sábado, 19 de junho de 2010

José Saramago...

Um (ex?) autor de folhetins global, que também se diz romancista, com o intuito de chamar atenção para si, anda meio esquecido o coitado, utililizou o twiter, ontem, 18/06/2010, para tecer algumas "considerações" sobre José Saramago. No microblog usou o artifício de que alguém lhe fazia uma pergunta, respondendo cheio de jactância: "Se eu gostava de Saramago? Da pessoa nem um pouco, do ser político menos ainda e do escritor...eu achava ele(sic) acima da média, só isso." Mas não parou por aí, não satisfeito com seu "conhecimento" sobre o único escritor de língua portuguesa a ganhar um nobel de literatura, o "noveleiro" soltou essa pérola em relação ao percurso do autor português: "(...) José Saramago tinha um problema que nunca conseguiu superar: na vida como na arte fazia questão de ser um chato, um verdadeiro pentelho." Só posso imaginar que ele devia ter fumado e cheirado alguma coisa além de cigarro! Vemos que se por um lado o autor de "novelas" não caiu no elogio barato post mortem, hábito muito comum entre os oportunistas em momentos como esse, por outro, perdeu a noção de ridículo, na verdade, o que se depreende de suas palavras é que não passa de um autor despeitado, além de uma total falta de decoro com o autor do Ensaio sobre a cegueira, perdoemos o "novelista" Aguinaldo Silva, já que no fim dos seus 140 caracteres reconhece sua mediocridade ao dizer: "de qualquer modo, depois que ninguém mais se lembrar de mim os livros de José Saramago ainda continuarão a ser lidos!"
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Diferentemente do seu "opositor", Saramago não só pensava outro projeto de mundo como anunciava que projeto era esse, não se escondia atrás de "personagens" superficiais de folhetins! Qual seria o motivo de Saramago não agradar nem como pessoa nem como político e ser apenas acima da média como escritor para o grande "romancista" e autor de "novelas" para a televisão?  A razão estaria associada ao engajamento do autor lusitano, por este ser comunista declarado? Não sei! A arte deve ser engajada ou não? Essa é uma questão por demais falaciosa!  Acho que esse "engajada" soa dissonante em algumas bocas. O fato é que nada, nada do que é pensado não está vinculado explícita ou implicitamente à visão de mundo do seu interlocutor, ainda que alguns digam que é possível agir sem que sua ideologia se manifeste, esse são os indivíduos objetivos, os neutros de todas as espécies! Tudo o que fazemos está engajado! A ideologia nos cerca nas conversas mais comezinhas e mostra a quem estamos vinculados: dominantes ou dominados! Diria o poeta Russo: "e você de que lado está?" Saramago jamais em tempo algum negou de que lado estava! Por isso, para os deserdados do mundo é uma grande perda o silenciar da voz do autor de As Intermitências da morte, contudo suas palavras permanecerão vivas ecoando nas que estão e nas gerações que virão. O cineasta Fernando Meirelles sintetizou o impacto da perda afirmando que: "Hoje o mundo se tornou  mais burro e cego", definitivamente, "o mundo perde a lucidez com a sua morte." Na verdade, existem pessoas que imaginamos que jamais vão morrer pela transcendência que emanam, se o mundo está mais burro e menos lúcido com sua ausência, no céu há a presença de uma nova estrela,  Saramago continua VIVO e brilhando sobre nós... 

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