quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Para terminar...


É preciso que se diga alguma coisa sobre o ano que está acabando, não é mesmo? Afinal, não seria de bom-tom fechá-lo sem ao menos enviar um "cartão de boas-festas" para os conhecidos mais diletos! Neste momento, milhares de milhões estão se preparando para o grand finale: a queima de fogos mágica que anuncia um ano novo! Que ele não seja pretérito, seja GERUNDIO! Já estamos em contagem regressiva para o fim de 2009 que, como todos os outros, teve de tudo um pouco neste Brasil de Brasília! Estamos em balanço. Agradecendo pelas realizações, revendo planos, esquecendo, ou renovando, os que ficaram pelo caminho. Daqui a pouco, algumas pessoas estarão se perguntando: "com que roupa que eu vou?" De branco como manda a tradição ou com a cor dos meus desejos? Estaremos nos perguntando: quais os sonhos devem ser sonhados?! Qual a melhor "simpatia" para a ocasião? Qual deve ser a cor da peça íntima para que tenhamos sorte no amor? Uma coisa é certa: temos que acreditar que será diferente, porque se assim não for, para que sonhar um sonho?! Mais uma maratona  estará começando com as badaladas que anunciam a meia-noite! Como esse é um "cartão de boas-festas", ele terá o tamanho infinito da sensibilidade de Justina Sponchiado, uma amiga muito querida, que traduziu a beleza da fraternidade com o poema Saber Viver de Cora Coralina:                        
Não sei... Se a vida é curta


Ou longa demais pra nós,



Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre

Olhar que acaricia,

Desejo que sacia,

Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,

É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
Enquanto durar.


Pessoas, espero que o "fim do túnel sejam nossos olhos brilhando"...

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Filhos, por que tê-los?...

Nos tempos dos meus avós a família era numerosa. Filho era um por ano, isso era parte da tradição: a mulher era parideira! Não vou muito longe, lá em casa nasceram 10 filhos, embora apenas 3 tenham conseguido sobreviver e chegar à idade adulta. Os tempos hoje são outros. Se meu pai pensasse igual a mim, por certo, não estaria aqui escrevendo essas linhas! O fato é que a família encolheu a tal ponto que três filhos é uma "multidão inaceitável"! Dizem que a culpa disso está atrelada à inserção da mulher ao mercado de trabalho. Até que se justifica, mas não explica, não há dúvida que o buraco é bem mais embaixo. Hoje não há a menor possibilidade de a mulher ter dez filhos como fez minha mãe. 
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Não estou querendo dizer que os filhos eram mais amados ou mais felizes, contudo não podemos perder de vista que, na situação atual, viraram uma mercadoria valiosíssima, com um poder de barganha jamais sonhado para pais e mães "amorosos"! O que se sabe é que mesmo sendo uma grande moeda de troca, a criança é uma "esponja" que a tudo absorve, não passa de um bibelô, no meio do fogo cruzado, onde a leviandade se propaga como um rastilho de pólvora e neste jogo sujo, egoísta e hipócrita, todos têm razão: mãe, pai, avós, padrastos, madrastas e afins! Fico imaginando como seria um casal com dez filhos no momento da separação, na hora da divisão do dinheiro? Da forma que os filhos são importantes, os percentuais logo viriam à tona e as mãos logo começariam a se esfregar, enquanto os cifrões sobrevoariam as cabeças avaras! Neste instante, ouço um grito colérico: "e as questões afetivas?" Por certo, essa é uma pergunta de algum insensato, que os pais replicam sem nenhuma desfaçatez: "bem, primeiro vamos resolver as financeiras, as afetivas vêm depois, essas são bem mais baratas!" 
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O caso do filho/neto/enteado brasileiro/estadunidense que a mídia tem usado à exaustão, com o intuito de provocar a emoção mais abjeta e vil, pode servir como exemplo. Neste caso específico, a mídia, leia-se NBC, uma grande rede lá dos EUA, pagou todas as despesas, cobrando apenas exclusividade nesse folhetim circense! Chorou a avó, chorou o avô, chorou o padrasto! Os telespectadores também verteram suas lágrimas! O advogado da família brasileira, de forma espúria, queria que o menino dissesse com quem queria ficar! A avó chamou a justiça de "desumana", apresentando uns "garranchos" onde se lia:"quero ficar no Brasil", supostamente escritos por Sean! O fato de a mãe ter morrido traz mais um ingrediente macabro e torpe à história, mas não a isenta das responsabilidades! Ela foi perversa com o menino! Também não podemos perder de vista que o tom de espetáculo que as relações privadas assumiram é bem a cara dessa "classe média" apodrecida! Filhos se tornaram um grande negócio, nesta bolsa de valores afetivos! Nada mais justo que o pai "amoroso" do menino Sean seja ressarcido nos quinhentos mil dólares que gastou para readquirir sua guarda! Não nos esqueçamos que a mãe do garoto, de forma inconseqüente e inescrupulosa, raptou-o do seu país de origem quando seu casamento naufragou. Não vamos fazer aqui nenhum julgamento de valor, mas não deixou de ser uma atitude egoísta! E todo esse pão e circo televisivo? E toda essa grana que o pai vai embolsar, ninguém diz nada? A avó indignada bradou: "ele não pensa no filho e sim em dinheiro". Ah, como são "tolos" esses pequeno-burgueses! Na atual conjuntura, esqueceram-se que sob a égide capitalista tudo é mercadoria, incluindo aí filhos, netos...e que a família não deixa de ser uma instituição falida...   

