Os estranhos "desaparecimentos" dos atletas cubanos começaram em 1971 com 6 "sumiços", 13 em 1993 e no famigerado Pan-Rio 2007 já são 4 os "ausentes"! Na realidade, sair de Cuba para ganhar dinheiro, seja onde for, um dos que "desapareceram" quer jogar handebol no Brasil, atesta o caráter mercenário do esporte de alta performance. Não tenham dúvidas, esse fenômeno traz em si a desfaçatez do individualismo; nesta "equação" vence quem pagar mais! E é justamente daí que emerge a grande questão: por que um país como Cuba, cuja formação social é socialista, investe tantos recursos na massificação do esporte de alta performance que nada mais faz que sinalizar para "princípios" totalmente opostos? Não seria uma grande e absurda contradição está estimulando a formação de possíveis mercenários? Afirmar que o esporte de rendimento é saúde, não passa de uma burla, todos sabem que não é bem isso o que acontece! Os diversos casos de doping mostram qual é a realidade: vencer a qualquer custo, não importam os meios, se for possível burlar para melhorar a marca, por que não?!
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Os Pan-americanos e Olímpiadas mostram que o alto rendimento não estimula nem um pouco a solidariedade entre os povos como anunciam seus "slogans", o tal do "o importante é competir" não passa de jargão esportivo, o que vemos na maioria das vezes é uma apologia da guerra entre os atletas/soldados, tendo algumas vezes, como já aconteceu nestes jogos, esse "estímulo" chegado às raias da pancadaria, culminando com o envolvimento da torcida na contenda! A busca desenfreada pelas medalhas, cria uma animosidade visceral, neste sentido, parte da mídia, preocupada com a audiência, estimula o clima de combate que envolve a competição. Vimos como a organização do evento trabalhou rapidamente para que a imagem dos jogos não ficasse arranhada, na confusão entre as equipes de judô de Cuba e do Brasil. No final, com os ânimos apaziguados, todos se abraçaram numa demonstração patética, para não dizer ridícula, de que existe, pelo menos frente às câmeras, o fair play!
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No caso do esporte cubano, muitos atletas, "esquecendo-se" completamente o investimento do Estado, portanto do dinheiro do povo, vêem sua participação nesse tipo de evento como uma porta de saída para o "sonho" de se tornarem mercadoria para consumo e exploração dos abutres europeus e americanos! O que esses atletas que "desaparecem" esquecem é que para que eles sejam o que são, outros têm que se sacrificar, não nos esqueçamos do bloqueio que já dura décadas, comandado pelo "grande irmão" do norte, justamente quem mais estimula esse tipo de atitude, mas para o atleta de alto rendimento, que sai em busca de dinheiro e holofotes para sua realização pessoal, o projeto não é socialista, é capitalista em toda sua extensão!
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Quem sabe, para evitar "constrangimentos" desse tipo, não fosse necessário mudar de perspectiva? Por que investir em esporte de alta performance se no cômputo geral o ganho é basicamente de propaganda, Cuba precisa disso? O que significa para um país que sofre um bloqueio brutal ficar atrás ou à frente do Brasil no quadro de medalhas desses ou de outros jogos? Qual é o ganho real para uma sociedade socialista participar desta farsa, deste espetáculo circense que sai de lugar algum para lugar nenhum? Por que acirrar ao infinito o "ódio" entre cubanos e brasileiros que vencem e perdem? Ademais o grande inimigo do norte mandou apenas sua equipe B e ainda assim é o primeiro! Enquanto ficamos nos engalfinhando para saber quem será o segundo, o primeiro não só desqualificou o evento ao enviar uma delegação de segunda ordem, como, quando aqui chegou, fez uma "brincadeirinha" sem graça nenhuma chamando o país de Congo! Deixemos a masturbação esportiva para as grandes corporações que só querem é ganhar dinheiro, querem continuar com a exploração do trabalho que Cuba lutou desesperadamente para acabar! Para além dessas disputas mesquinhas, não nos esqueçamos que o grande herói CUBANO e das Américas, Ernesto "Che" Guevara, que deu sua vida na busca pela liberdade, era ARGENTINO, portanto, inimigo não são os cubanos, nosso inimigo comum é o modo de produção capitalista...
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