quinta-feira, 28 de junho de 2007

CBF milionária x futebol falido...

O campeonato brasileiro de futebol, em sua edição 2007, mostra, nas 7 rodadas apresentadas e na "qualidade" dos jogadores envolvidos, que o esporte "bretão" sucumbiu definitivamente ao "quem dá mais", não há mais craques em campos brasileiros e todos os que aqui jogam, só o fazem porque não há espaço para eles em outras plagas! Todos os jogadores considerados "top" de linha, hoje, são "estrangeiros"! A copa América de seleções começou esta semana e basta darmos uma olhada nos titulares da seleção convocada pelo técnico, sic, Dunga, que vemos materializada a vitória assombrosa das outras economias, inclusive algumas sem nenhuma tradição futebolística, sobre a nossa! A seleção que vai jogar este torneio não tem entre os seus titulares nenhum jogador que esteja atuando em campos brasileiros, aliás, os que jogam por aqui são três, apenas! Em outros tempos, a referência do nosso futebol era jogar na seleção e víamos os atletas brigando para fazer parte, para estar entre os escolhidos; hoje está muito claro que no balcão de negócios, a copa américa ou o campeonato brasileiro são secundários; a úlitma seleção convocada tem um "amontoado" de jogadores, vindos das mais diversas partes do globo, participantes, às vezes, de campeonatos inexpressivos e ninguém consegue entender os critérios das convocações! Lembro da copa do mundo de 1978 em que a nossa maior rival, a Argentina, tinha quase todos os seus jogadores jogando no futebol europeu e achávamos estranho que uma seleção nacional fosse composta de um número tão grande de atletas que não jogasse no país! A copa América reflete esse aspecto. Não temos uma seleção brasileira, temos uma legião "estrangeira" e vemos os apelos mais estranhos para que torçamos para um grupo de jogadores que só estão jogando porque algo mais interessante não apareceu nesta bolsa de negócios que se tornou o futebol hoje, quem há de esquecer o "caso Zé Roberto"!
.
O Campeonato brasileiro é jogado apenas por atletas de segunda e terceira categorias. Se houver algum de primeira linha, é porque ainda não bateram o martelo no leilão futebolístico! Voltemos ao exemplo do Zé Roberto. Na temporada passada jogava na Alemanha, no final do campeonato foi demitido, talvez porque sua idade estivesse mais para "decadente" do que para "ascendente", sendo, então, contratado pelo Santos F. C. Bastou fazer um bom campeonato paulista para que a mídia esportiva começasse a fazer seu lobby, afirmando, em letras garrafais, que ele era o melhor jogador em atividade no país, o que convenhamos, é difícil de aceitar. Depois de tanta pressão, o nosso técnico, sic, Dunga, o convocou! Neste ínterim, um time alemão o chamou para conversar! A regra estabelecida por este era: sua contratação só se efetivaria se ele renunciasse a jogar pela seleção brasileira! Em outros tempos, isso seria inadmissível! Como pode um clube dizer que só assina contrato com um jogador se ele abdicar do seu direito de "representar" seu pais na competição mais importante de seleções das Américas! É óbvio que Zé Roberto optou pela seleção brasileira, dirão aqueles que não percebem que o futebol é uma bolsa de apostas e que quem dá mais inevitavelmente é vencedor! Pois é, meus camaradas, Zé Roberto desistiu de disputar a copa América, com o argumeto que sua idade seria um impedimento para a próxima copa, assinando contrato com o Bayer Leverkusen! Alexandre Pato, do Internacional, Renato Augusto, do Flamengo, Willian, do Corinthians, e Lucas, do Grêmio, são as mais recentes revelações desse futebol que se ressente do poder de barganha, que já não consegue "segurar" mais qualquer jogador que esteja acima da mediocridade que campeia no futebol brasileiro. Pelo que se sabe, Lucas já não mais pertence ao Grêmio; Alexandre Pato, vai para o Celsea; Willian já posou com a camisa do Benfica; desta nova safra, resta apenas o Renato Augusto, embora todos saibamos que não por muito tempo, afinal, na bolsa de apostas do futebol, não temos dinheiro para fazer frente a outras moedas, mas vamos fingindo que temos um campeonato, enquanto a CBF vai se tornando uma das entidades mais endinheirada do mundo...

sexta-feira, 22 de junho de 2007

É São João...