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Feliz Natal...


Quando chega o período natalino sinto que é quase impossível não tocar no aroma que as árvores despejam no ar, uma fragrância que só aparece nesta época do ano! Não sei exatamente porque gosto do natal, suas lembranças não são lá grande coisa, muito pelo contrário, para falar a verdade, meu melhor natal foi há mais de dez anos, todos os outros foram descoloridos, mas eu gosto, embora não tenha  nenhuma vocação para masoquista ou hipócrita, personagens muito comuns nas festas de final de ano, repletas dos indefectíveis amigos: secretos, ocultos e outros! O fato é que nunca me disseram que papai noel existia. O que acontecia  lá em casa era que meu pai sempre chegava muito tarde no dia de natal, mas não permitia que os filhos achassem que fora alguém de roupa vermelha quem os presentiara! Éramos acordados para receber os presentes, quando havia!. Nunca fomos "inocentes", o bom velhinho era uma ilusão que não fazia parte do nosso vocabulário!
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Contudo esse negócio de saber a identidade secreta de papai noel não foi uma coisa muito boa ao longo da vida de um menino filho de pais separados, ao contrário, trouxe-lhe muitos problemas, afinal de contas, papai noel é/era uma instituição muito rentável, por isso é mantida, embora muito mais lucrativa na minha meninice, sem contar que muitos pais adoravam que seus rebentos acreditassem naquela fábula, talvez entendessem que a continuidade de uma suposta inocência devia ser preservada a qualquer custo! Foi justamente por esse aspecto que sofri o maior transtorno de que tenho notícia! Aconteceu que um dos meninos que passaram por nossa infância, talvez por estranhar como lidávamos com o natal, inopinadamente, fez a pergunta mais simples e mais problemática que poderia: "por que papai noel não lhe dá presentes como faz comigo?" Sem pensar duas vezes, tentei responder, no que fui detido de imediato por seu pai. Disse-me ele, de forma enfática: "não tire a ingenuidade de meu filho!" Aquilo foi desabonador, é claro que não dá para descrever o que os olhos dele diziam! Não tenham dúvida que a identidade secreta do papai noel fora garantida, também pudera, depois do brado colérico daquele pai  o que mais eu poderia fazer? Só me restou um "constrangimento" que se tornou  companheiro por anos a fio!
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Recentemente uma história parecida me comoveu profundamente pela beleza e sensibilidade como foi tratada. A história em questão mostra que não havia necessidade daquela  grosseria que machucou sobremaneira a criança que havia em mim. A filha ficara curiosa  com a  lenda de São Nicolau (não é esse o nome de batismo de papai noel?), e não encontrara ninguém mais indicado para esclarecer sua dúvida do que seu pai. Este pego de surpresa, meio que rindo, jogou a "batata quente" para cima da esposa, ela que resolvesse aquele imbróglio. Entrementes a criança esperava a resposta da simples pergunta: papai noel existia ou não? A mãe sorrindo contou a verdade, não, papai noel não existia! Não há como descrever o brilho de felicidade expresso nos olhinhos azuis da menina pela descoberta! Como criança, diferente dos adultos, não tem medo de se arriscar, por isso tem muito mais facilidade de aprender, trouxe à tona esse argumento digno do filósofo Aristóteles. Disse ela: "Se papai noel não existe, então o coelhinho da páscoa também não, não é?" Era a perda da inocência se consumando, ali, sob os olhos dos pais, porém com uma delicadeza, uma beleza singular, sem subterfúgios, sem falsas promessas, sem tolas mentiras! Ana Maria, sem nenhum trauma, aprendera a partir de uma fábula a avançar nas suas descobertas que estavam apenas começando...

