No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais
distante,
Na vibração da nota mais
discreta,
No búzio mais convolto e
ressoante,
Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos
sonde,
Na palavra que diga mais
brandura,
Na raiz que mais desce, mais
esconde,
No silêncio mais fundo desta
pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a
causa
De querer e não crer, final, intimidade...
José
Saramago, “Os Poemas Possíveis"
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