Assim como no Carnaval, em fevereiro, o Brasil pára e nada acontece, com a mudança de estação, em junho, é o momento do nordeste "brincar de ser feliz". É forró que não acaba mais, por aqui! Proliferaram os "forrós de camisa", (forró disso, forró daquilo) que nada mais é que um grande empreendimento, cujo objetivo é reunir uma grande quantidade de pessoas em espaços "gigantescos" com "bandas", comida e bebida "free", é o que dizem, mas se não houvesse lucro, há muito tempo que esses "forrós" já teriam acabado! Então é claro que a camisa paga parte do lucro! Sei que estou parecendo saudosista, e talvez esteja. Mas o chato é que São João está cada vez mais parecido com o carnaval! Até alguns "cantores" são os mesmos! Sabe de uma coisa, "deixa eu pintar o meu nariz", afinal, o que seria de nós se não houvesse o pão e o circo para esquecermos as nossas mazelas! Quando o carnaval passar, ops, o São João, voltamos a nos preocupar com as coisas mais comezinhas, vai um quentão, aí?...Viva São João!...

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Mamãe, eu quero ser senador...

Numa longínqua cidade do interior, no nordeste do Brasil, uma mãe pergunta ao filho de 7 anos: "filho, o que você quer ser quando crescer?" O filho, de imediato, responde: "senador, mamãe!" À primeira vista, uma resposta incomum, haja vista que uma criança, nesta faixa etária, ainda não tem muito bem estruturado um olhar moral sobre a realidade. Todavia o fato mostra que a informação rompe uma barreira, ainda bem, impossível anos atrás. Temos um volume incomensurável de informações e, às vezes, não sabemos bem o que fazer com elas! Tudo bem! Mas o que tudo isso tem a ver com o diálogo da mãe e filho, lá do início? Não estaria este escriba fazendo uma digressão sem ter percebido?
.
"No meu tempo", era assim que minha avó começava uma conversa todas as vezes que algo absurdo, no entendimento dela, era dito! Vou usar do artifício da "velha" sábia, para tentar explicar que não há qualquer digressão na argumentação. Por que é estranho uma criança de 7 anos dizer, de forma tão decisiva, que quer ser senador? Ora, todos sabemos que existem profissões que há anos vêm sendo "sugeridas" aos indivíduos desde tenra idade! É muito comum o pai "induzir" o filho a optar por sua profissão, mesmo porque, com a opção o filho já tem meio caminho andado; sendo seu pai médico, há um consultório montado e estruturado, esperando por ele, é o que afirma o dito popular "filho de peixe, peixinho é". Havia uma escolha, quase que prematura, por determinadas profissões e entre as "mais pedidas", estavam a medicina e o direito. Achamos meio sem "sentido" uma criança, no interior do nordeste, escolher que quer ser senador, já que "senador" não é profissão! De onde teria partido esse interesse?
.
Assistimos à TV Senado por uma semana para descobrir qual a razão da escolha infantil! Quem sabe se o comportamento dos senhores senadores não estivesse estimulando as crianças, o que seria algo extraordinário, ou seja, nossos parlamentares estariam dando exemplo às nossas crianças na escolha do "ofício"! Conversando com uma colega, professora, ela me confessou que não gostava que ninguém mandasse nela, por isso, ela sempre pensou em ser senadora! Terá sido este o motivo que levou a criança a escolher? O saldo da audiência mostrou que os senadores podem ser "vitalícios", ganham muito, tendo como referência o salário médio do brasileiro, trabalham pouco, têm aumento muito acima da média, recebem "mimos", que é diferente de propina, (palavras de um parlamentar gaúcho) têm muito gado, são "namoradores", possuem emissoras de radiodifusão, não precisam fazer nenhum curso superior, e além de tudo isso, estabelecem seu horário de trabalho! Admitamos a sapiência infantil na escolha do "ofício" parlamentar, contudo a criança é amoral, enquanto as vantagens do cargo de senador estão eivadas de imoralidades...

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Saudosista? Nem tanto...