sábado, 12 de dezembro de 2009

Falácias...


Sempre achei falaciosa a posição que afirmava que as cotas eram um direito porque nas entrelinhas anuncia uma extensão para todos, quando na verdade apenas alguns serão beneficiados, ou seja, uma "aristocracia negra" bem situada. A idéia de que o ensino superior é um dos caminhos da "reparação" é inconsistente, aponta como "salvação da lavoura" justamente o extremo (e quanto à educação básica?) sem levar em consideração que o acesso não garante que o portador do diploma tenha as oportunidades anunciadas, mesmo porque só alguns diplomas serão "valorizados"! Então, qual a razão de não se colocar o fim do vestibular neste "pacote"? Sem contar que a exploração sequer é discutida, no fundo, ela é estimulada. Lembro-me que já foi mais incisiva, no início a idéia era trazer os EUA aqui para dentro (era o discurso dos pretos estadunidenses da década de 1960, do século passado). Neste sentido, as cotas tinham que ser raciais e não sociais, esse era um dos slogans mais difundidos. Dizer que não há preconceito no Brasil é de uma insensatez sem precedentes, porém encobrir esse preconceito com a inserção na universidade é perverso para com aqueles que mesmo com as cotas, dentro da formação social que vivemos, cuja base de sustentação é a exclusão, não conseguirão o tão propalado acesso, o que as cotas não dizem é que não há lugar para todos!
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Não tenho nenhuma dúvida de que quem defende o acesso à universidade através das cotas não concordará uma linha com o que foi dito até aqui. Respondo para esses, com uma analogia, quiçá perversa. Diria que aqueles que entrarão via cotas terão marcada na pele, assim como os ladrões e assassinos outrora eram marcados, uma letra, uma indicação insidiosa de que seu ingresso no ensino superior dependeu de outros caminhos! Alguns dormirão mais tranqüilos por saber que muitos dos negros que estarão nas univesidades tiveram sua ajuda, por conta de sua participação na luta pela política de ações afirmativas!
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Por meio de uma ação muito parecida outra parte da "aristocracia negra" obteve sua porção em um setor do mercado de que estava apartada, isto é, do mercado publicitário, com a inserção de um percentual de negros na veiculação de produtos, de bens de consumo. Em alguns comerciais essa inserção chega a ser risível, mas vá lá, sejamos sensatos, permitiu que se observasse que entre os "bem de vida", existem alguns que são pretos, o país não tem aquele perfil que os "antigos" comerciais anunciavam, somos uma "democracia" e isso é perceptível nas oportunidades que todas as cores têm na divisão do bolo!? Todos devem estar lembrados que uma das brigas era que as novelas só utilizavam os pretos nas posições subalternas! Sem querer entrar na polêmica, mas as novelas, não sei se sem querer, mostravam a realidade, na sociedade brasileira grande parte dos pretos ocupa posições subalternas, enquanto uma minoria consegue se destacar, e era essa minoria que se sentia ultrajada por ter em novelas sempre os mesmos personagens! Isso era muito ruim para a sua/nossa auto-estima! Um dos "baluartes" desse empreendimento foi o ator Milton Gonçalves que numa dessas novelas representou um psicanalista, um marco para os atores pretos, estariam mudando as relações socais e econômicas no Brasil antes mesmo das cotas?!
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O que essas pessoas não sabem é que a "mão invisível" do mercado é impiedosa, ou será que sabem? Como os pretinhos não queriam mais os papéis subalternos: empregadas domésticas e afins, esses começaram a ser ocupados por outras "cores", isso é o que podemos chamar de ação politicamente correta! Parece que o feitiço virara contra o feiticeiro! Todas as "empregadinhas" das novelas passaram a ser brancas ou "parecidas"! Neste momento, está em cartaz na Globo uma minissérie cujo título é Cinquentinha. Até aí nada de mais, afinal, esses "enlatados" globais fazem parte do nosso cotidiano televisivo há bastante tempo. Agora, o que nos chama a atenção é que no papel de empregada doméstica está uma das figuras representativas na briga por papéis que demonstrassem que o óbvio não era óbvio na televisão brasileira! Zezé Mota faz a típica empregada. Por que logo ela que fora porta-voz na luta contra os papéis pequenos e apagados, está fazendo justamente um papel pequeno e apagado?! Fazer o que a Zezé está fazendo qualquer atriz faria, chega a parecer uma "pontinha", e na realidade, é! Onde estão os argumentos que cobravam papéis significativos para a "aristocracia negra"? Na verdade, a "mão invisível" do mercado, o capital, definiu suas necessidades, aqueles que concordarem com os parâmetros estão dentro, os que não, bem, a porta da rua é a serventia da casa e isso vale também para aqueles que são partidários das cotas...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Reminiscências...

