dos que não faziam parte do ser círculo de amizade), a secretária estava às suas costas e os seus olhos se cruzaram com os meus, já combalidos e envergonhados, constrangimento pouco é bobagem! Não sabia se continuava fitando os olhos da moça ou se olhava para o vazio, o que não conseguia era enxergar o sujeito que estava a minha frente. Seria ele um cínico usurpador? Desonesto? Espertalhão? Gatuno? Ladrão? Qual dos adjetivos se encaixa melhor ao perfil do dentista amigo? Dos dois personagens dessa crônica, em quem você confiaria? No camelô que me "presenteou" com um "viagra" em forma de pomada ou no periodontista que de forma acintosa triplicou o valor da consulta?...
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É improvável que haja amizade desinteressada entre prestadores de serviços, quem acredita nesta possibilidade pode ficar muito decepcionado, relações em que o dinheiro está mediando mexem com o caráter dos indivíduos, ou, talvez, quem menos seja ético seja aquele que fala de ética. Inadvertidamente, o velho professor, mesmo sabendo que o lucro é que move a relação entre as mercadorias, preferiu se enganar, continuando a acreditar que ainda temos alguma salvação. Na realidade, o periodontista com seu argumentum ad nauseam o convencera que os dois eram mais que apenas paciente e cliente, era sim possível que fossem amigos, afinal, não se entrega a saúde a quem só pensa objetivamente, a quem não se envolve com o que acontece com o cliente para além do consultório! Uma das muitas provas de que não era mentira a estima entre os dois, residia no fato de que o atendimento do cirurgião era só as quintas-feiras, mas para o amigo, era só ligar que aquele daria um jeito de atendê-lo em horário a combinar, afinal, amigos são para essas coisas também.
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Vivemos tempos tão difíceis que queremos acreditar que o impossível é possível, por obra e graça do Espírito Santo, porque "às vezes parecia que era só acreditar." O cirurgião dentista também queria o que todo e qualquer profissional liberal deseja, muito antes de começar os primeiros estudos na graduação, a parte que lhe cabe neste latifúndio! contudo seu intuito era fazer o velho professor acreditar que eram amigos e em função disso, as questões econômicas estavam em segundo plano. O tratamento demandava uma viagem de 360 km e mais alguns reais para esse deslocamento. O periodontista se dizia lisonjeado pela escolha dos seus serviços e fazia o outro acreditar que isso só reforçava a amizade entre ambos.
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Chegado o dia da consulta, esquecera qual o andar e o valor. Ligou. A atendente, que não se chamava Judith, detalhou minuciosamente como chegar e quanto deveria pagar, estranhou a quantia, a princípio, porque pagara quase duas vezes na sessão anterior o valor anunciado por ela! Enfim, no horário marcado, depois de uma viagem de mais de 6 horas montado no ônibus, chegou ao consultório e foi recebido com um sorriso largo e um caloroso aperto de mão, pelo amigo cirurgião! Na verdade, já dissera para si mesmo que aquela era sua última consulta a partir do momento em que a secretária dissera quanto os outros clientes que não eram amigo pagavam! Ficara se perguntando se o amigo periodontista cobraria o preço que todos pagavam ou seria cínico a ponto de reafirmar o valor da sessão superfaturada, sem demonstrar qualquer constrangimento!