Acordei sobressaltado! A imagem do sonho era a do antigo Cine Jandaia (foto), em Salvador! A representação onírica era de alguém que o destruía a golpes de marreta. Olhando para a foto em destaque, temos a nítida impressão que o sonho se torna tão vivaz, ainda que esta destruição não seja a marretadas, a decadência do prédio é desconcertante, neste sentido, a pergunta que nos fazemos é: como um espaço cultural como esse se perde? Ainda deitado, as reminiscências vieram impetuosas e tão fortes que me vi obrigado a voltar no tempo! Como professor, estando em sala de aula, costumo brincar com a expressão: "isso lá em Salvador", querendo dizer que o tratamento para a questão lá seria diferente! Mas, aqui, ela não cabe já que nem lá, eles, os "cinemas de rua", que marcaram o fim da minha infância, início da adolescência, resistiram ao furor das mudanças! Foram todos fechados, já não se adequavam aos novos tempos, tempos esses em que o espaço é cada vez mais disputado pelas máquinas e uma delas, o carro, precisa de um lugar apropriado para estacionar. Salvador tem uma população aproximada de 2 milhões e 700 mil habitantes, desses, apenas 8% podem frequentar as salas, fico me perguntando qual é o percentual que frequenta, não nos esqueçamos que todos os cinemas hoje estão nos shoppings centers!
.
Em Salvador, alguns cinemas de rua se localizavam na Baixa dos Sapateiros, que nada mais é que uma movimentada "avenida" (rua Dr. J. J. Seabra), onde grande parte da população de renda "curta" fazia, ou faz, suas compras; se pegarmos uma imagem contemporânea, poderíamos compará-la a um grande "shopping" a céu aberto, embora, por estranha ironia, lá, também, já existe um shopping center! É, sinal dos tempos, a Baixa dos Sapateiros que foi cantada em prosa e versos, em tempos áureos, por Ary Barroso, vive hoje uma angustiante ruína !
.
Havia ali 4 cinemas em um espaço de pouco menos de 5 km; sei que parece brincadeira, se compararmos aos formatos atuais, mas é verdade, quase um cinema por km e com um agravante para os dias de hoje, sem espaço algum para estacionamento! Seria impossível naquele lugar, com aquelas dimensões, termos cinemas na forma como o espaço está organizado hoje em dia, muito provavelmente teríamos o caos instaurado! Três deles (chamados popularmente de "poeira", por seus ingressos serem mais baratos) ficavam, poderíamos dizer, no gargalo, no trecho de maior confluência de pessoas, misturados com lojas, veículos e camelôs.
.
Infelizmente, os cinemas Pax, Aliança, Jandaia se transformaram em "peças" de museu, às avessas, enquanto o Tupy, o mais "elitista" deles, também não resistiu à falência da Baixa dos Sapateiros, caiu nas graças da Igreja Universal do Reino de Deus, como aconteceu a muitos dos cinemas de rua espalhados pelo Brasil! O interessante é que a forma como foram se acabando foi muito parecida. A degradação da cidade os acampanhou! Na realidade, talvez a retirada da Administração do Estado do centro da cidade, adicionada à "cultura" do shopping center sejam duas das causas do enfraquecimento do comércio naquela área! Nesta história, o Aliança virou loja de confecções; o Pax foi ocupado pelo movimento dos sem-teto, mas continua "abandonado". Bem, quanto ao Cine Jandaia, a foto destacada fala, infelizmente, mais que mil palavras, mas, o menino/adolescente em mim, gostaria que fosse diferente...

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Cláudio Assis, um brasileiro que incomoda...