Quando criança queria ser mecânico, meu irmão, petroleiro! Mas todos queriam. Só se falava nisso, quase todos queriam ser. Não sei por que mecânico, quando grande nem sequer aprendera a dirigir, nem tinha paciência, existem mecânicos que não dirigem?! Meu irmão ficava chato quando voltava da casa da madrinha dele, queria usar os brinquedos às avessas, a vida girava ao contrário. Tudo gravitava em torno dele. Tínhamos um balanço que não era para balançar, mas ele era o caçula! Minha mãe justificava: "ele é muito pequeno!" Mas era tirânico como todos os caçulas! Minha irmã entre dois irmãos, como devia ser desafiadora a sua vida! O pai queria menino, a mãe era cúmplice! O pai é significativo na vida do menino! A praia ou lagoa? Não lembro, sei que o pai flutuava na vertical, com o calção vermelho, como ele conseguia com os dois nos braços? O pai sempre levava os meninos para passear, era uma aventura em cada lugar que íamos, a irmã sempre ficava, ser a filha mulher nunca foi bom negócio, nem aqui nem na China! Onde está minha mãe? Espera que daqui a pouco ela chega. Não chegou! Chovia na sua volta! Ela estava com um capote rosa! Na casa de minha avó. Onde está minha mãe? Era muito cedo. Todos deviam estar dormindo naquele domingo, ou fingiam? Os três na marinete, eu sem saber direito do que se tratava, indo ao encontro de outro futuro, ônibus era marinete e era azul e branco! Separação sempre deixa ressentimento. O pai foi buscar! Uma confusão danada, um escândalo naquela tarde de domingo, todos falavam ao mesmo tempo. Uma promessa fora feita, promessa que jamais fora cumprida. Depois do carnaval eles vão! Nunca fomos! Ele se ressentiu para todo o sempre! Filhos ficam entre dois fogos! Alguém vira refém! Separações sempre deixam ressentimentos! Ficamos um tempo longe, mas voltamos ao seu convívio, aos treze anos, só os filhos homens! Madrasta e filhos/irmãos, irmãos? Madrasta é sempre madrasta? Não fora assim com Machado de Assis! Veio a adolescência e os pelos cresceram lá embaixo, isso é normal? Eliana foi?/era? minha namorada! Namorada primeira foi Vera. Linda como uma noite de estrelas. Não, primeirona mesmo, de verdade, foi Maria! Parecia mais velha, mas era mais nova do que eu! O primeiro beijo de língua foi ela quem me deu! "Você não sabe beijar! Chupe minha língua como se fosse uma bala" As meninas sempre são mais espertas do que os meninos! Meninas se movimentam a 360º graus! Primeira transa, tenho vergonha de contar, a segunda também, quando será que vou aprender? Vá até o fim, disse Lorito! Vitória, também é meu time do coração! Depois daquela, não parei mais! Esse menino está emagrecendo, não? Ah, os excessos da meninice!Tornei-me homem filho do menino! Depois outros amores vieram, os filhos nasceram, os anos passaram, a madureza chegou e com os ela os tons cinzas dos pelos! Aqui, neste lugar, nesta hora, longe de casa, os olhos da memória trazem à tona essas imagens antigas do menino encharcadas de recordações que o fazem chorar...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Brasil: terra de mentirosos, corruptos e ladrões...



