terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Contradições Bancárias II...

Dois sujeitos conversavam sobre as facilidades dos artefatos tecnológicos para a vida das pessoas. O papo terminou enveredando para a questão bancária; sei que não passa de mais uma ironia do destino! "Pois é, os avanços científicos aprimoraram os serviços oferecidos pelas instituições bancárias", disse um eles! E continuou, "antigamente era necessário muito mais pessoas para trabalhar e os serviços eram morosos, havia enormes filas o que incomodava sobremaneira a clientela! Quem foi que não gostou da inserção do 'caixa eletronico'? Além de facilitar a nossa vida, é mais rápido e cada pessoa é dona do seu nariz, extinguiu-se a dependencia danosa que havia com os prepostos dos bancos! O outro ouvia tudo aquilo em silencio, até que saiu-se com essa: "tudo bem, mas a tal da mudança que voce tanto faz apologia, não preparou, minimamente, as pessoas, há momentos que perdemos um tempo danado por não sabermos qual é o 'comando' que faz aquele 'negócio' funcionar ou coisas bem mais simples, saiba que a vida não ficou mais fácil e nem as filas diminuíram como você diz, e o que é pior, tornamo-nos "funcionários" dos bancos sem receber um centavo sequer pelo serviço, isso é que é 'sabedoria'"!
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Temos aí duas visões diferentes sobre a mesma realidade! O primeiro indivíduo está "aberto" para os avanços científicos/tecnológicos, enquanto o outro faz algumas ponderações que é preciso se levar em conta, pois mostra que os avanços vem carregados de problemas que o cidadão comum tem que resolver, quando não era ele quem tinha que fazer. Muitas das operações poderiam/deveriam ser feitas pelos funcionários dos bancos, afinal, recebem para isso. O certo é que as tecnologias são muito bem-vindas desde que facilitem a vida das pessoas e não nos tornemos seus reféns!
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Neste sentido, fui a uma agencia, minto, tres e mais uma "franquia" do Banco do Brasil para pagar apenas duas contas: uma do condomínio e a outra de energia elétrica! Na agencia do Bradesco, cheguei 10:43 e só vim a ser atendido às 12:15. Sim, eu sei que o limite é de apenas 15 minutos, sob o risco de o banco vir a ser multado, mas parece que nem os bancos nem seus funcionários sabem disso! No caixa, não posso negar que o funcionário bem que tentou me ajudar, mas só foi possível pagar uma das contas, a do condomínio. Depois de todo o tempo de espera, ainda faltava um pagamento. No Banco do Brasil, para minha surpresa, nem precisei entrar na fila, perguntei a um dos funcionários, que imediatamente respondeu que não recebia aquela conta por ser de outro estado, a conta era da Celesc. Peraí, mas o banco não é do Brasil? Por que não recebe uma conta de uma subsidiária de energia elétrica de outro estado da federação? Parece que precisamos rever o conceito de federação!? Sugeriram que fosse ao Itaú; lá, por precaução, perguntei se podia pagar conta da cia de energia elétrica de Santa Catarina, disseram-me que teria que entrar na fila para saber! Mais 10 minutos de espera para descobrir que não recebia!
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Restava ainda mais um "banco", naquela cidade do interior da Bahia, para tentar pagar a conta de luz da Celesc! Jamais, em tempo algum, imaginei que esse ato se tornasse uma verdadeira peregrinação! Na espécie de "franquia" do Banco do Brasil, o anúncio na parede dizia que recebia tudo o que se imaginasse em serviços bancários, era multipagamento! Mais uma fila, mas tudo bem, para quem já tinha sofrido na fila do Bradesco, mais uns minutos não fariam qualquer diferença! Quando já estava próxima a minha vez, percebi que algumas pessoas perguntavam se ali recebia esse ou aquele tipo de documento! Fiquei me perguntando por que não fizera o mesmo, embora fosse um paradoxo se levarmos em consideração o que quer dizer MULTI!
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Minha vez! O funcionário olha o documento e, sem pestanejar, rejeita! Gelei, por que não perguntei antes? Contudo não se recusou a lançar os números do código de barras para ver o que aconteceria, se bem não fizesse, mal não faria! A primeira tentativa falhou, ele errara os números, mas o sistema não recusou, o que era alentador! Ironia do destino, pude pagar a conta de luz da Celesc na "extensão" do Banco do Brasil, embora a matriz tenha se recusado! Se tivesse perguntado teria ido embora e não pagaria a conta mais uma vez. Moral da história, se é que esta história tem alguma moral, com todos os avanços tecnológicos, as coisas mais básicas, como pagar uma conta de luz, são desconhecidas pelos prepostos bancários. Imagina o sujeito esperar horas na fila para descobrir que sua conta não tem convenio com aquele banco?! Como exigir que o cidadão comum saiba manipular caixas eletronicos e outros apetrechos se os próprios funcionários dos bancos desconhecem informações mínimas? O impressionante é que há momentos que quem está na fila sabe muito mais do que quem deveria ensinar....

2 comentários:

Anônimo disse...

Quando os balanços dos bancos são divulgados os lucros sempre são muito grandes, números que, para um simples mortal são incomensuráveis!!! Pois uma grande parcela destes lucros é proveniente da automação - leia-se "o cliente trabalha pelo banco - é a redução do custo fixo, a troca do funcionário pela máquina! Mas, mesmo fazendo isso (como é o cliente que tem que trabalhar e paga ao banco para isso - irônico, não é?), é necessário ainda investir em treinamento para aqueles que ainda ficam na linha de frente, auxiliando os "novos" funcionários-clientes(??!!!)...

Manoel Gomes disse...

bela reflexão, Mary Maria!!!