"Quem não reage, rasteja!" Essa frase, dita de forma apaixonada pelo cineasta pernambucano Cláudio Assis, diretor do aclamado "Baixio das Bestas", mostra que existem pessoas fazendo cinema para além da formatação do consumo, outrossim que temos que acreditar em nossa potencialidade, o cinema brasileiro não precisa viver submisso ao modelo industrial hollywoodiano! Cinema é muito mais que mero entretenimento, é para meter o dedo na ferida e é isso que esse brasileiro faz de forma intensa e avassaladora! Não quer falar sozinho, mas não quer subserviência, quer a reação do outro, afirma que viver sem perguntar o porquê das coisas é viver vida de gado! Precisamos reagir! Neste seu segundo longa, anuncia com todas as letras que é um cineasta que quer discutir os problemas brasileiros, sem ocultar nada, é favorável à "fratura exposta"! O jeito de falar, as provocações que faz podem chocar àqueles que adoram a pasteurização da cultura brasileira, que vivem a vida à margem da história!
.
O impacto de seu primeiro filme, só foi minimizado por algumas manifestações do diretor, por não "entender" certas atitudes de elementos que julgaram seu "Amarelo Manga"! Exemplo disso aconteceu naquele Grande Prêmio TAM do Cinema Brasileiro, em 2004, cujo vencedor foi "O homem que copiava" de Jorge Furtado; seu filme levou apenas a fotografia. Naquela noite, num rompante quando Babenco subiu ao palco para receber o prêmio pela co-direção, chamou-o de imbecil, criando um certo "embaraço" com essa atitude, mas dentro da hipocrisia social que premiações desse tipo oferecem, quem diria aquilo, mesmo que sentisse vontade? Pois é, esse brasileiro quer fazer cinema que "respire" e diz em alto e bom som: "eu não faço concessão a nada nem a ninguém". O filme de Assis tem o cheiro do Recife, tem o cheiro do mundo, não há nenhuma relação com o formato da Globo Filmes cujo objetivo final é levar a novela das oito para a telona!
.
Ouvir Cláudio Assis falar de cinema, é ouvir alguém que pensa e faz arte para além da caixa registradora! A cultura discutida sem vinculação com o consumo puro e simples! Neste sentido, o diretor fez algo que derruba as teses que hierarquizam a arte, colocando-a no lusco-fusco erudita e popular! Promoveu uma sessão e, diferente dos R$ 18,00 reais cobrados pelos cinemas da vida, cobrou apenas 1 real, é isso mesmo, apenas um real...treze mil pessoas foram assistir o "Baixio das Bestas"! E ele ainda ironizou: "se fosse de graça, dobrava!" Pensando bem, fala-se que o povo não gosta de música clásssica, teatro...como pode gostar se não é possível pagar! Num cálculo aproximado, chega-se a conclusão que para assistir a um filme, o sujeito gasta em média, se levar a companheira, R$ 60,00 reais; para quem ganha R$ 380,00 reais, isso representa cerca de 16% do seu salário, imaginem aí, gastar esse percentual em apenas um final de semana e só no lazer! O que podemos depreender do fato? Simples, o sujeito não tem acesso, portanto, as teses hierárquicas vencem sempre! Coisas ruins são feitas e coloca-se o rótulo de popular! Fica mais fácil conversar com as "minorias" se essas não têm poder de escolha, dando-lhes aqueles "filmes" da Xuxa em doses cavalares, tirando-lhes qualquer possibilidade de comparação e escolha...O cinema de Assis não rasteja, muito pelo contrário, reage, coloca na mesa da classe que dirige e determina o cheiro fétido que vem das entranhas da sociedade, desnudando a hipocrisia e subserviência que grassam na arte e cultura brasileiras...

terça-feira, 12 de junho de 2007

Vavá, o "simplório"...