Dizem que Otávio Mangabeira, antigo governador baiano, dissera certa oportunidade que absurdo na Bahia tinha precedente! Tirante a brilhante figura de retórica, uma idéia como essa deveria deixar todos nós com o estômago embrulhado, vexados, constrangidos por ter que conviver com tamanha aberração no nosso quotidiano,  contudo, infelizmente, a "reflexão" do falecido governador pode ser estendida para o resto do país, não podemos esquecer que, além de tudo, ainda temos um laboratório para produção desses indecoros situado em Brasília! Lá está o micro do macro do que é esse país! Sim, porque quando pensamos que chegamos ao limite da indecência (depois dos Anões do orçamento, parecia que nada pior poderia acontecer), eis que a capital da república nos brinda com  mais um destempero! O absurdo é que a reincidência está se tornando lugar-comum, os mesmos sujeitos que falam em ética, em decoro, o tempo inteiro, são os primeiros a praticar atos que lhes negam totalmente o discurso! Talvez por isso, fomos "agraciados" com mais um escândalo em Brasília! O senador José Roberto Arruda, líder do PSDB-DF, "assessorado" pelo presidente do senado, Antonio Carlos Magalhães, PFL-BA, quebrou o sigilo do painel de votação do senado federal, tendo acesso aos nomes dos votantes na sessão secreta que cassou o ex-senador Luiz Estevão, PMDB-DF.
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Esperem um pouco, a elaboração do falecido governador dizia que ABSURDO na Bahia tinha precedente, não foi isso? Então, qual a razão de trazer à tona  o caso da violação do painel do senado, ocorrido em  28 de junho de 2000, ou seja, há mais de nove anos? Estaríamos nos ancorando no fato de que um dos protagonistas daquele episódio, José Roberto Arruda, teve acesso irrestrito aos votos de senadores e senadoras da sessão secreta(?) que culminou com a cassação de Luiz Estevão do PMDB-DF? Mais, tendo a "elegante assessoria" da diretora do Prodasen (Secretaria  Especial de Informática do Senado), à época, Regina Célia Peres Borges? Além da cumplicidade do então presidente do senado Antonio Carlos Magalhães? Estamos querendo mostrar um fato digno de fazer parte da galeria de absurdos da nossa história? Algumas coisas que se alteraram de lá para cá! O PFL, um filho bastardo da Arena, partido da situação no período da ditadura militar, virou Democratas (sic), para a "tristeza" de alguns ACM morreu, mas não seus métodos, eles se perpetuam em suas "raízes"! Não se pode esquecer que quando o pai renunciou o filho assumiu, afinal, era o seu suplente, além do Neto do cacique morto, mas as representações teatrais dos Arrudas e seus sequazes continuam.
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Ironias à parte, parece que vamos passar o resto da vida sendo achincalhados, tratados como se fôssemos imbecis, a celebrar, como bem disse o poeta Russo, em Perfeição, "nosso passado de absurdos gloriosos", continuaremos a dizer que é assim mesmo, que não há jeito, faz parte da nossa índole! A ópera-bufa que foi transformada a violação do painel do senado também terminou em PANETONE, ops, não, naquela época a moda era PIZZA! Arruda fez um dos discursos  mais "sinceros" da sua vida, na tribuna do senado, encharcado de emoção, para provar sua inocência, "não vi, não tomei conhecimento, não fui informado e não sei se existe a tal lista de votação", e depois, quase às lágrimas, quatro