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Terminado o tratamento, entabularam uma conversa amistosa, foi quando o cirurgião afirmou que tinha ficado muito sentido por não ter sido avisado do nascimento do filho do amigo. Em outra época, teria ficado vexado com o esquecimento, mas como o valor da consulta não lhe saía da cabeça, tentou disfarçar, embora essa não fosse uma tarefa fácil, queria pagar e desaparecer o mais rápido possível. Sem perda de tempo, perguntou qual o valor, na verdade, talvez seja "moda", mas todos os profissionais de saúde visitados recentemente, só quiseram receber em dinheiro vivo, cartão é coisa do passado, plano de saúde nem pensar! Quando o periodontista falou quanto deveria lhe pagar (quase três vezes o valor que o amigo cobrava dos que não faziam parte do ser círculo de amizade), a secretária estava às suas costas e os seus olhos se cruzaram com os meus, já combalidos e envergonhados, constrangimento pouco é bobagem! Não sabia se continuava fitando os olhos da moça ou se olhava para o vazio, o que não conseguia era enxergar o sujeito que estava a minha frente. Seria ele um cínico usurpador? Desonesto? Espertalhão? Gatuno? Ladrão? Qual dos adjetivos se encaixa melhor ao perfil do dentista amigo? Dos dois personagens dessa crônica, em quem você confiaria? No camelô que me "presenteou" com um "viagra" em forma de pomada ou no periodontista que de forma acintosa triplicou o valor da consulta?...
3 comentários:
Na verdade, duas coisas: o primeiro gatuno, se é que podemos chamar assim, usou a "artimanha", por assim dizer, da qual dispunha naquele momento. Te ganhou no bom e velho gógó baiano de ser!!! Se o produto tem qualidade, ou não, cabe a coragem de testar kkkkkkkkkkk. O segundo, para mim, que conheço toda a trajetória, é GATUNO, LADRÃO, SAFADO, e de amigo, nada lembra. Nem de longe! É como tenho dito, ultimamente. Está cada dia mais difícil confiar nos prestadores de serviço. Quanto mais estranhos, e sem qualquer amizade envolvida, melhor. Mas voltando a vaca morna, no caso do nosso primeiro personagem deste post, ele vendeu seu "peixe" no gógó, o que é legítimo, mas não se pode confiar no produto. Já o segundo, pode-se confiar no produto final, mas não no caráter. Dessa forma, perdeu a amizade e o respeito, principalmente. Portanto, respondendo a pergunta,eu não confiaria em NENHUM dos dois, por diferentes motivos.
Termina com outra pergunta?
Ambos não são dignos de confiança. Não usaria, caso estivesse no lugar do velho professor, a pomada milagrosa "presenteada" pelo vendedor ambulante. Espero que ele não a tenha usado também! Kkkkk
Na outra ponta, o cirurgião. Que também se utiliza da Lei de Gerson. Também quer levar vantagem nas relações "comerciais". Correto está o professor quando diz não querer mais voltar ao consultório. Me lembro de uma história também envolvendo um grande amigo e um ortodontista amigo dele... mas você não os conhece. Temos sempre que ter em mente que este tipo de relação é COMERCIAL. Relações de amizade são diferentes, não envolvem o vil metal. E temos sempre que lembrar de outro ponto: a sonegação é parte da cultura destes profissionais liberais. Esta é a razão do ágio. E também do pagamento em dinheiro.
Mas vou deixar uma pergunta também.
Será possível encontrar um outro bom profissional que não tenha este mesmo "modus operandi "? Acredita que um outro profissional, seja na rua ou no consultório, seja sincero? Eu não...
Gostei, meninas!!! Provocações da melhor espécie! Por ora, queria dizer que a automedicação é sugerida por todos os lados, assim como faz o camelô em plena rua,de forma até "ingenua", faz a tv, sugerindo que só vá ao médico caso os sintomas persistam, se, em função da droga, sejam "camuflados" tudo bem! É preciso que se diga que camelô não cursou os bancos universitários, isso não o isenta, mas demonstra o quão perversos são os esteriótipos, é provável que o ambulante fosse preso por vender gato por lebre e mentindo descaradamente, porém o periodontista faz o mesmo, mas protegido pela ciência,enganou tanto quanto o camelô, mas de forma tão ardilosa, mesquinha que ninguém ousaria censurar, até hoje quando lembro, vejo-o como um sujeito asqueroso,mesmo com a catarse da escrita, não consigo esquecer, ambos são ladrões, mas tenho medo do cirurgião, o camelô você sabe que quer te "roubar", o periodontista usa a prerrogativa de te curar, te rouba, mas dentro da legalidade, sem correr qualquer risco...
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