Dizem as más línguas que nestes tempos, tempos dos homens rápidos, não mais existem bobos! Levando essa lógica ao extremo, poderíamos dizer que hoje quando as crianças nascem já começam a andar! Brincadeiras à parte, fomos "surpreendidos" por mais uma das operações da polícia federal; como a instituição traz sempre um nome sugestivo, neste caso, não foi diferente, chama-se xeque-mate! Não somos os primeiros a dizer isso, mas como o alvo da operação são as máquinas caça-níqueis, não se percebe nenhuma relação com o jogo de xadrez que tem no xeque-mate seu lance mortal; qual a razão da escolha desse nome, então? O xadrez pede raciocínio apurado, enquanto as caça-níqueis não exigem grande sapiência para manipulá-las. Por que então batizá-la com esse nome? Está claro que a metáfora da operação não está ligada diretamente a ação do jogo em si, mas aos jogadores envolvidos que devem representar peças no tabuleiro, a pergunta que não quer calar é: que peça representa Vavá neste jogo: peão, bispo, torre, cavalo...?
.
É fato que a quebra do sigilo telefônico dos envolvidos, nas diversas operações realizadas pela Polícia Federal, vem nos permitindo ouvir coisas inacreditáveis, isso para dizer o mínimo! O mais interessante, nestes casos, é a necessidade, sui generis, dos atores flagrados precisarem de tradutores, embora estejam usando a última flor do Lácio, pois tudo o que dizem, na realidade, não é o que estão dizendo, esquisito, não? Um exemplo talvez esclareça essa confusão vocabular! O sujeito diz: "as máquinas vão ser liberadas"! Seu interlocutor, quase sempre um advogado, na "tradução", afirma que ele está falando de máquinas de terraplenagem! ora, se estamos falando de jogos de azar, de máquinas caça-níqueis, em que momento pode-se falar em terraplenagem? A não ser que sejamos todos idiotas e que a língua que falamos tenha outro sentido além daquele que deveria ter, ou foi criado um novo código em que apenas alguns têm acesso, conseguindo, portanto, traduzi-lo!
.
Depois do episódio conhecido como mensalão, que derrubou José Dirceu, Silvio Pereira e outros, não se esperava que o presidente da república fosse mais uma vez "traído", passasse por mais um constrangimento, já que muitos chegaram a insinuar um impeachment para resolver aquele impasse! Eis que seu irmão, Abel, não, Genival Inácio da Silva, o Vavá, foi apanhado pela operação xeque-mate! Na realidade, a primeira reação do presidente quando informado do fato, ainda na ìndia, foi dizer que conhecia o irmão há mais de 61 anos e que ele era incapaz de uma ação como aquela. Mas a indignação do presidente foi minimizada pela certeza de que Vavá estava envolvido e que havia uma série de gravações telefônicas que corroborava a notícia! Com a certeza do envolvimento, caracterizado como tráfico de influência e exploração de prestígio, só restava à família contratar um bom advogado.
.
É neste momento que aparece o inventor do novo "idioma", o advogado Nelson Passos Alfonso responsável por transformar essa tragédia numa farsa! Logo na explicação da defesa, faz uma mise-en-scène, imagina-se que vai sair um discurso articulado, mas deixa a impressão que é gago: "a minha linha de atuação é de fato negar a existência das acusações imputadas ao meu cliente". Essas palavras são entrecortadas. Ora, se ele, advogado, não negar a existência das acusações para que a família o contrataria? Diz mais algumas pérolas, talvez a mais insinuante seja quando fala em máquinas de geração de emprego, não dizendo que máquinas seriam essas, porque, a princípio, qualquer máquina pode ser de geração de empregos, inclusive as caça-níqueis! Parece que a defesa pretende desqualificá-lo, mostrando-o como uma pessoa de pouca cultura e compreensão limitada! É lógico que isso tiraria dele qualquer capacidade de argumentação, elemento fundamental para um lobista! O certo é que a família espera que seja provada a sua inocência, contudo um dos irmãos, Germano, disse que não bota a mão no fogo por ele, enquanto o presidente não acredita que seja um lobista, afirmando que no cardume de pintados, está mais para lambari, que é um ingênuo, contudo um de seus comparsas é contundente: ele é picareta! Neste caso de polícia, o adjetivo que enquadrará Vavá é a questão final desta farsa!

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Uma paranaense em apuros!

Existem coisas que só acontecem com o Vitória, diriam os apaixonados pelo rubro negro baiano, também não é para menos, quando os torcedores pensavam que dariam uma homérica goleada no último colocado, o Santo André, eis que a derrota veio: um a zero! Por outro lado, o trabalho nosso de cada dia também nos prega algumas peças! Imaginem que um erro técnico num modelo de automóvel levou uma paranaense à Bahia, o que nestes tempos de globalização, não tem nada de incomum, porém, além da obrigação laboral, havia um pedido afetivo da cunhada querida: entregar a um casal baiano uma encomenda! Aqui, há a necessidade de um "aviso aos navegantes", para evitar maiores complicações! Antes que a palavra "encomenda" comece a levantar suspeitas, em relação ao conteúdo, tratava-se de algumas garrafas de vinho, apenas!
.
Lá no Paraná, a temperatura era de 35 graus negativos, mas a "guria" estava preparada: só de capotes eram 4, todos de lã grossa, mais cinco blusas, 3 calças, tudo isso para suportar o frio intenso; lutadora, estava totalmente preparada para a viagem! Agora o que ninguém, nem a cunhada, que já conhecia Salvador, avisou tem relação com a temperatura média da cidade, cerca de 35 graus, porém, diferente da cidade da nossa obstinada viajante, positivos! Coitada, logo que se viu em Salvador com tamanho calor, estando "equipada" com todos aqueles apetrechos para o frio de Curitiba, começou a "derreter", não se pode falar em má sorte, porém apenas um pequeno contratempo!
.
Na atual conjuntura, poderia-se perguntar, além de "derreter" na capital baiana, o que não é pouca coisa, o que mais poderia acontecer a essa "guria" paranaense? Lembrem-se do começo dessa "conversa", há coisas que só acontecem a determinadas pessoas ou clubes de futebol escolhidos a dedo pelo acaso! E não é que a nossa voluntariosa "turista" foi a escolhida! Em linguagem futebolística, diríamos que ela era a bola da vez! Pensem aí, alguém em sua primeira viagem a Salvador, à tarde, com um calor intenso, beirando os 37 graus, apenas com as roupas da viagem e que roupas! Porque, ironia do destino, suas malas, sem consulta prévia e com todos os seus pertences, seguiram viagem e só desembarcaram em São Luís do Maranhão! É verdade, só faltava naquela tarde fatídica de domingo, seu time, o clube Atlético Paranaense, perder em casa para o Goiás! Não faltava mais nada, ele não só perdeu, como foi goleado! Esqueçamos a lei de Murphy, pois nem tudo deu errado, as garrafas de vinho, por incrível que pareça, chegaram intactas ao seu destino! Rapaz, que fim de semana, ainda bem que Marie Isabelle não se chama Cris Nicolotti!