dias antes de dizer com todas as letras que era CULPADO: "permitam-me com o meu sofrimento, com as vísceras da minha emoção expostas à execração pública, eu que não tenho bens pessoais, não tenho fortuna, mas tenho a honra e tenho filhos, que têm o meu nome, os naturais e os que adotei, e a esta honra eu serei  fiel, enquanto viver." Depois de todo esse teatro, para evitar ser cassado, José Roberto Arruda renunciou ao cargo no dia 24 de maio de 2001, ACM o seguiu seis dias depois do mesmo ano. Ironicamente, ambos são eleitos logo nas eleições seguintes, ACM volta ao senado e Arruda para a câmara dos deputados, agora pelo Democratas!
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"Vamos cantar juntos o hino nacional, a lágrima é verdadeira." Os versos do poeta Russo ecoam quando vemos as imagens em que o governador do Distrito Federal embolsa quantias que lhe são entregues por um antigo aliado seu, Durval Barbosa, assim como outros "assessores" se locupletando, colocando notas em todos os lugares possíveis e imagináveis! Se em 2001 o governador afirmava que não tinha fortuna ou bens, embora dissesse que tinha honra. Agora esse não é mais um problema. O curioso é que no caso do painel do senado, ele e ACM eram cúmplices, mas o velho político baiano tentou descolar seu nome do de Arruda, para não ser "contaminado."  No caso atual de corrupção do governador do Distrito Federal, dois políticos votaram contra a expulsão sumária do governador, entenderam que merece um tempo para se defender, quiçá provar sua inocência, embora as imagens sejam contundentes, foram eles: o presidente do DEM, Rodrigo Maia, e, estranhamente, ACM Neto!
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Como parece estar provado que somos todos uns ineptos, o advogado de Arruda, José Gerardo Grossi, fala com a convicção de que somos tolos, porque para acreditar na sua versão só mesmo sendo idiota! Ao se referir ao volume de dinheiro recebido como propina,  afirmou que aquele montante, que ora vimos na TV, foi usado para compra de panetones, que seriam doados às pessoas carentes do Distrito Federal!? Haja panetones para gastar aquela quantia toda! "Vamos  comemorar como idiotas a cada fevereiro e feriado, todos os mortos nas estradas, os mortos por falta de hospitais." É o espectro do poeta Russo a nos rondar! Quando foi eleito para Governador do Distrito Federal, para amenizar a violação do painel  e voltar a fazer seu teatro particular, Arruda afirmou: "não matei nem roubei ou desviei dinheiro público, mas cometi um grande erro, talvez o maior da minha vida." De uma só tacada fez as pazes com o eleitorado ao admitir o erro, além de se mostrar arrependido pelo deslize. Como explicar, sem o cinismo utilizado no episódio do painel, a corrupção em que está imerso e sair ileso? Como justificar as propinas e o envolvimento de seus principais aliados? Ah, os absurdos! Como somos esquecidos, não custa lembrar que o atual presidente do senado, José Sarney,  era quem estava sob as luzes, não faz muito tempo, até cartão vermelho recebeu em plenário. Teremos outra ópera-bufa na escalada do astuto José Roberto Arruda, assim como foi a do Sarney? O governador patusco terá alguma carta na manga para continuar no partido e no governo ou vai fazer tal e qual fez no escândalo do painel? E nós? Continuaremos acreditando que não existe outra  saída a não ser a parlamentar?...