As paredes estão cheias de teias de aranha, os móveis todos cobertos, manchas de ferrugem em alguns utensílios, como aquele cantinho da torneira que insiste em pingar vagarosamente, por mais que tente detê-los, os pingos continuam sem parar! Esperem, é/era esse o verbo! Está tudo parado ou fui eu quem parou em algum canto daquele longínquo ano da graça de 2011? A casa, a princípio, parece a mesma, embora a solidão esteja em cada canto...não ouço vozes inquietas ou incomodadas, ninguém perguntou nada, absolutamente nada! Aliás, não foi bem assim, recebi um telefonema, direi que inesperado, no primeiro dia do ano que já não é mais novo, ou será que foi no segundo? Ah, que importância isso tem agora?! O fato é que o sujeito do outro lado da linha falou alguma coisa da casa, dissera ele que não batera nunca na porta, mas que passava em frente continuamente, observava as coisas, lia um pouco, depois ia embora! Eu jurara que nunca mais voltaria a colocar qualquer adereço naquela casa, não por mim e nem por aquelas que me visitaram ao longo dos anos! Jurara que não adornaria nunca mais a casa por conta do que acontecera com um blogueiro de Santa Catarina. O nome do camarada era Hamilton Alexandre, apelidado o Mosquito. O sujeito que denunciou um caso de estupro em Florianópolis, envolvendo o filho de um diretor da poderosa RBS, afiliada da Globo no estado de Santa Catarina, como num passe de mágica, fora encontrado morto em seu apartamento em Palhoça, no dia 13 de dezembro de 2011! Suicidou-se com um lençol, que forma mais BÁRBARA de acabar com a vida, não? Seria mais fácil e menos doloroso enfiar um punhal no coração, não é mesmo? Um suicídio muito parecido com o de Vladimir Herzog, não só na forma, como nas justificativas das autoridades policiais...Coisas como essa continuam sendo jogadas na vala do esquecimento e olha que não estamos mais em 1964, estamos?! É preciso que se diga: somos todos cúmplices com o nosso silêncio! Continuamos fingindo que está tudo bem, mandando mil mensagens de boas festas, agora em forma de SMS, o popular torpedo, desejando Feliz Natal, Feliz Ano Novo! Ato contínuo, podemos sair para ver a queima de fogos que abrem o ano novo brincando, parafraseando Los Hermanos, que somos felizes como nossos narizes pintados! Tem alguma coisa errada com a gente, sim! NÃO, antes que me digam, NÃO, NÃO foi sempre assim...
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