sábado, 9 de junho de 2007

Os "Socialismos" de Boaventura de Sousa Santos...

As "provocações" que vêm ocorrendo na América Latina constrangem, de certo modo, os protetores do "mundo livre"! As eleições de Evo Morales, Hugo Chávez e Rafael Correa, sob a égide da democracia, incomodam os reacionários e subservientes aos ditames de Washington, vontade teriam de chamá-los de ditadores! Some-se a isso os diversos golpes de estado a que fomos vítimas, entre os mais sintomáticos, se é que podemos mensurar, temos o de 1973, no Chile, que culminou com o assassinato de Allende e, mais recentemente, o de 2002, na Venezuela de Chávez! Estes golpes objetivavam uma política de alinhamento com os Estados Unidos, e, ao mesmo tempo, impedir a escolha de caminhos outros que não os definidos pelo "grande irmão do norte"! Já se disse, aqui e algures, que o que era bom para os EUA seria também para o Brasil e, por extensão, para todos "los hermanos" do lado de baixo do equador! Hugo Chávez ao assumir falou em Socialismo do século XXI, trazendo à tona uma discussão que o pós-modernismo pensou ter sepultado.
.
O sociólogo lusitano, Boaventura de Sousa Santos, autor de livros como Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade e, mais recentemente, A gramática do tempo: para uma nova cultura política, em artigo publicado na Folha de SP, faz uma análise da situação atual, ponderando sobre a necessidade de se pensar outras alternativas societárias; enfatiza que o capitalismo neoliberal não conseguiu equacionar os problemas que haviam quando da polaridade capitalismo x socialismo, porque, nos últimos 20 anos, as desigualdades não diminuíram, muito pelo contrário, os períodos de guerras foram maiores que os de paz, a fome se agravou, a violência se intensificou, e aquilo que o pós-modernismo reconfortante ou de celebração disse que havia chegado ao fim, a história, não passou de um grave e colossal equívoco! Por outro lado, o pós-modernismo inquietante ou de oposição anunciou entre as suas demandas a estruturação de uma nova epistemologia e uma nova sociabilidade; o autor em tela se alinha justamente com essa perspectiva!
.
"O que de mais significativo está acontecendo em nível mundial se realiza sem a intersecção das teorias dominantes e em contradição com elas", afirma o autor! Neste sentido, só reafirma sua convicção a partir do olhar pós-moderno que defende. Em seu Pela mão de Alice... afirmava que "todo socialismo era utópico ou não era socialismo", neste sentido, coloca no mesmo horizonte figuras como Robert Owen e Marx e Engels; o primeiro, queria humanizar o capitalismo com os seus falanstérios; os segundos, lutaram pela sua destruição! Sousa Santos em seu artigo discute a reinserção do socialismo na agenda política, mas enfatiza que este não deverá trazer a face do socialismo do século 20! Levanta algumas das características que este socialismo deverá ter no sentido de não cometer os mesmos erros. As proposições de Sousa Santos sinalizam nada mais que para um socialismo humanista, onde a convivência dos antípodas seja possível, um lugar onde a propriedade privada possa conviver com outros tipos de propriedade, onde não haja uma centralização estatal e que a transparência seja possível. Vemos muito do socialismo utópico nos argumentos do sociólogo lusitano, mas ele já afirmara que todo socialismo é utópico, portanto, não há incoerência em seu discurso. Na realidade, enxergamos nas ponderações de Sousa Santos uma aproximação com o discurso do autor dos falanstérios, contudo este fracassou por tentar humanizar as relações de exploração, Boaventura pressagia, seguindo sua perspectiva pós-moderna, que "não haverá, pois, socialismo, e sim socialismos do séc. 21. Terão em comum reconhecerem-se na definição de socialismo como democracia sem fim." Nem ruptura com a lógica do capital nem revolução, e sim a convivência hamoniosa entre a propriedade privada, a estatal e a coletiva, neste sentido, Boaventura de Sousa Santos e seus "socialismos", sem nenhum constrangimento, desaguam no mar de Thomas Morus, confirmando o que supostamente querem negar: a ordem capitalista...

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Quem são os Bandidos?...

Parece-nos que no Brasil só quem fica preso é pobre! Basta um breve levantamento no universo da população carcerária para ver materializada, perversamente, essa afirmação. Se fizermos uma pequena incursão no "submundo" veremos que há uma rebelião silenciosa, porque muitos dos "miseráveis" que cumprem pena, foram elevados à categoria de "chefes" e comandam, lá de dentro, o "crime organizado". Embora tenhamos dúvida se a nomenclatura "crime organizado" deva ser aplicada somente aos considerados "bandidos", já que os fatos recentes igualizam muitos dos considerados acima de qualquer suspeita, com os supostos criminosos! Não que estejamos defendendo as ações ilegais, porém não é possível, sem o risco de sermos parciais, dizer que Fernandinho Beira-Mar e Marcos (Marcola) Camacho são mais bandidos que o deputado distrital Pedro Passos ou os sobrinhos do governador do Maranhão, flagrados pela Operação Navalha!
.
Como resultado da Operação Navalha, a Justiça Federal expediu 48 mandados de prisão. Foram presas 46 pessoas, entre empresários, prefeitos, um deputado distrital, um ex-governador e um ex-deputado federal. Há uma sutil discriminação quando comparamos Beira-mar e Marcola com o parlamentar, o segundo goza de imunidade, portanto, dificilmente será submetido aos constrangimentos do cárcere por fazer parte dos que legislam em causa própria. Na realidade, o parlamentar é réu confesso, ele disse: "Eu aprovei R$ 3,9 milhões de emenda lá na Câmara, de emenda minha" (e isso foi colocado em cadeia nacional) cobrando seu pedaço no bolo da corrupção, ou melhor, a propina a que tinha direito! Imediatamente, seu advogado afirmou que não era propina, ele se referia a compra de cavalos! Não devemos rir com coisa séria, mas isso é uma piada. Ficou "preso" por um dia. Na realidade, a nau de corruptos já não se encontra sob o foco da lei, todos foram soltos!
.
Como pode o cidadão comum observar tudo isso e não se sentir impotente? Estes indivíduos deviam ser punidos. As grande cidades já apontam para o estado de bárbarie que nos encontramos, mas isso não é acidental, estamos sendo estimulados! Enquanto o indivíduo trabalha o mês inteiro para ganhar R$ 380,00 reais, o "consórcio Guatama" rouba milhões dos cofres públicos, manipulando os editais com a conivência dos agentes do Estado e nada acontece! Grita-se por justiça, mas a justiça só é justa com os desvalidos! A premissa nestes tempos dos Zuleidos, das Fátimas é a impunidade, é nos fazer de trouxa, aquilo que ouvimos do deputado não estava relacionado com propina, ele é um amante da equitação! Somos todos tolos e imbecis! O que está claro é que quem cumpre a lei está fadado a ir parar atrás das grades, porque o errado é que está certo! Estamos nos acostumando com esse tipo de coisa, a força do hábito nos torna cúmplices, pois sequer nos movimentamos, apenas perguntamos: qual será o sabor da pizza dessa vez? Temos um horizonte sombrio, estamos no fundo do poço e as cenas que vemos, diariamente, no Rio de Janeiro, só nos são mostradas porque o alvo é o cognominado "crime organizado" que vem perdendo de longe para o "crime institucionalizado", já que este, além de possuir privilégios, tem entre as suas hostes figuras acima de qualquer suspeita, o fato é que temos um Estado falido que escolhe cinicamente a quem punir, infelizmente a maioria ainda não percebeu; nós, os tolos, perguntamos: quem são os bandidos? Fernandinho Beira-Mar e Marcos(Marcola) Camacho se entreolham, eles sabem!

segunda-feira, 4 de junho de 2007

O congresso "midiático" brasileiro...

As grandes corporações midiáticas vêm, insistentemente, dando ênfase à não renovação da RCTV - Rádio Caracas Televisión - o canal 2 venezuelano. Como não poderia deixar de ser, o argumento está sempre pautado na questão da democracia e da liberdade de imprensa! A empresa de comunicação da Venezuela foi cerceada no seu direito de informar e de existir, essa é a discussão tautológica! Contudo em relação à sua trajetória, nem sempre democrática, não nos esqueçamos do golpe de 2002 em que houve participação da emissora, o silêncio se manifesta. Em nenhum momento se diz que um canal de TV é uma concessão do Estado e que essa concessão pode não ser renovada, não há nenhum crime se a renovação não acontecer, vai depender dos critérios das telecomunicações de cada país, aqui no caso, a Venezuela. Por exemplo, algumas emissoras de televisão brasileiras bem que poderiam não ter sua concessão renovada por não cumprirem os princípios mínimos que cerca o tema, já que cerca de 40% delas apresentam irregularidades! Silêncio!
.
Sabemos que, no Brasil, grande parte dos meios de comunicação está nas mãos de famílias e que muitas delas pertencem à classe política; é muito comum um deputado ou senador qualquer ter uma radio ou tv em uma cidadezinha qualquer, por menor que seja! Sabe-se que mais ou menos 30% dos membros atuais do senado são donos ou de uma família-que-é-dona de um meio de comunicação. Na realidade, essa relação torna-se promíscua porque sendo representante da sociedade, muitos desses políticos terminam legislando em causa própria, aí já ferindo o primeiro princípio da República: ser pública! Muitos parlamentares participam de comissões em que as deliberações das políticas de comunicação lhes beneficiam, já que são proprietários ou usando a linguagem técnica: possuem cotas! Só a título de exemplo, um terço dos senadores e mais de 10% dos deputados eleitos para o quadriênio 2007-2010 controlam rádios ou televisões. Entre os detentores diretos ou indiretos de concessões estão dois ex-presidentes, José Sarney (PMDB-AP) e Collor, e onze ex-governadores: Antonio Carlos Magalhães e César Borges (DEM-BA), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), Mão Santa (PMDB-PI), Garibaldi Alves (PMDB-RN), Jayme Campos (DEM-MT), Jorge Bornhausen (DEM-SC), José Maranhão (PMDB-PB), Edison Lobão e Roseana Sarney (PMDB-MA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). Silêncio!
.
Estranhamente, em uma das sessões do senado, vimos alguns oradores discursando sobre a saída do ar da RCTV - canal 2 - mostrando-se indignados com a atitude do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, por entenderem-na como uma afronta à liberdade de imprensa e um ataque à democracia. A ira era tamanha pela ação do mandatário venezuelano que, solidários com a RCTV, aprovaram um requerimento pedindo a Hugo Chávez que autorizasse a RCTV a voltar a funcionar! O curioso é que entre os indignados estava um político maranhense muito conhecido, político cuja história está muito entranhada em empresas de mídia, a propósito, o referido senador pertence ao grupo que, no Maranhão, cobre 80% da radiodifusão do Estado, por outro lado, a Constituição Federal, em seu Artigo 34, não permite a pessoas em cargos eletivos firmar qualquer tipo de contrato com entidades de direito público, o percentual apresentado choca-se com o que diz o artigo 34, não? O artifíco utilizado por esse velho político para tornar isso possível é uma questão que o senado federal poderia responder! Silêncio!
.
O presidente Hugo Chávez contra-atacou e chamou o congresso brasileiro de "papagaio que repete o que diz Washington"! E disse mais: "que era mais fácil os portugueses voltarem a colonizar o Brasil que ele revogar sua decisão em relação à RCTV!" Por estranha ironia, o senado arrogou-se o direito de pedir ao presidente que reavesse sua posição em relação à RCTV, mas chamar o congresso "midiático" de papagaio deixou os parlamentares consternados, magoados! O presidente do senado, Renan Calheiros, pediu respeito (sic) aos anos de vida da casa! O que vemos é o congresso brasileiro, cheio de donos de rádios e televisões, de novo legislar em causa própria ao defender, com o pedido, os grandes conglomerados de mídia e, ao mesmo tempo, se intrometer na legislação do país vizinho. Se é uma concessão, cabe ao Estado Venezuelano decidir se renova ou não, talvez se o congresso brasileiro não usasse dois pesos e duas medidas na questão das telecomunicações, muitas emissoras já teriam saído há muito do tempo do ar, mas, com o quadro apresentado, é muito mais negócio fazer tamanho alarido com o caso venezuelano tirando o foco de atenção da indecência que é a concessão da radiodifusão brasileira que alimenta uma política pública repressiva com conteúdo racista, especialmente contra crianças (consumismo) e mulheres (sexista), porém para essas questões, contraditoriamente, o congresso "midiático" brasileiro silencia...